domingo, 26 de setembro de 2010

Desespero em branco e preto



Análise de jogo - Atlético Mineiro 1 x 2 Grêmio (Arena do Jacaré, 18h30)

Apenas nove partidas com pontos conquistados em dois terços de campeonato. Uma derrota por 5 a 1 para o Fluminense, no Engenhão, no meio de semana. A demissão de Vanderlei Luxemburgo, treinador com a comissão técnica mais cara do país, e sinônimo de esquadrões vitoriosos outrora. Ao redor, um elenco de jogadores de destaque, dignos de formar uma boa equipe, que vai se desfazendo em atuações cada vez mais frustrantes. Foram muitos os adversários que o Atlético Mineiro teve de enfrentar na Arena do Jacaré. E, além de todos eles, ainda havia o Grêmio, em situação menos delicada na classificação, mas também penando com uma campanha bem abaixo do esperado, a ponto de ver a zona de rebaixamento não muito longe.

E talvez o receio de voltar àquela situação tenha sido decisivo para o time gremista, que desde o primeiro minuto mostrou uma vontade de jogar bem maior do que os apáticos atleticanos. Do time mineiro, apenas se manifestava o goleiro Renan Ribeiro - garoto de 20 anos que o técnico estreante, Dorival Júnior, promoveu a titular. Ele realizou uma grande defesa para chute de André Lima. Em vão. No rebote, Jonas correu mais do que os adversários e colocou a bola no fundo da rede. 1 a 0 Grêmio, aos dois minutos.

A desvantagem no placar deixou o Atlético ainda mais abatido, e a equipe assistiu passivamente quando Gabriel desceu pela direita e, depois de tabelar com Douglas, chutou a bola no fundo da rede de Renan Ribeiro. Grêmio 2 a 0, em 15 minutos de partida. Os mineiros seguiam atônitos, entregues à má situação no Campeonato Brasileiro, e davam mais espaços para o tricolor gaúcho atacar. Era a mesmice, daquelas que nem mesmo uma mudança de treinador parece capaz de solucionar. Só que Dorival Júnior conseguiu amenizar em uma mudança. Em vez de persistir na escalação do inconstante Fábio Costa debaixo das traves, a oportunidade dada a Renan Ribeiro foi bem oportuna. Graças ao novo goleiro, chutes de André Lima e de Jonas não aumentaram a vantagem gremista na partida.

Aos poucos, os jogadores gaúchos se deixaram levar pela impaciência com as chances perdidas, e o Grêmio foi relaxando em sua marcação. As trocas de passes atleticanas começaram a acontecer, principalmente em jogadas iniciadas por Daniel Carvalho. E do pé dele veio a confirmação da reação do Atlético Mineiro. Após passar por três adversários, Daniel deu um belo chute. Victor espalmou, mas no rebote Diego Tardelli desviou, de cabeça, para o fundo da rede.

Com o placar em 2 a 1 aos 25 minutos, a equipe de Minas Gerais voltava a estar no jogo. O desespero parecia prestes a acrescentar a cor azul ao preto e branco da noite - desta vez nas cores do tricolor gaúcho. Mas duas fatalidades atrapalharam o Atlético Mineiro. A primeira foi uma contusão no ombro de Daniel Carvalho. O jogador ainda permaneceria em campo, mas seu rendimento piorou bastante no resto da partida. Menos sorte teve Diego Tardelli, que precisou ser substituído por Neto Berola antes do intervalo.

Na volta para o segundo tempo, o Grêmio sentiu a consequência de não ter matado a partida nas duas chances que teve. Com Adilson e Douglas sem muita inspiração ofensiva, o time se limitava a marcar os atleticanos, e dava espaços para que o adversário avançasse.

O desespero oscilava entre o alvinegro e o tricolor em poucos instantes. Em um chute perigoso de Daniel Carvalho e duas conclusões de Neto Berola, o goleiro Victor se desdobrou para evitar que a história se repetisse com o Grêmio - na rodada anterior, os gremistas venciam o Flamengo no Olímpico, mas permitiram o empate em 2 a 2 a cinco minutos do final.

