domingo, 18 de julho de 2010

Em algum lugar do futuro




Análise de jogo: Atlético Goianiense 0 x 1 Flamengo (Serra Dourada, 16h)

Não foi uma vitória maiúscula, como nos velhos tempos, mas o triunfo flamenguista sobre o Atlético Goianiense dá à torcida a confiança de que o time está em busca de um bom futuro. Os incidentes de fora de campo (com os atacantes Vágner Love e Adriano, e a recente prisão de seu goleiro titular, Bruno) parecem ter ficado no passado. Mesmo com o time ainda em período de formação nas rodadas que antecedem a "abertura da janela" do Campeonato Brasileiro - na qual jogadores que vieram do futebol estrangeiro poderão finalmente estrear no Brasil - o time carioca já constrói dias melhores na competição.

O recomeço surge nas mãos de seu goleiro. Promovido a titular de maneira tão brusca, Marcelo Lomba demonstrou segurança nas três vezes em que foi exigido no primeiro tempo - em um cruzamento "errado" para a área flamenguista que se transformou num chute do lateral Dida, numa cobrança de falta de Róbston, e em lance no qual Rodrigo Tiuí conseguiu levar a melhor na disputa com Ronaldo Angelim, e chutou de frente para o gol.

Mas a etapa inicial do jogo do Serra Dourada ficou marcada também pela maneira como Flamengo e Atlético Goianiense lidaram com seu passado recente no Brasileirão. Enquanto os flamenguistas continuaram recorrendo ao veterano Petkovic para conseguirem boas jogadas, o rubro-negro de Goiás continuava a usar a mesma "fórmula" da Série B: a violência. O time de Roberto Fernandes abusava dos pontapés e das jogadas desleais, fazendo com que os primeiros 45 minutos tivessem amplo domínio do Flamengo - um rubro-negro que vestiu-se de branco para jogar contra o rubro-negro goiano.

Os cariocas tinham o controle do jogo, e o adversário se resumia a tocar a bola para os lados. Aos poucos, o Flamengo começou a aliar a cadência e o talento de Petkovic à velocidade de Vinícius Pacheco e Diego Maurício. A equipe teve boas chances através de um chute do próprio Pet que passou por cima do gol, de uma cabeçada de Juan (aproveitando cruzamento de Vinícius Pacheco) para fora, além de arrancadas perigosas que Diego Maurício dava em direção à área.

Percebendo a característica negativa do Atlético Goianiense, Diego Maurício começou a escrever um futuro para o Flamengo na partida. O atacante recebeu bola na esquerda, passou por Dida, e logo depois de entrar na área, foi derrubado pelo zagueiro Gilson. Pênalti. Petkovic cobrou bem, colocando a bola no fundo da rede de Márcio. 1 a 0 Flamengo, aos 36.

Como o passado condenava sua equipe, Roberto Fernandes fez duas substituições para o segundo tempo do Atlético Goianiense. O botinudo volante Pituca saiu para a entrada do meia William e Rodrigo Tiuí, contundido, deu lugar a Juninho no ataque. O time goiano começou a pressionar o adversário, apresentando melhor volume de jogo e vendo suas jogadas se desenharem principalmente nos pés de Dida. Entretanto, os atleticanos não conseguiam finalizações claras, em especial pelas limitações dos jogadores do Dragão. A ânsia pelo gol era tanta que Weldon Felipe quase colocou a bola para o fundo da rede de seu próprio time. Num cruzamento de Juan, o zagueiro cortou errado e obrigou Márcio a fazer defesa difícil.

O Flamengo se encolheu perigosamente na defesa, e ainda teve de conviver com um problema crônico desta temporada. Com Petkovic cansado, o time perdeu completamente seu meio-de-campo. O estreante Corrêa, ainda sem ritmo de jogo, já não era muito útil para segurar a pressão atleticana. Williams e Kléberson estavam perdidos em campo - o primeiro, um volante que se destaca pela raça e foi "promovido" a tentar armar jogadas, e o segundo, ainda enfrentando uma fase tão fraca quanto no período que antecedeu sua convocação para a Copa do Mundo.

O técnico Rogério Lourenço decidiu usar um paliativo para compensar a ausência de ofensividade. Aos 20 minutos, Diego Maurício foi substituído, e entrou Cristian Borja. O atacante colombiano ficou encarregado de armar contra-ataques ou de segurar a bola na intermediária atleticana. Só que a equipe de Goiás é que chegou perto da área flamenguista logo em seguida. Pedro Paulo chutou, Marcelo Lomba espalmou para o lado e, na sobra, Elias chutou, mas foi travado por Léo Moura.

