domingo, 21 de março de 2010

Prazo de validade vencido



A cada atuação do Vasco no Campeonato Estadual, Vágner Mancini demonstra que o time pouco a pouco vai escapando de suas mãos. Jogadores perdidos em campo, invencionices táticas e sobrecarregar um ou outro atleta são características típicas de um técnico que vem aceitando passivamente a pressão emocional que os vascaínos fazem desde a perda da Taça Guanabara.

Com o retorno à Primeira Divisão do futebol brasileiro, o Vasco chegou a 2010 com uma equipe completamente reformulada - praticamente um time inteiro de jogadores foi contratado. Entretanto, Mancini tende sempre a escalar jogadores que estiveram no clube na temporada passada - casos do zagueiro Gian e do volante Paulinho - e não possuem um futebol digno de clube grande. Bons atletas, como o zagueiro Thiago Martinelli, o volante Léo Gago (destaque no ano passado pelo Avaí) e o meia argentino Matías Palermo ficam relegados ao esquecimento. Em algumas vezes que os dois primeiros atuaram pelo Vasco, foram escalados fora de suas posições de origem.

Outro jogador foi muito sacrificado pelos deslizes de Vágner Mancini: o atacante Dodô. Aos 35 anos, voltando de dois anos afastado do futebol, Dodô se viu jogando isolado no ataque, tendo de disputar a bola com zagueiros mais jovens e com forma física bem melhor do que a dele. Escalar Philipe Coutinho no ataque não funciona tanto, afinal, o menino invariavelmente atua fora da área, como meio-de-campo que ele é.

O mais recente esquema do Vasco deixou a equipe com três zagueiros. Uma tática que dá maior confiança, mas quando os zagueiros têm bom nível técnico. Com Gustavo distribuindo pontapés, Fernando e Gian demonstrando muita lentidão e a "salvação da lavoura" sendo o botinudo Titi, não dá para confiar tanto assim. Em especial se as alas ficam falham com as atuações pífias de Élder Granja e a insegurança de Márcio Careca.

Na derrota por 1 a 0 para o Olaria ontem em Volta Redonda, Mancini deu atestado de insegurança como treinador. Primeiro, ao escalar somente Rafael Coelho isolado no ataque - esquema com um atacante contra time de menor tradição cheira até a covardia. E logo aos 29 minutos de jogo, quando trocou o zagueiro Gustavo pelo meia Souza. Quando um técnico substitui um jogador ainda no primeiro tempo sem que haja um motivo forte, como contusão, e altera o esquema tático inicial, é porque tem alguma coisa errada.

Muitos cronistas esportivos falam - e com razão - que o Vasco ainda está na "linha de montagem" e em processo de formação, devido às várias contratações que fez para a temporada. Mas a Taça Rio já demonstra que o trabalho de Vágner Mancini está com prazo de validade vencido.

BOLA PRO MATO

A derrota por 2 a 0 para a Ponte Preta comprovou que a vitória por 4 a 3 sobre o Santos não foi suficiente para acabar com o futebol hesitante do Palmeiras. Pior do que isto é ver um grande goleiro como o Marcos dar entrevista vibrando com o pênalti que defendeu durante o jogo. Em época de jogadores em derrota distribuirem declarações democráticas como "a culpa é do time inteiro", ver um líder puxando para si seu feito na partida (sem tirar o mérito de Marcos) dá sinais de que há desunião no Palestra Itália.

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