quinta-feira, 15 de julho de 2010

Presentes alviverdes



Análise de jogo - Palmeiras 2 x 1 Santos (Pacaembu, 21h)

Sim, ainda é cedo para atribuir qualquer bom resultado a favor do Palmeiras a Luiz Felipe Scolari (que foi apresentado como treinador do clube horas antes). Entretanto, o time palmeirense revelou na noite do Pacaembu um padrão de jogo nos moldes do técnico Felipão. No limite entre a frieza defensiva e a ansiedade pelo gol, os palmeirenses conseguiram derrotar um Santos que era somente ímpeto ofensivo.

O fato de apenas 9.400 pessoas pagarem para assistir ao clássico de quinta à noite foi apenas o eco de um jogo cercado de ausências de ambos os lados. O Palmeiras, sem o goleiro Marcos e o volante Pierre, contundidos, e com a ausência de um de seus melhores jogadores - Cleiton Xavier - sacramentada definitivamente no dia anterior (o meia foi negociado com a equipe ucraniana Metalist Kharkiv). Do lado do Santos, vinham as ausências de Robinho, Léo e Marquinhos. Sem contar com Paulo Henrique Ganso que, ainda se recuperando de uma contusão, estava relacionado apenas para o banco de reservas.

Mas o que se ausentou mesmo no primeiro tempo do Pacaembu foi o poder do meio-de-campo santista. Alan Patrick se revelou uma opção equivocada do técnico Dorival Júnior, reduzindo as possibilidades de boa troca de passes do meio-de-campo (também formado por Arouca, Wesley e Madson). Com isto, a dupla de ataque formada por André e Neymar apareceu apenas em lances que destoaram da categoria dos "meninos da Vila". O primeiro, ao ser obstáculo que evitou chute de Madson. O segundo foi notado apenas por uma falta ríspida sobre um adversário, lance que lhe rendeu cartão amarelo. De resto, o Santos ficou cercando a área palmeirense, e teve suas duas únicas oportunidades, com André e Madson, desperdiçadas.

Mesmo sendo bastante atacado, o Palmeiras conseguia evitar a presença santista em sua área, e aos poucos soube aproveitar o ponto fraco do adversário. Nos contra-ataques, a zaga do Santos permanecia com falhas. Aos 12 minutos, num rebote permitido pelo lateral Maranhão, Ewerthon arriscou de fora da área e acertou no ângulo do gol de Rafael. 1 a 0 Palmeiras.

Com o panorama do cerco do Santos e dos contra-ataques perigosos do Palmeiras, os palmeirenses do Pacaembu se frustraram quando Rafael defendeu com os pés uma tentativa de Lincoln na pequena área aos 35. Eles sabiam que o técnico Dorival Júnior poderia usar uma excelente carta para tentar mudar a situação do jogo.

Só que a verdadeira surpresa veio para os santistas na volta do segundo tempo. Em vez de sacar Alan Patrick, depois de seus fracos 45 minutos, Dorival pôs Paulo Henrique Ganso no lugar de Madson. O camisa 10 vinha sendo uma boa válvula de escape em algumas cobranças de falta. A substituição não deu muito certo. Depois de uma chance para cada lado (Ewerthon cara a cara com o goleiro em chute defendido por Rafael aos três, e Maranhão de fora da área em boa defesa de Deola aos seis), a partida ficou bem mais morna.

Luiz Felipe Scolari, que via o jogo de uma sala do Pacaembu, ordenou que o auxiliar Flávio Murtosa substituisse o meia Lincoln pelo volante Tinga. O Palmeiras se defendia ainda mais, e restava ao Santos querer atacar. Dorival Júnior finalmente trocou os nulos Alan Patrick e Neymar pelos atacantes Zé Eduardo e Marcel. Os santistas seriam apenas ataque. Mas se tornaram ataque de nervos aos 21 minutos, quando a defesa foi traiçoeira por duas vezes para o alvinegro praiano. A zaga se expôs ao ponto de permitir tanto campo para o contra-ataque adversário. E, poucos passos depois, o cruzamento de Tinga foi desviado pelo zagueiro Edu Dracena, e a bola acabou no fundo da rede de Rafael. 2 a 0 Palmeiras, com a ironia de o jogador de marcação palmeirense ter realizado a jogada decisiva do alviverde paulista.