Com o time se aproximando do gol, Roberto Fernandes deu sua última cartada. William, que entrara no intervalo, deu lugar ao atacante Anaílson. Em resposta, Rogério Lourenço tirou Kléberson para colocar Rômulo, um volante mais marcador. A saída do camisa 15 acabou deixando o Flamengo mais disperso, e os goianos chegaram com perigo ao gol de Marcelo Lomba. A chance mais perigosa saiu dos pés de Anaílson, que cruzou na área, mas Juninho desviou para fora em sua cabeçada.

O treinador flamenguista quase comprometeu de vez o destino de seu time na partida, graças uma substituição arriscada. Corrêa foi sacado para a entrada do zagueiro Fabrício, enchendo a área de defensores e deixando o meio do Flamengo ainda mais fraco. A agressividade atleticana, num raro momento, ficou restrita ao futebol, e a zaga flamenguista se sobrecarregou para evitar o empate do rubro-negro de Goiânia. A dois minutos do fim, veio a última oportunidade goiana quando, depois de tabela com Anaílson, Juninho chutou, mas a bola desviou em Ronaldo Angelim.

Nem todo ímpeto apresentado no segundo tempo do Serra Dourada foi capaz de trazer um resultado melhor para o Atlético Goianiense, que permanece em último lugar do Brasileirão. Não basta a superação que fez a equipe subir em 2008 da Terceira para a Segunda Divisão e, no ano seguinte, se classificar para a Série A do Campeonato Brasileiro. Os atleticanos têm de priorizar o futebol e abandonar a tendência violenta, que na Primeira Divisão não consegue ser bem-sucedida.

Sem deixar-se levar pelos erros do passado e superando os problemas tem no presente, o Flamengo vislumbra um futuro bem diferente do que foi seu primeiro semestre de 2010. O time entrou pela primeira vez no G-4, grupo de equipes que se classifica para a Taça Libertadores da América de 2011 (está empatado em número de pontos, de vitórias, saldo de gols e gols marcados, mas supera o Cruzeiro por ter menos cartões vermelhos que a equipe de Minas). Só que os jogadores flamenguistas têm de voltar para o Rio de Janeiro conscientes de que ainda precisam mostrar um futebol bem mais envolvente do que foi apresentado no Serra Dourada. Afinal, o atual momento do Brasileirão está cercado de times remendados, que estão à espera dos atletas que chegarão pela "janela" internacional.

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O tempo e o placar... fala do que houve de melhor e de pior na nona rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

O chutaço da semana vem do poder de superação dos dois atuais primeiros colocados no Brasileirão. O CORÍNTHIANS teve um duelo difícil contra o Atlético Mineiro, e não se abateu nem com o pênalti perdido por Chicão no início da partida, e conseguiu derrotar o time atleticano no Pacaembu. Após o tropeço no meio de semana contra o Grêmio Prudente, o FLUMINENSE foi buscar um resultado considerado impossível. O tricolor das Laranjeiras venceu o badalado time do Santos em plena Vila Belmiro, e chegou à vice-liderança do Campeonato Brasileiro.

A FURADA

Furadas parecem estar as mãos do goleiro ABBONDANZIERI, titular do Internacional. O chute de Michel não precisou nem ser tão forte para passar por ele. Menos mal que o colorado venceu o Ceará por 2 a 1 no Beira-Rio. Mas o goleiro argentino poderia cogitar a aposentadoria. Sua carreira não merece terminar de maneira melancólica.

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RESULTADOS - NONA RODADA

Sábado

Vitória da Bahia 3 x 2 São Paulo (Barradão)
Vasco 3 x 1 Atlético Paranaense (São Januário)

Domingo

Atlético Goianiense 0 x 1 Flamengo (Serra Dourada)
Corínthians 1 x 0 Atlético Mineiro (Pacaembu)
Avaí 4 x 2 Palmeiras (Ressacada)
Internacional 2 x 1 Ceará (Beira-Rio)
Botafogo 1 x 1 Guarani (Engenhão)
Grêmio Prudente 2 x 0 Grêmio (Prudentão)
Cruzeiro 1 x 0 Goiás (Arena do Jacaré)
Santos 0 x 1 Fluminense (Vila Belmiro)

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