Se as oportunidades encaminhavam o jogo da Arena do Jacaré a um equilíbrio, as alterações trataram de fazer com que a partida desempatasse, através dos elencos de cada clube. Do lado do Atlético, Ricardinho deu lugar a um esforçado Eron e o limitado Rafael Cruz foi substituído pelo fraquíssimo Diego Macedo. No Grêmio, Renato Gaúcho manteve o nível da equipe, nas saídas de Fernando, Adilson e André Lima para as entradas de Roberson, Neuton e Maylson, respectivamente.

Com as alterações, o Grêmio voltou a dominar o jogo, e por pouco não marcou mais uma vez no finzinho - Maylson chutou e a bola parou na trave de Renan Ribeiro. Ao final da partida, Renato Gaúcho respirou aliviado, porque no fim das contas não foi preciso muito para sua equipe sacramentar a vitória por 2 a 1 - que deixa o tricolor do Rio Grande do Sul com 33 pontos, na décima colocação e a sete pontos do Z-4. Pelo menos por algumas rodadas, o fantasma da Série B não assombrará o Olímpico.

Em assombro prossegue o Atlético Mineiro, cada vez mais mergulhado numa depressão pelos resultados que não aparecem - são 16 derrotas em 25 jogos no Campeonato Brasileiro. A equipe está na penúltima colocação, a sete pontos da salvação da degola para 2011. Cabe a Dorival Júnior (que em 2009 conseguiu levar o Vasco de volta à Série A do Brasileirão) impedir que o desespero em branco e preto se transforme em mais um momento de luto para a torcida atleticana - que, em 2005, viu seu clube de coração cair para a Segunda Divisão do ano seguinte.

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ATLÉTICO MINEIRO 1 x 2 GRÊMIO

Estádio: Arena do Jacaré (Sete Lagoas / MG).

Público: 12.262 / Renda: R$ 57.790,00

Árbitro: Arilson Bispo da Anunciação (BA) / Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho e Luiz Carlos Silva Teixeira (BA).

Gols: Jonas, aos dois, Gabriel aos 15 e Diego Tardelli aos 25 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Gabriel , Fábio Santos, Neuton, Rafael Marques, Fernando (Grêmio) e Serginho (Atlético Mineiro)

ATLÉTICO MINEIRO - Renan Ribeiro, Rafael Cruz (Diego Macedo 7'/2ºT) Réver, Werley e Leandro; Zé Luis, Serginho, Ricardinho (Eron 21'/2ºT) e Daniel Carvalho; Diego Tardelli (Neto Berola 43/'1ºT) e Obina - Técnico: Dorival Júnior.

GRÊMIO - Victor, Gabriel, Vilson, Rafael Marques e Fábio Santos; Fábio Rochemback, Adilson (Neuton 14'/2ºT), Fernando (Róberson 32'/2ºT) e Douglas; Jonas e André Lima (Maylson 14'/2ºT). Técnico: Renato Gaúcho.

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RESULTADOS - RODADA 25

Sábado

18h30

Atlético Goianiense 3 x 0 Grêmio Prudente (Serra Dourada)
Santos 4 x 1 Cruzeiro (Arena Barueri)
Guarani 1 x 0 Vasco (Brinco de Ouro da Princesa)
Flamengo 1 x 3 Palmeiras (Engenhão)
São Paulo 0 x 3 Goiás (Morumbi)

Domingo

16h

Vitória da Bahia 1 x 2 Fluminense (Barradão)
Botafogo 1 x 1 Atlético Paranaense (Engenhão)
Internacional 3 x 2 Corínthians (Beira-Rio)

18h30

Atlético Mineiro 1 x 2 Grêmio (Arena do Jacaré)
Avaí 5 x 0 Ceará (Ressacada)

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O tempo e o placar... elege o que houve de melhor e de pior na rodada do Brasileirão.

O CHUTAÇO

Mais uma vez, D'ALESSANDRO se tornou o grande nome da rodada, ao reger com maestria a vitória do Internacional por 3 a 2 sobre o Corínthians. Passes decisivos para os gols de Tinga e de Alecsandro, e uma sequência de jogadas de encher os olhos da torcida colorada. Seu único porém é não poder fazer parte da Seleção Brasileira.

A FURADA

O CEARÁ segue em queda livre no Campeonato Brasileiro, comprovando que as sete primeiras rodadas foram apenas um sonho. A última vertente que sustentava a qualidade do Vovô caiu por terra no gramado da Ressacada, ao levar cinco gols do Avaí, time que não vencia há 41 dias.

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