quarta-feira, 24 de março de 2010

O dono da bola



Outrora badalado exemplo de organização como clube de futebol, o Palmeiras vive agora um momento de deterioração de sua estrutura. Não bastava o presidente Luiz Gonzaga Beluzzo dar (desde meados do anos passado) demonstrações de fanatismo e de absoluta falta de profissionalismo. As rusgas foram para as quatro linhas do alviverde, justamente pelas mãos de quem demonstrava liderança e serenidade em qualquer situação.

Nesta semana, o goleiro Marcos decidiu abandonar o treino do Palmeiras depois de se irritar com os companheiros e, aos berros, reclamar do desempenho de toda a equipe. Uma atenção chamada de maneira mais exaltada pode até ser considerada natural. Mas não na situação delicada do Palmeiras neste Campeonato Paulista e, muito menos, com a repreensão vindo de quem apaziguou os ânimos em vários momentos de crise.

É bem verdade que o Palmeiras teve um final de 2009 melancólico. Também é correto afirmar que o início de 2010 não foi muito animador - e ainda foi conturbado, pois incluiu a troca do técnico Muricy Ramalho pela aposta no treinador Antônio Carloz Zago. Entretanto, episódios de explosão como o de Marcos somente vão tornar o cotidiano palmeirense ainda mais insuportável.

A sensação que o goleiro traz é de que, do alto de seus 36 anos (18 deles dedicados ao Palmeiras), começou a se achar no direito de protestar contra tudo e contra todos que atrapalhem a trajetória da equipe paulista. Feito um moleque que, por ser dono da bola, tem o poder de decidir quem serão seus companheiros numa pelada e de ameaçar abandonar o campo quando se sente contrariado por algum colega ou adversário.

O momento atual do Palmeiras não é para decidir quem é o dono do time. E Marcos precisa se esforçar em manter suas boas defesas e seu espírito de liderança em alta, para que o fim de 2010 não seja ainda pior do que o Campeonato Brasileiro que passou.

Nenhum comentário: