quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mineirazzo



Mais um gramado brasileiro ficou amaldiçoado com o estigma de uma equipe nacional frustrar sua torcida em uma competição internacional. 59 anos depois da fatídica final da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã, o Mineirão foi palco de uma decepção para o futebol brasileiro. Desta vez, com o Cruzeiro, que permitiu a virada do Estudiantes e desperdiçou a oportunidade de conquistar seu terceiro título na Taça Libertadores da América.

Com o empate em 0 a 0 em La Plata na quarta-feira passada, o Cruzeiro entrou no campo do Mineirão com dois adversários a mais. O primeiro minou o time de Adilson Batista durante a semana: o favoritismo conquistado com o empate na Argentina, resultado que aparentemente daria maior facilidade à equipe na decisão "em casa". O segundo surgiu no primeiro tempo. A tensão causada pelo rótulo de favorito à conquista pesou os pés dos jogadores, que não conseguiam encontrar meios de furar o bloqueio da zaga argentina.

Foi preciso um chute de fora da área aos seis minutos do segundo tempo para trazer um alento aos mais de 60 mil torcedores da Celeste. Henrique arriscou de fora da área e contou com o desvio de Desábato para abrir o placar no Mineirão. Entretanto, a vantagem fez o Cruzeiro cochilar e, cinco minutos depois, permitir o empate com Fernández.

A igualdade no jogo voltou a afobar os cruzeirenses e, aos 27 minutos, "La Brujita" Verón mostrou seu poder de decisão ao fazer cruzamento certeiro para cabeçada de Boselli. O Estudiantes abriu 2 a 1 e começou a fazer o tradicional esquema de equipes argentinas em partidas decisivas. Muita catimba, atitudes sutilmente usadas para atrasar o jogo e, nos minutos finais, gastar substituições somente para ganhar mais tempo.

A apatia de Ramires, que depois de ótimas apresentações com a Seleção Brasileira na Copa das Confederações veio com expectativa de fortalecer o Cruzeiro nas últimas partidas, simbolizou a ideia de que ontem os cruzeirenses não mereciam sair de campo com o título. Uma equipe que somente usou sua força e seu toque de bola quando estava derrotado, fatalmente perderia para a afobação à qual se deixou entregar. Sim, é bem verdade que o chute no travessão de Thiago Ribeiro era digno de um golaço. No entanto, era muito pouco para quem duelava contra uma equipe argentina pelo título da maior competição sul-americana.

59 anos depois da Seleção Brasileira viver o dia do "Maracanazzo" na derrota por 2 a 1 para o Uruguai, Minas Gerais foi o cenário da queda do favoritismo do Cruzeiro diante do Estudiantes. E o "Mineirazzo" teve os mesmos ingredientes da tragédia anterior: aparente favoritismo, tensão causada pelo rótulo de superioridade técnica, e até mesmo uma virada capaz de calar um estádio. Infelizmente, mais uma vez quem saiu perdendo foi o futebol brasileiro.

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