terça-feira, 13 de julho de 2010

Próximo páreo?



Corínthians, Ceará, Fluminense e Santos. Este é o quarteto que estaria credenciado a disputar a edição de 2011 da Taça Libertadores da América, se o Campeonato Brasileiro tivesse terminado com a parada para a Copa do Mundo. Mas, mesmo com esta classificação do primeiro páreo, ainda faltam algumas léguas para o Brasil saber qual o seu melhor time em 2010. Em especial, porque a única semelhança do futebol com os resultados de jóquei é o termo "cavalo paraguaio".

A curiosa expressão supostamente surgiu em 6 de agosto de 1933, no hipismo, quando um cavalo de Pernambuco chamado Mossoró surpreendeu a todos vencendo um dos páreos. Como ele tinha ascendência paraguaia e não era um cavalo que inspirasse tanta confiança nos apostadores, passou-se a debochar de seu feito, dizendo que o "paraguaio" só vencera aquele páreo mas não tinha forças para ganhar nenhuma outra disputa no jóquei. Aos poucos, a expressão "cavalo paraguaio" foi incorporada no futebol, para designar times que começam bem um campeonato, mas aos poucos perdem fôlego e vão caindo nas colocações.

O torneio de 38 rodadas, com um grande equilíbrio entre os 20 clubes, prega muitas peças em torcedores e cronistas esportivos. Muitas equipes que ficam nas primeiras posições no início do campeonato acabam rebaixadas (caso do Náutico no ano passado, que caiu para a Série B em dezembro depois de chegar a ficar na zona da Libertadores), enquanto outras, como o campeão Flamengo e o quarto colocado, Cruzeiro, iniciaram com campanhas irregulares e, no final, tiveram uma ascensão vertiginosa.

Com o mês de treinamentos 'criado" pela realização da Copa do Mundo - e o pouco prejuízo que acontece nos 20 times brasileiros, pois poucos vêm cedendo jogadores para a Seleção Brasileira ou demais seleções - as mudanças de um páreo para outro tornam-se ainda mais inglórias. Uma equipe de campanha fraca pode mudar apenas com mais tempo de treinos, enquanto outra pode começar a acentuar vários defeitos neste período sem jogos.

Com a melhora em todos os centros de futebol, alguns times que eram tratados como "de menor porte" deixaram de ser batidos facilmente, e esquadrões chegaram a cair para a Segunda Divisão do futebol brasileiro. A atual briga na classificação do campeonato mostra o quanto está imprevisível o cenário nacional.

Dentre os times que subiram no ano de 2009, o Vasco (ironicamente, voltando como campeão da Série B, e que tem quatro conquistas na Primeira Divisão do Brasileirão) e o Atlético Goianiense estão nas duas últimas posições e buscam ainda momentos de melhora dentro dos gramados. O Ceará, que não disputava a Série A desde 1993, só não é líder porque perde no quesito do saldo de gols para o Corínthians. O Guarani, fora da Primeira Divisão desde 2004, não está no G-4 apenas por ter saldo de gols inferior ao Santos.

Campeões brasileiros como Atlético Mineiro, Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Atlético Paranaense estão abaixo da décima colocação (ao lado das surpresas de 2009, Avaí e Prudente). Nos 10 primeiros lugares, a pontuação é muito próxima, mas os sabores são diferentes. Enquanto Flamengo e São Paulo fazem campanhas abaixo do esperado pelo que foi apresentado no fim do ano anterior, Goiás, Botafogo e Palmeiras têm começo bem acima do esperado aos olhos de sua torcida.

Entretanto, num campeonato longo, times que não têm peças de reposição com bom nível para substituir eventuais jogadores contundidos ou possíveis mudanças de acordo com a "janela" do mercado exterior podem mudar seu fôlego das rodadas seguintes. Assim, o circuito pode trocar de sentido durante a competição.

Cada vez mais incerto, o Campeonato Brasileiro segue fazendo a ficha de apostas perder o equilíbrio. Dos quatro que estão na linha de frente, ficam muitas indagações. O Corínthians vai lidar bem com a responsabilidade de ganhar um título no ano do seu centenário? O Ceará tem estrutura psicológica e financeira para ser um dos líderes do Brasileirão? O Fluminense abriu seus cofres novamente, mas sua edição de 2010 vai naufragar como em todos os anos de Unimed? O Santos vai sobreviver ao furacão de propostas que surgirá para seus meninos?

Se as perguntas vêm da ponta de cima da tabela, imaginem quantas dúvidas vêm em relação aos outros 16 clubes. O páreo é duro, a expressão "cavalo paraguaio" vai aparecer inúmeras vezes até o final do ano. Mas o circuito do Campeonato Brasileiro é o único no qual não aparece nenhuma "barbada".

2 comentários:

Leonardo Valejo disse...

Lendo agora, fico mais otimista com meu time.

Falando sério agora, o time que ganha normalmente o brasileiro é o que tem mais elenco e é mais "desenvolvido".O São Paulo prova isto, mas o Flamengo é "subdesenvolvido" e fez uma racha nesta regra. Só Deus mesmo para saber quem vai levar a taça.

Abraço

Leonardo Valejo

Leonardo Valejo disse...

To passando aqui para agradecer os livros e o DVD que vocÊ deixou no consultório da minha mãe. Li o poema que você fez e ficou muito legal.

Abraço

Leonardo Valejo