sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cavando polêmica



Quando um craque atua nas quatro linhas, um erro dele é capaz de ofuscar 90 minutos de uma partida de futebol. Foi o caso do primeiro jogo da final da Copa do Brasil, quando o Santos saiu da Vila Belmiro com uma vitória por 2 a 0 sobre o Vitória da Bahia. O destaque foi para a cobrança de pênalti na qual Neymar tentou dar uma "cavadinha" e acabou entregando de bandeja a bola para o goleiro Lee.

O recurso da "cavadinha" acontece no futebol desde 1976, quando o meia Panenka, da Tchecoslováquia, fez o gol decisivo da disputa de pênaltis na final da Eurocopa, diante da Alemanha Ocidental. Mais tarde, nomes como Djalminha, Zidane e, recentemente, Loco Abreu, tiveram sucesso em penalidades máximas usando esta estratégia de enganar os goleiros adversários.

No entanto, o insucesso de Neymar gerou uma sucessão de polêmicas, tanto por se tratar de um dos "meninos da Vila" quanto por estar na atual lista de convocados da Seleção Brasileira. De fato, quando a "cavadinha" não dá certo se torna um demérito do cobrador, que não teve força e jeito suficientes para vencer o goleiro num pênalti. Só que é extremamente contraditório que o mesmo grupo de pessoas que canta a nostalgia de um bom futebol, com jogadores capazes de criar surpresas agradáveis aos olhos de todos os torcedores, agora peça objetividade na marca de cal.

Neymar sempre teve um jeito abusado de jogar, isto que torna seu futebol ainda mais fascinante. Agora, os 18 anos ainda fazem com que algumas atitudes no gramado sejam imaturas e, até mesmo, irresponsáveis. Se o atacante queria usar a "cavadinha" em plena final de Copa do Brasil, deveria pensar que, àquela altura, o Santos vencia apenas por 1 a 0 (gol do próprio Neymar), e os santistas vinham desperdiçado muitas chances, que poderão fazer falta no saldo de gols para o segundo jogo, a ser realizado no Barradão. Talvez com uma vantagem mais confortável no jogo ou, quem sabe, se fosse numa finalíssima, a poucos minutos do fim da partida contra o Vitória da Bahia, seu erro não teria tamanha dimensão.

Da polêmica da "cavadinha", fica a lição de que Neymar ainda precisa dimensionar o bom senso de seu futebol - às vezes, a sensação é de que ele se deslumbra com seu próprio talento. As pessoas que o crucificam também não podem dar dimensão de erro a um jogador que quis manter a graça no gramado. A omissão ao caráter lúdico da bola nos pés serve apenas para dar uma cavadinha na sepultura do futebol de verdade.

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