terça-feira, 23 de março de 2010

Margem de erro



A arbitragem nacional vem popularizando a cada rodada uma nova forma de ser justa até com seus próprios erros. Depois de marcar algum lance que afeta diretamente o placar da partida, logo em seguida se cria uma outra forma do time prejudicado conseguir seu gol de empate.

O caso mais recente foi na partida entre Botafogo e Flamengo, no Engenhão. Após enxergar pênalti numa falta que aconteceu fora da área e permitir que Herrera colocasse os botafoguenses em vantagem, o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães inventou uma falta favorável aos rubro-negros nos últimos instantes da partida. Desta falta, veio o gol de empate, marcado por Adriano. O gol do camisa 10 flamenguista tornou a partida mais uma das tantas recentes em que Flamengo e Botafogo empataram. Décadas depois de Jackson do Pandeiro lançar sua canção 1 x 1, em que o início trazia os versos "esse jogo não pode ser um a um", alvinegros e rubro-negros certamente devem dizer a cada novo clássico que "esse jogo não pode ser dois a dois".

Sim, pelo que os clubes apresentaram nos 90 minutos do Engenhão, o empate era um resultado mais justo. Mas fazer justiça com o próprio apito é a melhor alternativa para a arbitragem? No fim das contas, o juiz não está com seus erros zerados, e sim houve dois erros que comprometeram sua atuação. O público não merece ficar mal acostumado com cotidianos típicos de grandes partidas - "se marcou um pênalti a favor de um clube, vai dar um jeito de marcar outro para o adversário empatar" ou "expulsou um jogador de um lado, vai dar um jeito de expulsar alguém de outra equipe para que eles fiquem iguais", e outras idiossincracias cotidianas dos gramados.

Se a tendência dos árbitros é de, desta maneira, ficar em paz com os dois clubes e tentar ser fiel à partida que ele vê, a atitude mais nobre seria se preparar ainda mais para que sejam dignos de conduzir uma boa partida. No entanto, como isto deve ser muito incômodo, a torcida brasileira vai ter de se acostumar em assistir a jogos contando com a "margem de erro" da arbitragem.

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