sábado, 11 de julho de 2009

Amor pela camisa... à brasileira



A regulamentação da Lei Pelé, que no início do século permitiu aos jogadores que fizessem constantes trocas de clube, tornaram mero teatro algumas atitudes, como o atleta beijar a camisa e dizer que torce por determinado time "desde criancinha". Entretanto, aos poucos vêm surgindo formas deles mostrarem suas preferências futebolísticas.

Foi assim com o atacante Adriano. Após passar por problemas extracampo na Itália, o Imperador rescindiu seu contrato com a Internazionale, e fez as malas para o Rio de Janeiro. A imprensa esportiva louvou o retorno dele, tanto por ser a volta de um jogador de nível internacional quanto pela "verdadeira" atitude de beijar a camisa do Flamengo.

O rubro-negro carioca é a razão da paixão de um recente jogador que saiu do clube. Como o Flamengo não pôde pagar o preço pedido pelo Porto, o meia Ibson teve de fazer as malas para Portugal. No entanto, como apontaram os jornalistas Jorge Luiz Rodrigues e Maurício Fonseca na coluna Panorama esportivo (do jornal O Globo) de hoje, ele era pretendido pelo Internacional.

O colorado usaria uma brecha do regulamento do Campeonato Brasileiro - que permite que um jogador se transfira para outro time do país durante o torneio, se tiver atuado em até seis partidas - para ter Ibson em seu elenco neste segundo semestre. O dirigente do Porto, Fernando Gomes, teria ligado para o jogador pedindo que ele não enfrentasse o Internacional algumas rodadas atrás, pois chegaria à sua sétima partida e não poderia mais atuar em nenhum outro clube na competição. Ibson respondeu que só aceitaria jogar no Brasil com a camisa do Flamengo.

Sim, de fato parece uma irresponsabilidade um atleta tapar os ouvidos para as demais propostas de clubes brasileiros - ainda mais que a tendência é a de que o Porto repasse Ibson para algum clube da Rússia, país no qual muitos jogadores daqui tentaram a sorte e não se adaptaram. Mas a atitude do ex-meia rubro-negro demonstra que em algumas ocasiões os jogadores de futebol não priorizam os salários astronômicos e nem passam por cima de rivalidades (nos dias de hoje, ficou corriqueiro um jogador vestir em momentos de sua carreira camisas de clubes considerados arquirrivais).

Ibson mostra que nem tudo está perdido na graça do futebol brasileiro. E o amor à camisa está dando um jeito de sobreviver no Brasil.

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