quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ANÁLISE DE QUARTA - Noite de frases feitas




Jogo de hoje: Botafogo 1 x 3 Cerro Porteño (Engenhão, Copa Sul-Americana)

Na noite em que o Botafogo se despediu da Copa Sul-Americana, os 15 mil torcedores presentes no Engenhão viram um futebol repetitivo e 90 minutos com um desfecho previsível. E o pior: no 3 a 1 para o paraguaio Cerro Porteño, o time fez uma exibição cercada de frases feitas.

Diante de um adversário visivelmente recuado, o Botafogo se lançou ao ataque. No entanto, além de um claríssimo erro de posicionamento - o atacante Reinaldo ia buscar a bola no meio-de-campo, enquanto o meia Renato fazia o papel de atacante, desviando cruzamentos com perigo para o goleiro Barreto - o time demonstrava muita afobação. E o empate sem gols nos primeiros 45 minutos confirmavam que "a pressa é a inimiga da perfeição".

Logo nos primeiros 20 segundos da etapa final, o alvinegro carioca teve sua chance mais clara, quando Renato lançou André Lima. Diante do goleiro, o atacante isolou a bola, em vez de "fazer o feijão com arroz" que a torcida espera de um artilheiro. Os botafoguenses seguiram pressionando, mas esbarraram em uma frase feita corriqueira no futebol: "quem não faz, leva". A zaga botafoguense falhou e permitiu lançamento de Irrizábal para a área. Nuñez cabeceou para o fundo da rede de Jefferson.

O técnico Estevam Soares tentou mudar a situação da partida, colocando os atacantes Victor Simões e Jobson nos lugares do lateral Gabriel e do meia Renato, respectivamente, ignorando a ideia de que "quantidade não é sinônimo de qualidade". Precisando sair da área para buscar as jogadas, os dois eram facilmente neutralizados e não passavam nem perto do gol. O companheiro de ataque, André Lima, continuava a desperdiçar oportunidades, levando a torcida ao desespero.

Mas, "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura", e Jobson iniciou uma ótima arrancada na direita, passou por dois defensores e serviu André Lima. Com tranquilidade, o atacante marcou o gol de empate, aos 27 minutos. As coisas pareciam melhorar no panorama botafoguense, mas logo em seguida veio um grande golpe. Alessandro esqueceu-se de que "cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém" e perto da linha que divide o gramado, deu um carrinho criminoso no lateral Cardozo. O lateral foi expulso e saiu de campo hostilizado pelos botafoguenses.

Nem mesmo a troca do sonolento Jônatas por Rodrigo Dantas surtiu efeito - o meia entrou desatento na partida e só foi notado com a sucessão de passes errados. Passivo diante da marcação paraguaia, o Botafogo mal sentiu dor quando o Cerro Porteño "deu o tiro de misericórdia", com gols de Irrizábal, aos 43, e Cáceres, aos 46 minutos do segundo tempo.

Certamente, a eliminação do alvinegro para os paraguaios vai ser explicada por uma frase feita criada por Stanislaw Ponte Preta algumas décadas atrás: "tem coisas que só acontecem ao Botafogo". Só que torcida, diretoria, técnico e, em especial, os atletas, deveriam tentar fugir das desculpas previamente montadas. É lamentável ver a Estrela Solitária que consagrou o imprevisível Garrincha nas décadas de 60 e 70 ser apagada por jogadores que são meros "lugares-comuns".

Um comentário:

Leonardo Valejo disse...

Não sei como o Botafogo iria continuar na sul americana e disputando o brasileiro na reta final. Mas que uma coisa ficou clara neste jogo: o Botafogo precisa melhorar suas finalizações e tentar movimentar um pouco mais a bola até tentar uma jogada mais perigosa. Assim talvez ele dependa menos das cobranças de faltas do Juninho e das defesas do Jefferson.

E em relação ao Fluminense, que ainda joga hoje, saber como ele escapa é simples: Ganhar todos os jogos. Falar é fácil, tem que mostrar o que quer em campo para sair dessa situação.

Abraço

Leonardo Valejo