domingo, 18 de abril de 2010

Os anti-heróis do Rio



BOTAFOGO, CAMPEÃO ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO DE 2010

Por três decisões consecutivas de Campeonato Carioca, o desfecho teve os mesmos ingredientes que levaram a um vencedor: o Flamengo. Mas no dia 18 de abril de 2010, a graça do futebol resolveu brincar com pormenores dos triunfos flamenguistas de 2007, 2008 e 2009, e transformou a decisão da Taça Rio na última partida do Estadual. E deu a conquista ao Botafogo, com uma vitória por 2 a 1 - gols de Herrera e Loco Abreu, com Vágner Love fazendo o gol rubro-negro.

O esquema tático foi a primeira mudança em relação aos três anos anteriores. Em vez do jogo aberto, Andrade e Joel Santana colocaram suas equipes de maneira defensiva. Mas Joel foi um pouco mais feliz em sua escalação, por colocar um ranço de criatividade botafoguense nos pés de Renato Cajá, enquanto Andrade seguiu no mesmo esquema covarde de colocar volantes e sobrecarregar um lateral improvisado no meio-de-campo.

Os alvinegros tinham mais volume de jogo, enquanto o Flamengo se acuava e deixava muito isolados os atacantes Adriano e Vágner Love. Os dois se tornavam presas fáceis da zaga do Botafogo - em especial o primeiro, que, voltando depois de semanas sem entrar em campo, tinha muita dificuldade de se movimentar.

E a história de Flamengo e Botafogo começou a ser escrita graças à artimanha botafoguense deste ano: a bola parada. Aos 23 minutos, Renato Cajá cobrou escanteio e Ronaldo Angelim segurou Fábio Ferreira dentro da área. Pênalti. Era o primeiro pormenor que entrava em campo com fantasmas das outras decisões. No tricampeonato flamenguista, dois títulos (2007 e 2009) vieram nos pênaltis - e em ambas, o goleiro Bruno saiu de campo consagrado como "pegador de pênaltis".

Herrera cobrou no meio do gol, e a bola foi para o fundo da rede rubro-negra. Foi preciso o Botafogo fazer o gol para Andrade tentar corrigir seu erro de escalação: no minuto seguinte, o volante Toró saiu para a entrada do meia-atacante Vinícius Pacheco. Era o treinador passando atestado de seu erro.

A mudança logo fez efeito, e Pacheco foi uma grande opção de ataque. Se antes a marcação alvinegra neutralizava o único homem de ligação com o ataque - Michael - agora o time partia para a frente com mais liberdade. E desta liberdade veio o gol de empate flamenguista. A alguns segundos do final do tempo regulamentar, Michael foi até a linha de fundo e cruzou para a área. Adriano desviou de cabeça, David tentou, o goleiro Jefferson defendeu, mas na sobra, Vágner Love empurrou para a rede. Era a chance de repetir outro resultado constante nos últimos confrontos entre Flamengo e Botafogo: o empate.

As duas equipes voltaram para o segundo tempo com o mesmo ímpeto, e cada equipe usando a estratégia que tinha sido mais eficiente durante o Campeonato Estadual. O Flamengo apostava nas jogadas de velocidade de Michael e Vinícius Pacheco, mas falhavam nos passes finais para Vágner Love e Adriano. O Botafogo tentava as jogadas aéreas, mas os cruzamentos não estavam muito inspirados e a bola não chegava a Herrera e Loco Abreu.

Mas aos 27 minutos, a bola parada funcionou de novo do lado botafoguense. Numa cobrança de falta, Herrera foi puxado por Maldonado dentro da área. Mais um pênalti marcado. E o volante, destaque do setor defensivo flamenguista no título brasileiro de 2009 e apelidado de "O homem invisível" (por ser eficiente na marcação), apareceu negativamente. O jogador tomou seu segundo cartão amarelo, e deixou o Flamengo com um a menos.



Na cobrança, mais uma vez a história de decisões entre e Botafogo e Flamengo se inverteu. Bruno pegou a cobrança de Loco Abreu. Mas no fundo da rede. O uruguaio cobrou com categoria e a bola caprichosamente bateu no travessão antes de ultrapassar a linha.

O Flamengo partiu definitivamente para o ataque, mas se ressentia do cansaço de todos os jogadores da frente - inclusive de Vinícius Pacheco que, mesmo tendo entrado em campo no decorrer do jogo batalhou bem mais do que muitos que estavam no jogo desde o início. Os erros rubro-negros geravam contra-ataques perigosos, e num deles, Loco Abreu dividiu a jogada com Bruno e a bola sobrou para Caio que, sem goleiro, chutou por cima do travessão.

O Botafogo se defendia como podia. E até como não podia. Num cruzamento na área aos 35, Fahel impediu Ronaldo Angelim de subir para cabecear. Terceiro pênalti marcado na decisão da Taça Rio (para completar, Herrera foi expulso por reclamação). E o primeiro do lado rubro-negro - time que, nas duas decisões em que ganhou nos pênaltis, não desperdiçou nenhuma cobrança. Encarregado da cobrança, estava Adriano, que jamais errara um pênalti em sua carreira. E agora tinha chance de levar o jogo para 2 a 2 - placar de ambos os jogos decisivos do Campeonato Estadual do ano anterior e placar corriqueiro neste clássico. O camisa 10 partiu para chutar e bateu no canto, mas o goleiro Jefferson espalmou o chute para escanteio.