O Palmeiras migrou definitivamente para a defesa, aparecia no campo adversário apenas prendendo a bola e gastando o tempo - e ainda poupou seus atacantes, tirando Ewerthon e Kléber para colocar os jovens Patrick e Tadeu. "Desfalcados" de uma boa participação de Paulo Henrique Ganso, os "meninos da Vila" se adequavam a uma tática diferente, substituindo o toque de bola rápido pelas tentativas de transformar chutões e cruzamentos tortos em boas oportunidades de gol. Deu certo apenas a sete minutos do final. Wesley cruzou da direita, o zagueiro palmeirense Léo desviou e Marcel, após dominar a bola com a coxa, deu um belo chute que ainda bateu no travessão antes de entrar na rede de Deola. O placar ficava em 2 a 1.

Entretanto, o poder ofensivo do Santos não acertava a pontaria, ao ponto da sua última boa oportunidade ter sido dada pelo Palmeiras. Aos 43 minutos, Deola saiu mal num cruzamento para a área, e o zagueiro Vítor desviou para o próprio gol de seu time. A bola tocou na trave antes de ir para escanteio.

Para escanteio foi mesmo a oportunidade de os santistas ganharem uma posição melhor no Campeonato Brasileiro. Numa rodada em que as três únicas equipes que estavam à sua frente perderam pontos - os líderes Corínthians e Ceará empataram em 0 a 0 e o terceiro colocado, Fluminense, tropeçou com um empate em 1 a 1 diante do Grêmio Prudente no Maracanã - o cerco pelos três pontos foi mal-sucedido. O alvinegro praiano fica com 12 pontos, quatro a menos que o tricolor das Laranjeiras, e a seis pontos de corintianos e do Vozão do Nordeste.

Após quatro jogos sem vitória, o Palmeiras consegue a reabilitação num clássico, e encontra na figura de Luiz Felipe Scolari a perspectiva de boas novas no Campeonato Brasileiro. Sem preocupações excessivas de defesa e sem atacar de maneira atabalhoada, a equipe palmeirense mostrou que é capaz, sim, de conseguir uma boa presença no Brasileirão.

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Na volta da Copa do Mundo, O tempo e o placar... traz novamente o que houve de melhor e de pior na rodada do Campeonato Brasileiro.

O CHUTAÇO

O AVAÍ surpreendeu todos os especialistas de futebol. Em pleno Morumbi, a equipe (agora dirigida por Antônio Lopes) envolveu o São Paulo e saiu de lá com uma boa vitória por 2 a 1. O Leão de Santa Catarina tem forças para rugir novamente no Brasileirão?

A FURADA

O cenário era promissor. Jogo em casa, contra um Grêmio Prudente que vai mal das pernas na competição. Mesmo assim, o FLUMINENSE deixou escapar a grande oportunidade de consolidar sua ascensão com a liderança do Campeonato Brasileiro. Resta o alento de que o time segue a dois pontos dos líderes Ceará e Corínthians.

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OITAVA RODADA - RESULTADOS

Quarta-feira

Grêmio 1x1 Vitória (Olímpico)
Atlético/PR 0x2 Cruzeiro (Arena da Baixada)
São Paulo 1x2 Avaí (Morumbi)
Flamengo 1x0 Botafogo (Maracanã)
Guarani 0x3 Internacional (Brinco de Ouro da Princesa)
Goiás 0x0 Vasco (Serra Dourada)
Ceará 0x0 Corínthians (Castelão)


Quinta-feira

Palmeiras 2x1 Santos (Pacaembu)
Atlético/MG 3x2 Atlético/GO (Arena do Jacaré)
Fluminense 1x1 Prudente (Maracanã)

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