domingo, 25 de outubro de 2009

Reescrever a história



A intensa sequência de empates, que fizeram a imprensa esportiva brasileira considerar Flamengo e Botafogo a rivalidade mais forte do futebol carioca na década de 2000, teve uma interrupção no jogo de domingo, realizado no Engenhão. Melhor para o rubro-negro da Gávea, que saiu de campo com uma vitória por 1 a 0 (gol de Adriano) e segue lutando por uma vaga entre os quatro melhores do Brasil - e, por que não, pelo título do Campeonato Brasileiro.

O clássico aconteceu da maneira como era previsível. O Botafogo de Estevam Soares entrou em campo com um esquema um pouco mais ofensivo (o meia Lúcio Flávio e o trio de ataque Reinaldo, Jobson e André Lima), enquanto o técnico Andrade recorreu a uma postura defensiva, com o ataque se resumindo aos passes precisos de Petkovic para encontrar Adriano e Zé Roberto.

Entretanto, apesar do bom volume de jogo alvinegro em boa parte do primeiro tempo, o time se ressentia de organização. Com Lúcio Flávio bem marcado e Reinaldo não conseguindo iniciar as jogadas para servir seus companheiros de ataque, o jogo parava na zaga rubro-negra - que mostrou mais uma vez estar bem estruturada; O time chegou ao seu décimo jogo sem perder (dentre eles, só levou gol em duas partidas), e não sentiu os desfalques do zagueiro Ronaldo Angelim e do volante Willians.

Se o meio-de-campo botafoguense não se livrava da marcação adversária, o meio flamenguista perdia para seus próprios erros, comprovando uma situação preocupante para um time que almeja ser campeão: em dia pouco inspirado de Petkovic, o Flamengo perde, e muito, seu poder ofensivo. Foi preciso Adriano arriscar uma jogada individual para abrir o placar no Engenhão, em um lance bonito no qual tirou os zagueiros Wellington e Juninho para dançar e chutou no fundo da rede alvinegra.

Em desvantagem no placar e, principalmente, na situação do Campeonato Brasileiro, o Botafogo voltou para o segundo tempo com mais força ainda. Entretanto, as limitações alvinegras sempre falavam mais alto, em especial pelas más atuações de Jóbson, André Lima e do atacante Victor Simões (que, depois de entrar no lugar de Batista, só foi notado em campo por uma péssima cobrança de escanteio).

O Flamengo se acuava ao redor do gol de Bruno, e abdicou de jogadas no ataque depois da saída de Petkovic para colocar o estreante Gil - mais um atacante para que, se o time não atuava em frente? De tantas tentativas perto da área rubro-negra, aos 25 minutos veio a maior oportunidade botafoguense no jogo. André Lima caiu na área e o árbitro marcou pênalti de Aírton (pessimamente marcado pelo árbitro Luís Antônio Silva Santos, pois o zagueiro estava de costas para o atacante botafoguense na hora do lance). Na cobrança, Lúcio Flávio bateu para defesa de Bruno.

A sina botafoguense continua, e a cada rodada a equipe de General Severiano corre o risco de repetir a história do técnico Estevam Soares (agora, o time está no antepenúltimo lugar, com 32 pontos). No ano passado, o treinador comandava a Portuguesa, que foi rebaixada para a Série B do Campeonato Brasileiro. A Lusa se caracterizava por uma situação curiosa: sempre fazia ótimas partidas, mas depois de 90 minutos saía de campo derrotada. Com a vitória, o Flamengo prossegue em quinto lugar, a um ponto do São Paulo, último time do grupo atual de credenciados para a vaga na Taça Libertadores da América. E a quinta colocação é a mesma na qual o clube acabou a competição em 2008 - lutou tanto para ficar sem uma vaga.

Os dois clubes saem de campo e continuam os cálculos para saber quais destinos terão no Campeonato Brasileiro - o Flamengo tentando o G-4 e o Botafogo tentando sair do Z-4. Situações diferentes, mas com uma coisa em comum: os dois rivais cariocas anseiam por tentar reescrever suas histórias. Desta vez, com finais felizes para o futebol do Rio de Janeiro.

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