domingo, 30 de janeiro de 2011
A gangorra do San-São
O primeiro San-São de 2011 trouxe as duas equipes paulistas em papéis trocados em relação ao Paulistão do ano passado. Em 2010, o São Paulo se preparava para a disputa da Taça Libertadores da América, enquanto o Santos se esmerava para tentar os títulos do Estadual e da Copa do Brasil. Hoje, os santistas estão na expectativa pelo início da competição sul-americana, e o São Paulo tenta melhorar sua autoestima com as conquistas do Campeonato Paulista (que não vence desde 2005) e do inédito título da Copa do Brasil. Mas a partida da Arena Barueri mostrou outras inversões de valores.
Se Adilson Batista era designado pejorativamente como “Professor Pardal” por fazer escalações e substituições mirabolantes nos times que treinou, em seu primeiro clássico pelo Santos ele ajustou a equipe para neutralizar desde o meio-de-campo as opções ofensivas do adversário – afinal, os erros da zaga limitada (formada por Durval e Edu Dracena) custaram os três pontos no empate em 3 a 3 com o São Caetano na Vila Belmiro. O “Professor Pardal” do San-São foi Paulo César Carpegiani, que no primeiro tempo “inventou” Fernandão jogando como quarto homem do meio-de-campo e deixou o veloz Dagoberto na estática função de centroavante. A consequência foi o Santos dominar boa parte do primeiro tempo – tanto pelo erro tático de Carpegiani quanto pela superioridade física em relação ao “pesadão” São Paulo – e, aos 10 minutos, Robson cruzar para a área e Elano, entre os zagueiros, desviar de cabeça para a rede.
No segundo tempo, Carpegiani tentou corrigir seu erro, abandonando o esquema de três volantes ao tirar Zé Vítor e colocar o meia Marlos. Beneficiado pelo recuo excessivo (e perigoso) do Santos, o São Paulo cresceu na partida, pressionou, ficou em cima, só que não conseguiu finalizar. Quem finalizou foi Maikon Leite, após novo erro da zaga são-paulina, que ficou desatenta e permitiu que o atacante ficasse frente a frente com o goleiro Rogério Ceni para fazer 2 a 0 aos 28 minutos. Em resposta à vontade e à persistência são-paulina, os santistas apresentaram sua eficácia e o poder de fogo de seu bom elenco. Bom elenco, uma característica típica do São Paulo de outros anos, mas que o Morumbi está demorando para apresentar em 2011.
O San-São da Arena Barueri comprovou também a disparidade do efeito da ausência do “camisa 10″ de cada equipe. Num Santos que vem se armando bem para o ano da busca pela Libertadores, o retorno de Paulo Henrique Ganso traz a expectativa da presença de um jogador habilidoso, para colocar o talento lado a lado com a eficiência mostrada até agora no Paulistão (é líder, ao lado do Palmeiras, com quatro vitórias e um empate). A estreia de Rivaldo – prevista para quinta-feira, contra o Linense – ganha ares de urgência no São Paulo, que não consegue organizar boas jogadas no meio-de-campo e fica à mercê de bolas alçadas na área ou de lançamentos para a corrida de Fernandinho e Dagoberto. Do jeito que o time do Morumbi está atuando, por mais que “dê um chocolate na partida” (como declarou Rogério Ceni após o jogo), se o São Paulo não tiver uma referência de criatividade na equipe vai ficar difícil acertar a receita de levar o clube de volta às grandes competições internacionais.
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