quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Jogo dos ausentes



Análise de quarta - Goiás 4 x 1 Botafogo (19h30, Serra Dourada)

O bom momento no Campeonato Brasileiro e as opções que Joel Santana tem na parte ofensiva eram razões suficientes para que o Botafogo entrasse como favorito, mesmo com o Goiás jogando no Serra Dourada. Mas o torcedor alvinegro não contava com a possibilidade de que as ausências não seriam apenas no papel. A ausência permaneceu em campo, e prejudicou a oportunidade dos botafoguenses tentarem a vice-liderança no Campeonato Brasileiro nesta rodada.

O ala esquerdo Marcelo Cordeiro, os meias Somália e Marcelo Mattos e os atacantes Herrera e Jóbson eram os desfalques iniciais. Em seus lugares, Joel Santana improvisou o meia-atacante Edno na ala, e compôs o meio com Fahel, Lúcio Flávio e Renato Cajá. Maicosuel foi escalado para atuar mais adiantado, com a função de municiar Loco Abreu. Um esquema de contra-ataques, típico de outras partidas bem-sucedidas (em especial nas quais o Botafogo atuou como visitante).

Mas que a capital goiana comprovou que só funciona com bons jogadores em campo. Com o bisonho Fahel, o razoável Renato Cajá e o fraquíssimo Lúcio Flávio, o Botafogo se perdia no meio-de-campo. O improviso de Edno na ala deixou o lado esquerdo perdido, pois ele e Renato Cajá se atrapalhavam nas tentativas de ataque, e Maicosuel tinha de se aproximar do meio-de-campo. Quando a bola chegava à área esmeraldina, Loco Abreu já estava bem marcado.

Enquanto os botafoguenses se desdobravam para jogar por seus companheiros ausentes, o Goiás recebia na noite um ótimo presente: a confirmação de que o atacante Felipe vai continuar no clube até o final do Campeonato Brasileiro (depois de tentativa frustrada de transferência para o futebol europeu). Do pé dele veio um bom passe para Rafael Moura. Leandro Guerreiro cortou parcialmente, e Wellington Monteiro conseguiu chutar na sobra. A bola bateu em Fahel e enganou Jefferson. 1 a 0 Goiás, aos 15 minutos.

Com maior número de torcedores no Serra Dourada do que o Goiás (que sofre com o calvário de estar na zona de rebaixamento em um conturbado ano político dentro do clube), o Botafogo aumentou sua pressão, mas continuou caindo nos mesmos vícios do meio-de-campo. Em especial porque as jogadas incisivas de ataque se resumiam a bolas na área para o desvio de cabeça de Loco Abreu. A pressão era mesmo do time esmeraldino. Aos 31 minutos, Wellington Monteiro chutou de fora da área. Jefferson espalmou, a bola bateu na trave e sobrou para Rafael Moura marcar, de cabeça. Goiás 2 a 0.

O Botafogo pagava pelo preço de demorar a se ajeitar no meio-de-campo. Quando conseguiu certa melhora, achou seu gol, em arrancada de Edno que terminou com cruzamento na área para Loco Abreu. O uruguaio desviou, Harlei chegou a tocar na bola, mas ela acabou no fundo da rede. A dois minutos do fim do tempo regulamentar, o time alvinegro diminuía para 2 a 1 e levava motivação para o intervalo.

A motivação se materializava em quatro letras: Caio. O "talismã" de Joel Santana voltou para o intervalo, em lugar de Lúcio Flávio. O treinador trocava a cadência pela velocidade, e corrigia o erro de escalar Edno na ala. O técnico Jorginho armou a equipe defensivamente, apostando em Bernardo e Felipe nos contra-ataques, mas a bola pouco chegava aos dois.

O Botafogo pressionou até a metade da segunda etapa, e viu suas melhores chances (numa cabeçada de Loco Abreu e num chute de Alessandro) pararem nas mãos de Harlei. Mas o cansaço começou a dominar a equipe, e neste momento Joel Santana sentiu ainda mais as ausências de seus jogadores. No lugar dos inoperantes Fahel e Renato Cajá entraram o limitadíssimo Túlio Souza e o menino Bruno Thiago.

Com isto, a partida ficou mais morna, e o Goiás aos poucos foi iniciando jogadas ofensivas. Numa delas, Rafael Moura recebeu na frente de Jefferson, mas teve sua cabeça chutada por Alessandro dentro da área. Pênalti. O próprio Rafael Moura cobrou, e a bola bateu na trave antes de entrar. 3 a 1 Goiás, aos 36. Entregue, o time botafoguense ainda levou mais um gol aos 46 minutos, quando Felipe chutou, Jefferson defendeu, a bola tocou no travessão e sobrou para Bernardo marcar.

Apesar de ainda estar na zona de rebaixamento, o Goiás já dá sinais de recuperação sob o comando de Jorginho. São três resultados positivos consecutivos - além da goleada sobre o Botafogo, teve uma vitória por 3 a 1 sobre o Guarani no Serra Dourada e um empate em 0 a 0 com o Internacional no Beira-Rio - que fizeram o time deixar a última posição do Campeonato Brasileiro. O rótulo de lanterna do campeonato agora é do Grêmio Prudente, que perdeu por 2 a 1 para o Flamengo.

Após a frustração vir em grandes dimensões, resta ao Botafogo comprovar nas próximas partidas que tem elenco suficiente para se manter na zona de classificação da Taça Libertadores da América. Com boa parte de suas ausências motivadas por lesões, o time botafoguense ainda não sabe ao certo quando poderá remontar sua equipe titular novamente. Jogadores como Fahel, Túlio Souza e Lúcio Flávio precisam de uma vez por todas se mostrarem presentes no futebol alvinegro. Senão, até mesmo o credenciamento para a Libertadores de 2011 estará ausente de General Severiano.

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GOIÁS 4x1 BOTAFOGO

Local: Serra Dourada (Goiânia / GO).

Público: 12.480 pagantes.

Renda: R$ 161.797,50.

Árbitro: Francisco Carlos Nascimento (AL) / Assistentes: Carlos Berkenbrock (Fifa/SC) e Pedro Jorge Santos de Araújo (AL).

Gols: Wellington Monteiro aos 15, Rafael Moura aos 31 e Loco Abreu aos 43 minutos do primeiro tempo. Rafael Moura (de pênalti) aos 36 e Bernardo aos 46 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Júnior, Marcão (Goiás) e Fahel (Botafogo).

GOIÁS - Harlei, Walmir Lucas, Rafael Tolói e Marcão (Rithelly); Wendel Santos, Amaral (Carlos Alberto), Wellington Monteiro, Bernardo e Júnior (Douglas); Felipe e Rafael Moura. Técnico: Jorginho.

BOTAFOGO - Jefferson, Antônio Carlos, Leandro Guerreiro e Fábio Ferreira; Alessandro, Fahel (Túlio Souza), Lucio Flavio (Caio), Renato Cajá (Bruno Thiago) e Edno; Maicosuel e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana.

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