sábado, 3 de julho de 2010

Eterna mea culpa


Ao assumir o cargo de treinador da Seleção Brasileira, Dunga recebeu de Ricardo Teixeira a incumbência de fazer uma seleção sem todo o "oba-oba" que aconteceu na edição de 2006 (quando o estrelismo de alguns jogadores levou à derrocada do Brasil nas quartas-de-final, diante da França). Durante quatro anos de trabalho, o técnico seguiu este padrão. Repetiu a doutrina de "comprometimento" dos jogadores e implantou nas suas convocações a ideia de ter uma "coerência". O Brasil não ganhou a Copa do Mundo de 2010. Foi eliminado nas... quartas-de-final.

A razão do novo insucesso no torneio de futebol mais importante do mundo deixa claro: Copa não é lugar para revanchismo. Nos quatro anos da Era Dunga como treinador, a única intenção era jogar na cara da imprensa esportiva e da torcida que a CBF poderia, sim, cuidar da sua Seleção Brasileira de maneira organizada. Entretanto, a recomendação se tornou uma obsessão para Dunga, e gerou outro grave inconveniente.

Jogadores que despontavam com excelentes atuações (em especial nos campeonatos estaduais Brasil afora) acabaram execrados pelo técnico. Apenas jogadores medianos, que tinham raros lampejos de habilidade e seguiam o esquema por não terem qualquer personalidade futebolística receberam prioridade. O argumento era de que craques acabavam tropeçando em seus egos nos momentos decisivos, e não agregavam nada ao grupo. A exceção a este panorama, do ponto de vista de Dunga, foram o meia Kaká e o atacante Robinho, que aparentemente apresentaram mais humildade que nomes como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano em 2006.

Pois bem, sob desconfiança geral e irrestrita, a Seleção Brasileira partiu rumo à África do Sul. Conseguiu duas vitórias e um empate na fase classificatória, uma classificação tranquila nas oitavas-de-final, até que a partida contra a Holanda apresentou o óbvio: o Brasil de Dunga tem outros erros.

Sem as "estrelas", o poder ofensivo ficou extremamente reduzido, e as opções do banco de reservas rarearam, a ponto de nem Dunga ousar fazer alguma substituição quando a Seleção Brasileira perdia para a Holanda e não encontrava meios de mudar sua apatia. Ônus de uma equipe que foi criada somente com o intuito de ser a oposição do Brasil de quatro anos atrás.

Dunga anunciou que não prosseguirá no cargo. Que o presidente Ricardo Teixeira não recorra a treinadores movidos a extremismos, e se preocupe em escalar jogadores com habilidade e poder de decisão suficientes para vestir a camisa da seleção mais tradicional do mundo. A Seleção Brasileira não pode ficar sujeita a conviver com uma mea culpa diferente a cada quatro anos de Copa do Mundo.

2 comentários:

Leonardo Valejo disse...

Vários erros aconteceram no jogo contra a Holanda. O desequilíbrio emocional e as falhas na defesa eram coisas que o dunga não podia prever.
Mas a falta de jogadores no meio era.O que Kleberson e outos estavam fazendo na Copa é algo incompreensível. Podiam dar a vaga para jogadores como Ganso e Ronaldinho Gaúcho.

Como mudei o nome do blog, ele saiu de todas as listas(aquelas que ficam no canto) dos blogs. Se você pudesse recolocar o meu blog eu agradeceria, Vicícius.

Grande Abraço
Leonardo Valejo
www.maratonaesportiva.blogspot.com

Vinícius Faustini disse...

Leonardo,

concordo com você, mas o meio-de-campo brasileiro, apesar de ruim, era o meio-de-campo do Dunga. Faltou ao técnico peito pra dizer "eles são meus homens de confiança, coloco em campo quando eu quiser e ninguém tem nada a ver com isto". Mas, ele preferiu sentir o ônus de uma convocação feita por complexo de culpa.

Paulo Henrique Ganso não seria o salvador da pátria sozinho, mas certamente era um trunfo bem melhor do que outros que estavam na reserva. E, mais importante ainda: era legado pra Copa de 2014. Haverá pouquíssima herança pro próximo treinador.

Discordo de Ronaldinho Gaúcho. Há muito tempo ele se arrasta em campo nas partidas, pra mim seria inútil levá-lo. Desde 2002 não o vejo fazer uma sequência de jogos no mínimo convincente.

Abraços,

Vinícius Faustini