Se Andrade tentou corrigir a falha na escalação logo no início quando colocou Vinícius Pacheco em campo, ele demorou demais para tentar colocar o Flamengo na fase de "tudo ou nada" da decisão. Somente a cinco minutos do fim é que entraram jogadores de mais qualidade de bola, como Fierro e Petkovic. Nesta altura, contrastava o desespero rubro-negro com a serenidade do goleiro Jefferson, um soberano nos últimos minutos da Taça Rio.

Minutos que se tornaram os derradeiros do Campeonato Carioca. Como vencera também o primeiro turno, o Botafogo se tornou o vencedor do Campeonato Estadual de 2010. Vitória justa, do time grande que mais enfrentou dificuldades desde o início (falta de credibilidade de torcida, instabilidade interna que culminou na demissão de Estevam Soares, uma derrota por 6 a 0 para o Vasco...) e soube passar por elas sempre dentro de campo. O título alvinegro também confirma o excelente trabalho de Joel Santana, responsável direto pela mudança de postura do Botafogo e que chega ao seu oitavo título estadual como técnico.

5 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez a justiça foi feita no campeonato mais charmoso do Brasil, vejo com bons olhos esse time botafoguense. Assim que Joel adentrou ao Caio Martins, foi 'taxado' como o salvador alvenegro. Ele, com muita humildade, foi enfático: ' O principal convidado da festa chegou'.

São por essas atitudes, e com uma estrela inestimável que Joel Santana consegue a cada dia ganhar ainda mais uma legião de fãs espalhos por esse Brasil. Com suas táticas precisas, novamente devolveu a General Severiano um título que teimava em não vir.

Parabens Botafogo, e acima de tudo. Parabens torcida botafoguense. Nessa caminhada de grandes vitórias, vocês conseguiram quebrar todas as barreiras e superar o próprio limite.

Lembrem-se, o Flamengo não é um time de 'impor medo', aliás, eles não sabem o que é isso. Perguntem ao time da Universidade Católica o quanto foi fácil superar o 'tão temido ataque dos sonhos chamado império do amor'.

Marcel Goulart disse...

Caro Vinicius, me chamo Marcel e sou amigo do Fernando Quaresma. Acompanho futebol desde novo e começei lendo hoje a sua matéria sobre esse jogão. Sim, sou botafoguense, mas não sou o tipo do torcedor que vive chorando por erros grosseiros da arbitragem brasileira. Sou consciente quando o meu time não foi merecedor de uma vitória. Mas hoje, pude enxergar uma partida linda, com muitas oportunidades para ambos os times, e foi melhor o time que mais treinou e menos foi para a gandaia.

É inadimissível ter no elenco atletas que ainda cismam e manchar a história de um clube. enquanto os flamenguistas iam para as baladas na Vila Cruzeiro ou amaravam a própria namorada em uma árvore, os botafoguenses estavam focados na dicisão do título estadual. Eles perderam porque foram soberbos do incio ao fim, pensaram que fossem ser imbativeis e cairam na prórpia desgraça. Agora vão ter que rezar para não serem eliminado de uma forma cruel na libertadores. Força Botafogo !

Abraços

Marcel Goulart

Cadu Marques disse...

Olá, passei para dar um grande abraço a toda nação botafoguense.

FOGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

Rodrigo Gomes disse...

Olá galera do blog O tempo e o placar. O meu grande amigo Nando Quaresma é um frquentador ascíduo e a leitura é diária desse blog bastante informativo.

Como torcedor do Vasco da Gama, fiquei feliz ao ver a queda rubro-negra. Como disseram acima, eles jogaram com muita soberba. Pensaram que o título estava próximo, mas isso não aconteceu.

Não vejo um futuro de conquistas para o Flamengo ese ano, até porque qualquer um ode mandar no clube. Enquanto eles não tiverem alguem de pulso para colocar ordem na casa, vão continuar putrificando ao longo do ano.

Miguel Luz disse...

Eu sou torcedor do Flamengo, e quero expressar o meu repúdio a direção rubro - negra. Todo dia tenho que me deparar com alguma polêmica ou escândalo envolvendo dirigente ou jogador da casa.

Primeiro, um manda chuva é pego por pedofilia, depois o Adriano começa demonstrar o espetáculo horrendo dele em maltratar a própria namorada, andar com traficantes na Vila Cruzeiro, faltar treinos e ainda por cima comprar uma moto em nome da mãe de um bandido. Vágner Love não passa muito longe, quando vai aos bailes funks, vai com uma escolta de bandidos cafajestes com armas de calibre alto para intimidar as pessoas. Juan, Léo Moura e Alvaro gostam mesmo de tomar uma 'branquinha' e na hira da decisão correm feitos mulherzinhas. Eo que falar do Bruno ? Esse daí gosta de bater em mulher e acha normal isso.

Como posso torcer para um clube assim? Foi merecida a derrota. O Botafogo jogou buscando a vitória desde o incio, o Flamengo foi apenas um 'showman' mas no final os aplausos da glória e do triunfo foram para os verdadeiros vencedores, ou seja, os botafoguenses.