A ironia de Vanderlei Luxemburgo direcionada ao presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Beluzzo, certamente ecoou pela arquibancada do Palestra Itália. Logo após o anúncio da demissão de Muricy Ramalho, o atual técnico do Atlético Mineiro disse que o presidente palmeirense "entende muito de futebol, enquanto eu e Muricy não entendemos nada". E a falta de senso mergulhou o alviverde paulista na crise deste início de ano.
Sempre designam o futebol carioca como "amador" em suas gestões. No entanto, os dirigentes dos grandes clubes paulistas vêm demonstrando alguns lampejos de amadorismo perigosos. Um amadorismo camuflado pela aparente credibilidade do futebol de São Paulo e pela dimensão dos nomes envolvidos nestas tramoias.
A maneira como a diretoria palmeirense agiu desde que cogitou a contratação de Muricy Ramalho foi uma iminência ao fracasso. O técnico acabara de ser demitido do arquirrival São Paulo (com três anos e meio bem sucedidos) e era um nome muito bom e muito caro para ficar de fora do mercado de treinadores do país. O Palmeiras exibiu seus cofres e logo o fez prosseguir no estado de São Paulo.
No entanto, o Palmeiras não vinha de uma campanha desastrosa no Campeonato Brasileiro - tanto que a demissão de Vanderlei Luxemburgo ocorreu por causa de rixas com Beluzzo - e os jogos bem-sucedidos continuavam com o auxiliar promovido a interino. Por que não apostar um pouco mais no trabalho de Jorginho?
Em vez disto, a diretoria palmeirense resolveu investir no passado recente de Muricy Ramalho para ter um "presente" vencedor - e os palmeirenses se gabariam de ter fundos para gastar 400 mil reais por mês. O final de 2009 todos conhecem: o líder de muitas rodadas caiu vertiginosamente, a ponto de não conseguir se classificar para a Taça Libertadores de América. E, como ironia do destino, viu ser campeão brasileiro o Flamengo, time que efetivara o auxiliar a treinador (opção que os paulistas poderiam seguir devido à boa campanha do interino Jorginho no intervalo entre Luxemburgo e Muricy).
Após uma campanha com 13 vitórias, 11 empates e 10 derrotas, Muricy Ramalho deixou o comando do Palmeiras para dar lugar a um treinador com pouca experiência: Antônio Carlos Zago. Mesmo trajeto que o São Paulo fez quando demitiu Muricy e se arriscou ao contratar Ricardo Gomes.
Nem mesmo com os são-paulinos também se atrapalhando no Brasileiro do ano passado e no Paulistão de 2010, a diretoria palmeirense decide aprender a lição. Talvez seja melhor pagar com derrotas e humilhações (como a derrota por 4 a 1 em casa para o São Caetano). Mesmo com o entra-e-sai de técnicos, Luiz Gonzaga Beluzzo tende mesmo a querer comandar o Palmeiras com uma soberba bem amadora.
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