terça-feira, 7 de setembro de 2010

Agressão ao futebol



Depois da participação frustrante no Campeonato Brasileiro de 2009, o Atlético Mineiro tomou algumas medidas típicas de quem sonha ganhar tudo o que disputar no ano seguinte. Contratou um técnico de vasto currículo - Vanderlei Luxemburgo - e investiu pesado tanto na manutenção de jogadores bem-sucedidos, como Ricardinho e Diego Tardelli, quanto na contratação de atletas considerados de alto nível no futebol brasileiro (casos de Fábio Costa, Réver, Mendez, Daniel Carvalho e, em especial, de Diego Souza).

Mas agora o time atleticano sofre os ônus desta vontade de montar um esquadrão. Após um primeiro turno de Campeonato Brasileiro desastroso, no qual terminou na zona de rebaixamento, a diretoria do Atlético demonstrou que não sabe lidar nem mesmo com uma equipe de grande porte. Em meio ao desespero da situação, o presidente Alexandre Kalil deu a seguinte declaração:

“Acho que os jogadores têm que se cuidar sim. O Atlético não é brinquedo. E se tomarem um cacete na madrugada não vai fazer mal nenhum”.



Primeiramente, um presidente não deve se posicionar de maneira tão incisiva em relação a atletas publicamente. Isto só aumenta a dimensão de uma crise, e torna o clima no clube ainda mais pesado. Em especial quando é cercado de estrelas, pois a disputa de egos fica insustentável ,com a vontade de um deles se sagrar como o herói que livrou o time do pior.



Ao jogar sua raiva para a torcida, Kalil esqueceu-se de que a paixão do torcedor não só faz com que ele tome as dores do que acontece ao seu clube de coração, como também leve ao pé da letra as declarações da diretoria. Com um representante falando em tom agressivo, cogitando até que não faria mal "tomar um cacete", alguns mais exaltados podem chegar às vias de fato, achando que esta será a única solução para que o time se acerte em campo.

Num cenário no qual há tantas campanhas para evitar que a violência continue no futebol, é inadmissível que um presidente de clube acredite que este caminho vá mesmo acertar o Atlético. A experiência de Alexandre Kalil à frente do clube mineiro sabe que até mesmo uma equipe recheada de estrelas também pode não funcionar.

O Atlético Mineiro tem um segundo turno inteiro para melhorar sua campanha. Mas aprendendo com seus erros do primeiro turno. Porque as palavras inconvenientes de Alexandre Kalil não só ferem os jogadores atleticanos. Elas agridem o futebol, mais uma vez jogado a táticas tortuosas de torcedores passionais elevados a dirigentes.

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