segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sem atitude na altitude



Ao final dos 90 minutos da partida do Brasil em campo boliviano, o discurso cauteloso que antecedeu este duelo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo será necessário. A dificuldade de jogar numa altitude de 3.760 metros, a ausência de jogadores importantes - como Gilberto Silva, Kaká e Luís Fabiano - e o fato de a Seleção Brasileira já estar classificada com algumas rodadas de antecedência, serão desculpas recorrentes ao menos até quarta-feira, quando o Brasil vai a Campo Grande (capital do estado do Mato Grosso do Sul) enfrentar a Venezuela, em seu último jogo. A derrota por 2 a 1 para a Bolívia, quebrando uma série invicta de 14 jogos, mostrou alguns problemas que o time de Dunga precisa solucionar até 2010.

Sim, pode ter sido por causa da altitude, mas o meia Diego Souza não se revelou o substituto ideal para a Kaká - e muito menos um bom camisa 10 para a Seleção Brasileira. Completamente perdido em campo, o jogador se juntou à mediocridade do meio-de-campo brasileiro e, assim como Josué, Ramires e Daniel Alves, foi facilmente neutralizado pelos jogadores da Bolívia.

Penúltima colocada e já eliminada na tentativa de ir para a Copa do Mundo do ano que vem, a seleção boliviana construiu a vitória ainda no primeiro tempo, e da maneira típica de seleções limitadas - em dois gols de bola parada. O primeiro gol veio aos nove minutos, em cobrança de escanteio na qual a zaga brasileira não subiu e Júlio César saiu mal, permitindo que Olivares desviasse a bola para o fundo da rede. O segundo gol veio aos 35, em uma cobrança de falta na qual Marcelo Moreno deixou saudades à torcida do Cruzeiro - um chute perfeito, no qual só restou ao camisa 1 brasileiro olhar a bola entrar.

Os dois gols de desvantagem fizeram justiça ao que o Brasil apresentou no primeiro tempo. Um time disperso, que recorria aos chutões para encontrar na frente os atacantes Nilmar e Adriano. Mas, com o ar rarefeito, nem os trunfos da velocidade do atacante do Villareal e dos chutes poderosos do Imperador eram suficientes para querer alguma reação.

A Seleção Brasileira voltou para a segunda etapa com duas alterações. No meio, uma mudança previsível - a saída de Diego Souza, um dos que mais sentiram os efeitos da altitude, para a estreia de Alex (ex-jogador do Internacional). No ataque, uma mudança por contusão. Adriano torceu o tornozelo a poucos minutos do fim do primeiro tempo, e teve de dar lugar a Diego Tardelli.

Num primeiro momento, o Brasil mostrou melhora para, pelo menos, tentar equilibrar a partida. Em vantagem no placar, a Bolívia cadenciava a bola e às vezes assustava em cobranças de escanteio. Mas quem teve um grande susto depois de cobrança de escanteio foi a equipe boliviana. Em sua única jogada boa na partida, Maicon iniciou contra-ataque ainda na área brasileira. O lateral deu um pique até a direita da Bolívia e cruzou na medida para Nilmar diminuir o placar.

A Seleção Brasileira criou mais chances, em especial depois que Elano entrou no lugar do (mais uma vez) inoperante André Santos. Com a mudança, Daniel Alves passou a jogar improvisado na lateral-esquerda. Mais um grave problema da equipe de Dunga que parece não ter fim - em especial porque o reserva da posição, Filipe Luís, nem chega a ser relacionado nas partidas. Só que o esquema do treinador Erwin Sanchez fez com que a Bolívia conseguisse evitar até o fim que o Brasil saísse de campo pelo menos com um empate.

Apesar de eliminada de maneira vexatória nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010 - a ponto de sua própria torcida não comparecer na tarde do Estádio Hernando Salles - o técnico boliviano traz pelo menos duas boas lembranças ao time que terminará a competição em penúltimo lugar. Em sua campanha da competição, a Bolívia traz uma goleada sobre a Argentina, por 6 a 1, e esta vitória por 2 a 1 sobre a Seleção Brasileira.

Até a África do Sul, em 2010, Dunga terá um grande desafio: fazer com que a Seleção Brasileira não dependa exclusivamente do bom futebol de Kaká. Afinal, por mais que o meia se revele atualmente o melhor jogador do país, a equipe precisa ter mais saídas para chegar ao gol das seleções adversárias. O primeiro passo pode ser dado logo agora, depois da derrota para a Bolívia: assumir que, mesmo com tantos percalços em campo, à Seleção Brasileira faltou atitude, na altitude de La Paz.

Um comentário:

Saulo disse...

O Brasil já está na Copa e por isso, os jogadores estão relaxados. A altitude prejudica bastante também, mas a nossa seleção vai muito forte para a Copa.