quinta-feira, 18 de março de 2010

Achaques do amadorismo



Uma derrota em Santiago diante do Universidad de Chile não era um resultado tão impossível. Afinal, trata-se de um time mais forte do que o venezuelano Caracas e o chileno Universidad Católica. Só que o placar negativo de 2 a 1 diante de "La U" revelou que os fatores extracampo podem, sim, fazer a diferença para o time do Flamengo.

O resultado não chega a ser catastrófico para o rubro-negro, que ainda está na segunda colocação de seu grupo na Taça Libertadores do América. Mas já revela alguns riscos de um time que pode perder para ele mesmo.

Ontem, Bruno comprovou porque não recebeu uma chance na Seleção Brasileira ainda. Mais uma vez, o goleiro mostrou ter instabilidade em suas atuações. Três dias depois de fechar o gol no clássico diante do Vasco (tanto com a bola rolando quanto ao defender dois pênaltis cobrados pelo atacante Dodô), o camisa 1 foi decisivo ao falhar nos dois gols do Universidad de Chile.

Após muito confete da crônica esportiva, a zaga formada por Álvaro e Fabrício vem batendo cabeça há algumas partidas. Na esquerda, Juan é uma peça nula tanto na defesa quanto no ataque. E o melhor deste setor defensivo, o lateral-direita Léo Moura, saiu machucado ontem e tende a desfalcar a equipe nos próximos jogos.

No meio-de-campo, Andrade vem compromentendo o poder ofensivo rubro-negro. A tendência de botar três volantes não parece ser apenas uma opção tática. A insistência em não escalar Petkovic desde o início cheira a implicância ou, até mesmo, a ter de acatar ordens superiores. Só isto justifica que o treinador prefira improvisar o lateral Rodrigo Alvim no meio. O sérvio acabada relegado a entrar somente quando o jogo está difícil e a equipe já parece entregue ao desespero.

A partida de ontem mostrou o efeito dos "panos quentes" colocados por Andrade e pelos jogadores. É tanta tentativa de suavizar o clima na Gávea que a dupla de ataque Adriano e Vágner Love (cercados de problemas extracampo) também optou por suavizar o próprio futebol. De um lado, Love parece sem fôlego desde o primeiro minuto de jogo. Do outro, Adriano a cada partida parece ter menor mobilidade, e acaba apostando em trombadas para tentar ganhar alguma jogada da zaga adversária. Isto quando vê a cor da bola.

Se a perda de uma partida internacional não for suficiente para apontar que algumas coisas devem ser mudadas no rubro-negro, só vai mostrar que a nova presidência do Flamengo caiu no mesmo erro das diretorias anteriores. E, mesmo com o título brasileiro de 2009, o clube continua a ter mentalidade de equipe regional, com todos os achaques do amadorismo.

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