domingo, 7 de março de 2010

Pá de cal



Desde o final da década de 1990 os campeonatos estaduais vêm se esvaziando por todos os cantos do país. Com o Campeonato Brasileiro agora nos moldes do calendário europeu (em dois turnos, todos os 20 clubes jogando entre si), a questão fica mais alarmante ainda: o inchaço das competições fica inversamente proporcional à qualidade das partidas e de público ano após ano.

Sim, muitas agremiações precisam disputar as competições estaduais, pois diante dos clubes de maior expressão podem conseguir alguma renda que valha para o restante de ano sem emprego. A rivalidade dentro do estado tem seu charme entre os times grandes. É a chance de equipes pequenas terem seus momentos de glória - assim como alguns jogadores podem ter seu destaque por quatro meses (os campeonatos geralmente duram entre janeiro e maio).

No entanto, o amadorismo é que parece soberano a cada temporada. Os horários ficam cada vez mais esdrúxulos - nos meios de semana, as partidas ocorrem ou às sete e meia (cedo para quem sai do trabalho) ou perto das dez da noite (corre o risco da partida ter fim somente na madrugada do outro dia). Os preços aumentam, e afugentam o torcedor que não acha tão relevante acompanhar uma partida que tem final mais previsível - e futebol mais previsível, às vezes previsivelmente fraco. E, com as transmissões na televisão aberta ou paga, fica mais cômodo de assistir aos jogos.

Na rodada de meio de semana do Campeonato Carioca, Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo juntos levaram seis mil pagantes (os dois últimos fizeram jogo em rodada dupla no Engenhão). Em São Paulo, o Palmeiras levou três mil torcedores na derrota para o Santo André, e o Santos, em Jundiaí diante do Paulista, teve oito mil espectadores. Afinal, para que acompanhar a fase classificatória se há garantia de que as equipes vão se sobressair na disputa pelo título?

Pelo visto, não adianta tomar mais nenhuma medida capaz de ressuscitar os campeonatos estaduais. A única solução viável que as federações parecem oferecer a torcidas e clubes é entregar a pá de cal para sepultar de uma vez a organização destes torneios.

2 comentários:

O autor disse...

O problema dos Estaduais hoje em dia é político-administrativo. Todos são mal feitos, inclusive o Paulista. Cada qual, com o seu defeito.

Todos eles precisam de reformulações imediatas. O Carioca, por exemplo, tem muitos times, está inchado, desnecessariamente. O Paranaense tem um grande defeito chamado supermando. O Paulista demora muito. O Gaucho...

Abraços do http://diarioesportivogolaco.blogspot.com

Leonardo Valejo disse...

Falou tudo e um pouco mais Vinícius. Realmente os estaduais só começam a ficar interessante no final.

Abraço