quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Parto nos gramados



Não é comum no futebol um atleta ser contratado com muitas expectativas e, depois de um tempo, ficar marcado por um péssimo período no clube que defendem. Mas, nesta temporada, alguns jogadores vêm passando por um problema ainda mais delicado aos olhos dos torcedores. A imprensa se acostumou a associar estes nomes à frase "ainda não é desta vez", "ausência" ou "desfalque", e a torcida mergulha numa espera por seus grandes destaques.

O caso que traz mais holofotes é o de Ronaldo. Desde o início do ano, o atacante parece ter restrito sua ação a ser o homem de marketing do Corínthians. Com toda a fama que ganhou na carreira, o jogador cada vez mais parece entregue ao fim de carreira. Chama atenção sua capacidade em ficar fora de forma rapidamente, o que atrapalha ainda mais seu retorno a campo depois de algumas contusões.



A canção do ausente do Fluminense tem um ritmo mais pesado. Fred, que vinha se recuperando de uma contusão, sentiu outra que vai deixá-lo por mais tempo longe dos gramados. Por conta deste episódio, o atacante decidiu criticar publicamente o médico do clube, Michel Simoni, que pediu demissão depois do incidente.

Desde que chegou ao tricolor, Fred vem passando por longos períodos de contusão, que não só atrapalham seu ritmo de jogo, mas também fazem com que sua responsabilidade fica ainda maior. Em 2009, ele chegou ao fim do Campeonato Brasileiro com a responsabilidade de fazer os gols da salvação da Série B. Com o Fluminense nos primeiros lugares da competição, a tarefa ficará mais difícil? Especialmente porque o centroavante Washington vem tendo desempenho convincente desde seu retorno às Laranjeiras.



Ao menos, Fluminense e Corínthians têm elencos de boa qualidade, capazes de amenizar a falta de algum jogador, por maior talento que ele possua. Mas este não é o caso do Vasco, que desde o ano passado não sabe compensar os períodos de ausência de Carlos Alberto. Sem ele, a equipe perde muito de sua criatividade, e as jogadas saem aos trancos e barrancos.

A campanha hesitante do Vasco no Campeonato Brasileiro (cercada de empates) se deve muito à falta de criação de jogadas ofensivas. Por mais que o técnico Paulo César Gusmão tenha ajustado a defesa vascaína, ele ainda não conseguiu achar um substituto com nível próximo a Carlos Alberto - em especial porque, devido às poucas opções que existem no ataque, Zé Roberto geralmente é escalado como segundo atacante. O número de vezes que esteve em campo não chega nem à metade das partidas vascaínas na temporada, mas ele faz bem mais do que muitos jogadores da equipe de São Januário.

Nesta espera digna de um parto, as dores são sentidas pelos técnicos e pelas torcidas de Corínthians, Fluminense e Vasco. E todas as equipes sabem que, além da incerteza da data de retorno, as equipes ainda têm o receio do "pós-parto": será que eles voltarão em boas condições físicas? A dor pode ser ainda maior nos cofres dos clubes.

Nenhum comentário: