segunda-feira, 29 de março de 2010

O poeta da bola



Era uma vez, um Pelé que com a bola nos pés fez-se rei e decretou que a felicidade brasileira começava dentro das quatro linhas. Era uma vez, um Garrincha que driblava certo por pernas tortas. Era uma vez, um Zico que jogava futebol "como se a bola fosse uma rosa entreaberta a seus pés".

Era uma vez um poeta, fingidor por estar escondido no disfarce de jornalista esportivo, que a cada crônica tornava a ginga do jogo ainda mais lírica, traduzindo em palavras as grandes vitórias, as catastróficas derrotas, os jogadores vivendo a cada 90 minutos numa corda bamba em que o salto mortal poderia ser o grito de "gol" ou o sepultamento do sonho de milhares, de milhões de olhares das arquibancadas, das gerais, dos radinhos de pilha, dos televisores.

Era uma vez, ARMANDO NOGUEIRA. O craque que fez das letras suas chuteiras, que fez dos jornais os seus gramados, e que a cada texto se tornou a melhor pessoa a relatar toda uma história do mundo do futebol.

Armando trouxe a certeza de que "o futebol não aprimora os caracteres do homem, mas sim os revela". Armando viu, em plena época de Ditadura Militar, um lampejo de democracia na conquista brasileira da Copa do Mundo de 1970, ao dizer: "choremos a alegria de uma campanha admirável em que o Brasil fez futebol de fantasia, fazendo amigos. Fazendo irmãos em todos os continentes".

Armando Nogueira viu Copas desde 1954, na Suíça, de onde trouxe na bagagem o fascínio pela seleção da Hungria (a ponto de seu colega de crônica esportiva, o dramaturgo Nelson Rodrigues, defini-la como "a seleção húngara do Armando Nogueira"). Mas Armando Nogueira não estará na Copa do Mundo de 2010. 83 anos depois de seu nascimento, um câncer fez com que ele encerrasse sua carreira aqui na Terra na manhã de hoje.

Talvez tenha sido melhor assim para ele. Para quem viu a magia da bola, assistir aos maus tratos que a bola vem recebendo nesta era de futebol violento e retranqueiro, que vibra por empate sem gols, certamente seria um grande desapontamento.

Desapontamento como o deste que vos escreve, que desde menino acompanhava as crônicas de Armando Nogueira, no programa Esporte Real com Armando Nogueira, exibido pelo canal Sportv. E que agora tem a certeza de não mais realizar o sonho de conhecer pessoalmente um dos cronistas que mais influenciou sua modesta escrita.

Que o silêncio de um minuto não aconteça como homenagem para Armando Nogueira. Que a verdadeira homenagem venha do gramado, com novos motivos para gritos de gol e para crônicas cercadas do lirismo que o futebol sempre merece ter. Mesmo desfalcado do "poeta da bola", o esporte merece ter como herança ao menos um pouco da sua poesia.

sexta-feira, 26 de março de 2010

DEBATEBOLA Quatro Linhas, 26 de março de 2010





Satisfação!

O DEBATEBOLA QUATRO LINHAS está no ar. E com sua nova aquisição: FERNANDO DINIS. Ele é mais um integrante a fazer parte da equipe do novo jornalismo esportivo, atacando na Internet.

Dinis fica na cara do gol, graças à tabela entre FLÁVIO DE SÁ e VINÍCIUS FAUSTINI, e o trio fala sobre os seguintes assuntos:

PROBLEMAS DO ENGENHÃO

CAMPEONATO CARIOCA

CAMPEONATO PAULISTA

CAMPEONATO MINEIRO

CAMPEONATO GAÚCHO

... E OUTROS CAMPEONATOS ESTADUAIS

ALÉM DE UM GIRO RÁPIDO PELO FUTEBOL INTERNACIONAL


É só dar o PLAY que a comunicação está no ar.

Duração: 103 minutos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Antes cedo do que nunca



Melancólico, mas inevitável. Adjetivos aparentemente contraditórios se tornaram sinônimos em São Januário na noite de quarta-feira, quando uma derrota por 3 a 2 diante do Americano tornou as coisas insustentáveis para o Vasco e, em especial, para o técnico Vágner Mancini. Após o fim dos 90 minutos, o time continua em terceiro lugar no Grupo B, a dois pontos do América e a quatro pontos do Botafogo.

A semana conturbada do Vasco evidenciou a falta de compasso entre o clube dirigido por Roberto Dinamite e a equipe treinada por Mancini. O primeiro disse que futebol é resultado, enquanto o segundo declarou que futebol é planejamento. Mas como planejar alguma coisa durante um Campeonato Estadual? As vitórias não são parâmetro para dizer que o time está tinindo em campo, mas as derrotas são cruciais para saber que o futebol apresentado é muito aquém do planejado para conquistas de títulos ou de vaga na Taça Libertadores da América.

Em menos de uma semana, o "novo Vasco" planejado para 2010 conseguiu dois "feitos" negativos no Campeonato Estadual. Com a derrota de sábado, voltou a sair de campo com uma derrota para o Olaria, coisa que não acontecia em estaduais desde 1971. Ao perder para o Americano em São Januário, levou os vascaínos a repetirem o "feito" de duas derrotas consecutivas para os "nanicos" do estado do Rio de Janeiro - a última vez acontecera em 2002, quando foi goleado pelo Bangu por 4 a 1 e perdeu por 4 a 3 para o Americano, ambos em São Januário.

No entanto, naquele ano o Estadual foi esvaziado até por Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco. Devido a um desacordo entre a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e a TV Globo, os grandes do Rio (que disputavam a Liga Rio-São Paulo na mesma época em que o torneio estadual) colocaram equipes reservas em boa parte da competição, e os jogos nem tinham transmissão da televisão. A competição chegou a ganhar o apelido de "Caixão" - em alusão ao apelido do então presidente Eduardo Viana, o "Caixa D'Água".

Pode-se dizer que a demissão de Vágner Mancini foi a saída mais fácil para a diretoria vascaína, e que seria mais justo fazer uma "barca" para levar alguns reforços que não demonstraram vontade nem qualidade neste Campeonato Estadual. Mas o que esperar de um time que caminhava para ter uma boa formação e depois de um turno se viu mudado a cada partida, atuando com vários esquemas diferentes, a ponto de torcedores não saberem escalar o próprio Vasco?

Na verdade, esta esperada (em ambos os sentidos) demissão foi benéfica somente para Vágner Mancini. Ele não é mais alvo o da ira da torcida vascaína e das críticas da imprensa. O mal agora é jogado para a torcida, que além de não saber escalar seu próprio time, precisa que a vontade e o emocional de uma equipe combalida entrem em campo, para dar alguma alegria neste ano de retorno do Vasco à Primeira Divisão do futebol nacional. Antes que as decepções do Campeonato Estadual venham em larga escala no Campeonato Brasileiro.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O dono da bola



Outrora badalado exemplo de organização como clube de futebol, o Palmeiras vive agora um momento de deterioração de sua estrutura. Não bastava o presidente Luiz Gonzaga Beluzzo dar (desde meados do anos passado) demonstrações de fanatismo e de absoluta falta de profissionalismo. As rusgas foram para as quatro linhas do alviverde, justamente pelas mãos de quem demonstrava liderança e serenidade em qualquer situação.

Nesta semana, o goleiro Marcos decidiu abandonar o treino do Palmeiras depois de se irritar com os companheiros e, aos berros, reclamar do desempenho de toda a equipe. Uma atenção chamada de maneira mais exaltada pode até ser considerada natural. Mas não na situação delicada do Palmeiras neste Campeonato Paulista e, muito menos, com a repreensão vindo de quem apaziguou os ânimos em vários momentos de crise.

É bem verdade que o Palmeiras teve um final de 2009 melancólico. Também é correto afirmar que o início de 2010 não foi muito animador - e ainda foi conturbado, pois incluiu a troca do técnico Muricy Ramalho pela aposta no treinador Antônio Carloz Zago. Entretanto, episódios de explosão como o de Marcos somente vão tornar o cotidiano palmeirense ainda mais insuportável.

A sensação que o goleiro traz é de que, do alto de seus 36 anos (18 deles dedicados ao Palmeiras), começou a se achar no direito de protestar contra tudo e contra todos que atrapalhem a trajetória da equipe paulista. Feito um moleque que, por ser dono da bola, tem o poder de decidir quem serão seus companheiros numa pelada e de ameaçar abandonar o campo quando se sente contrariado por algum colega ou adversário.

O momento atual do Palmeiras não é para decidir quem é o dono do time. E Marcos precisa se esforçar em manter suas boas defesas e seu espírito de liderança em alta, para que o fim de 2010 não seja ainda pior do que o Campeonato Brasileiro que passou.

terça-feira, 23 de março de 2010

Margem de erro



A arbitragem nacional vem popularizando a cada rodada uma nova forma de ser justa até com seus próprios erros. Depois de marcar algum lance que afeta diretamente o placar da partida, logo em seguida se cria uma outra forma do time prejudicado conseguir seu gol de empate.

O caso mais recente foi na partida entre Botafogo e Flamengo, no Engenhão. Após enxergar pênalti numa falta que aconteceu fora da área e permitir que Herrera colocasse os botafoguenses em vantagem, o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães inventou uma falta favorável aos rubro-negros nos últimos instantes da partida. Desta falta, veio o gol de empate, marcado por Adriano. O gol do camisa 10 flamenguista tornou a partida mais uma das tantas recentes em que Flamengo e Botafogo empataram. Décadas depois de Jackson do Pandeiro lançar sua canção 1 x 1, em que o início trazia os versos "esse jogo não pode ser um a um", alvinegros e rubro-negros certamente devem dizer a cada novo clássico que "esse jogo não pode ser dois a dois".

Sim, pelo que os clubes apresentaram nos 90 minutos do Engenhão, o empate era um resultado mais justo. Mas fazer justiça com o próprio apito é a melhor alternativa para a arbitragem? No fim das contas, o juiz não está com seus erros zerados, e sim houve dois erros que comprometeram sua atuação. O público não merece ficar mal acostumado com cotidianos típicos de grandes partidas - "se marcou um pênalti a favor de um clube, vai dar um jeito de marcar outro para o adversário empatar" ou "expulsou um jogador de um lado, vai dar um jeito de expulsar alguém de outra equipe para que eles fiquem iguais", e outras idiossincracias cotidianas dos gramados.

Se a tendência dos árbitros é de, desta maneira, ficar em paz com os dois clubes e tentar ser fiel à partida que ele vê, a atitude mais nobre seria se preparar ainda mais para que sejam dignos de conduzir uma boa partida. No entanto, como isto deve ser muito incômodo, a torcida brasileira vai ter de se acostumar em assistir a jogos contando com a "margem de erro" da arbitragem.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Oferecidos da semana



Os Campeonatos Estaduais ainda estão em curso, mas algumas pessoas do mercado futebolístico já estão usando um artifício duvidoso para conseguirem mais destaque na temporada brasileira. O primeiro exemplo de profissional que está aberto a propostas vem do banco de reservas.

Considerado um dos melhores treinadores do país (fama que ficou ainda maior depois do tricampeonato consecutivo com o São Paulo em 2006, 2007 e 2008), Muricy Ramalho afirmou na última semana que gostaria muito de treinar o Flamengo. A declaração parece até ter clima de revanche com o rubro-negro da Gávea. No ano passado, enquanto ele estava em crise sob o comando do São Paulo, o então flamenguista Cuca supostamente teria ligado para a diretoria são-paulina e se oferecido para dirigir a equipe.

Muricy acabou demitido do São Paulo e Cuca foi demitido do Flamengo. Mas ambos não ficaram sem destino: o ex-são-paulino foi para o Palmeiras e o ex-flamenguista dirigiu o Fluminense no resto do ano de 2009. Curiosamente, ambos trocaram de camisa mas permaneceram no mesmo estado.

O técnico Muricy Ramalho sente agora o ônus de um dia ter sido elevado a melhor técnico do Brasil. Após o São Paulo jogar por três anos e meio com o mesmo esquema tático, o futebol pensado pelo técnico ficou previsível, e ele caiu no mesmo erro quando comandou o Palmeiras entre meados de 2009 e o início de 2010.

Além da falta de novidades de dentro de campo, a mesmice de Muricy Ramalho ficou para cada pós-jogo. Na maioria de suas declarações, Muricy demonstra impaciência e mau humor com as perguntas dos jornalistas, e isto causa antipatia também aos torcedores (adversários e do próprio clube).



Dentro das quatro linhas, um jogador seguiu o "exemplo" de Muricy Ramalho e se colocou no mercado da bola. Atualmente no Goiás, o atacante Fernandão declarou que uma oferta para voltar ao Internacional mexeria muito com ele - em especial porque sua saída, brigado com a diretoria, teria ficado somente como coisa do passado.

Mas a vontade do atacante em retornar ao time colorado parece ser bem maior do que voltar aos bons tempos, quando foi campeão da Taça Libertadores da América e venceu o Mundial de Clubes há três anos. O momento mal-sucedido no clube goiano contribui para esta vontade de retornar ao Rio Grande do Sul, ainda mais porque o Inter está disputando uma competição internacional este ano.

Fernandão chegou ao Goiás para ser o grande reforço para o Campeonato Brasileiro. Mas depois que ele estreou com a camisa verde, o time goiano (que vinha fazendo uma boa campanha no Brasileirão) caiu vertiginosamente e beirou a zona de rebaixamento.

O motivo mais plausível para isto foi a tendência dos jogadores a centralizarem as jogadas no atacante e ele, sempre bem marcado, não conseguir se desvencilhar para ficar na cara do gol. No Internacional, tendo companhia de outras estrelas no ataque, certamente ele poderia voltar a brilhar.

Muricy Ramalho e Fernandão comprovam que a ânsia por estar bem no mercado do futebol brasileiro não é restrita aos empresários de atletas. Resta saber se as vontades declaradas funcionam aos olhos dos clubes nacionais, e se vale a pena investir em qualquer um dos dois.

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BOLA PRO MATO

Sem o Maracanã, Botafogo e Flamengo se enfrentaram ontem no Engenhão (no que não deixa de ser uma prévia para os clássicos dos próximos anos no Rio de Janeiro, em virtude do fechamento do Maraca para obras). O público foi de cerca de seis mil pagantes e de nove mil presentes. Até quando a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e o governo fluminense não vão tomar providências maiores do que o estádio ser perto de uma linha de trem para que moradores de todos os bairros possam ir com facilidade até lá?

domingo, 21 de março de 2010

Prazo de validade vencido



A cada atuação do Vasco no Campeonato Estadual, Vágner Mancini demonstra que o time pouco a pouco vai escapando de suas mãos. Jogadores perdidos em campo, invencionices táticas e sobrecarregar um ou outro atleta são características típicas de um técnico que vem aceitando passivamente a pressão emocional que os vascaínos fazem desde a perda da Taça Guanabara.

Com o retorno à Primeira Divisão do futebol brasileiro, o Vasco chegou a 2010 com uma equipe completamente reformulada - praticamente um time inteiro de jogadores foi contratado. Entretanto, Mancini tende sempre a escalar jogadores que estiveram no clube na temporada passada - casos do zagueiro Gian e do volante Paulinho - e não possuem um futebol digno de clube grande. Bons atletas, como o zagueiro Thiago Martinelli, o volante Léo Gago (destaque no ano passado pelo Avaí) e o meia argentino Matías Palermo ficam relegados ao esquecimento. Em algumas vezes que os dois primeiros atuaram pelo Vasco, foram escalados fora de suas posições de origem.

Outro jogador foi muito sacrificado pelos deslizes de Vágner Mancini: o atacante Dodô. Aos 35 anos, voltando de dois anos afastado do futebol, Dodô se viu jogando isolado no ataque, tendo de disputar a bola com zagueiros mais jovens e com forma física bem melhor do que a dele. Escalar Philipe Coutinho no ataque não funciona tanto, afinal, o menino invariavelmente atua fora da área, como meio-de-campo que ele é.

O mais recente esquema do Vasco deixou a equipe com três zagueiros. Uma tática que dá maior confiança, mas quando os zagueiros têm bom nível técnico. Com Gustavo distribuindo pontapés, Fernando e Gian demonstrando muita lentidão e a "salvação da lavoura" sendo o botinudo Titi, não dá para confiar tanto assim. Em especial se as alas ficam falham com as atuações pífias de Élder Granja e a insegurança de Márcio Careca.

Na derrota por 1 a 0 para o Olaria ontem em Volta Redonda, Mancini deu atestado de insegurança como treinador. Primeiro, ao escalar somente Rafael Coelho isolado no ataque - esquema com um atacante contra time de menor tradição cheira até a covardia. E logo aos 29 minutos de jogo, quando trocou o zagueiro Gustavo pelo meia Souza. Quando um técnico substitui um jogador ainda no primeiro tempo sem que haja um motivo forte, como contusão, e altera o esquema tático inicial, é porque tem alguma coisa errada.

Muitos cronistas esportivos falam - e com razão - que o Vasco ainda está na "linha de montagem" e em processo de formação, devido às várias contratações que fez para a temporada. Mas a Taça Rio já demonstra que o trabalho de Vágner Mancini está com prazo de validade vencido.

BOLA PRO MATO

A derrota por 2 a 0 para a Ponte Preta comprovou que a vitória por 4 a 3 sobre o Santos não foi suficiente para acabar com o futebol hesitante do Palmeiras. Pior do que isto é ver um grande goleiro como o Marcos dar entrevista vibrando com o pênalti que defendeu durante o jogo. Em época de jogadores em derrota distribuirem declarações democráticas como "a culpa é do time inteiro", ver um líder puxando para si seu feito na partida (sem tirar o mérito de Marcos) dá sinais de que há desunião no Palestra Itália.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Galhos do Arruda



O Santa Cruz segue a sina de um time mergulhado em crises financeira e, em especial, de identidade. Outrora uma das equipes mais temidas quando os adversários iam enfrentá-lo no Arruda, o "cobra-coral" hoje não é nem caricatura do que foi há alguns anos.

Não bastava estar se arrastando para chegar entre os quatro primeiros do Campeonato Pernambucano (o time está a três pontos do quinto colocado, o Porto). A equipe na quarta-feira mostrou mais uma característica de equipes que se apequenaram.

Na partida de ida da segunda fase da Copa do Brasil, o Santa Cruz massacrou o Botafogo desde o início e teve uma sucessão de chances desperdiçadas. A elevação de Brazão ao posto de melhor jogador comprova bem a fase do time pernambucano: apostar num jogador raçudo mas que com a bola nos pés não tem tantas qualidades. Pouco, muito pouco para a grande torcida de um dos times mais tradicionais de Pernambuco e do Nordeste.

Foi comovente ver 32 mil torcedores na arquibancada do Arruda em plena quarta-feira, num jogo em que, teoricamente, a equipe não era favorita (afinal, além de o adversário estar na Série A, é um dos times de tradição do Rio de Janeiro). Tamanha paixão deveria merecer um pouco mais do que estar na quarta divisão do futebol nacional.

Mas a realidade continua triste para o Santa Cruz, mostrando que os galhos do Arruda estão cada vez mais difíceis de ser quebrados. E depois de uma bela partida diante do Botafogo, onde teve muitas oportunidades de gol e assistiu a muitas defesas do goleiro Jefferson - dentre elas, num pênalti cobrado por Élvis - o Santa abriu espaço para que os botafoguenses vencessem por 1 a 0, gol marcado por Herrera. Resta ao Santa Cruz tentar dias melhores, para que mude a sensação que sua numerosa torcida teve ao final da partida de quarta: jogou como nunca e perdeu como sempre.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Achaques do amadorismo



Uma derrota em Santiago diante do Universidad de Chile não era um resultado tão impossível. Afinal, trata-se de um time mais forte do que o venezuelano Caracas e o chileno Universidad Católica. Só que o placar negativo de 2 a 1 diante de "La U" revelou que os fatores extracampo podem, sim, fazer a diferença para o time do Flamengo.

O resultado não chega a ser catastrófico para o rubro-negro, que ainda está na segunda colocação de seu grupo na Taça Libertadores do América. Mas já revela alguns riscos de um time que pode perder para ele mesmo.

Ontem, Bruno comprovou porque não recebeu uma chance na Seleção Brasileira ainda. Mais uma vez, o goleiro mostrou ter instabilidade em suas atuações. Três dias depois de fechar o gol no clássico diante do Vasco (tanto com a bola rolando quanto ao defender dois pênaltis cobrados pelo atacante Dodô), o camisa 1 foi decisivo ao falhar nos dois gols do Universidad de Chile.

Após muito confete da crônica esportiva, a zaga formada por Álvaro e Fabrício vem batendo cabeça há algumas partidas. Na esquerda, Juan é uma peça nula tanto na defesa quanto no ataque. E o melhor deste setor defensivo, o lateral-direita Léo Moura, saiu machucado ontem e tende a desfalcar a equipe nos próximos jogos.

No meio-de-campo, Andrade vem compromentendo o poder ofensivo rubro-negro. A tendência de botar três volantes não parece ser apenas uma opção tática. A insistência em não escalar Petkovic desde o início cheira a implicância ou, até mesmo, a ter de acatar ordens superiores. Só isto justifica que o treinador prefira improvisar o lateral Rodrigo Alvim no meio. O sérvio acabada relegado a entrar somente quando o jogo está difícil e a equipe já parece entregue ao desespero.

A partida de ontem mostrou o efeito dos "panos quentes" colocados por Andrade e pelos jogadores. É tanta tentativa de suavizar o clima na Gávea que a dupla de ataque Adriano e Vágner Love (cercados de problemas extracampo) também optou por suavizar o próprio futebol. De um lado, Love parece sem fôlego desde o primeiro minuto de jogo. Do outro, Adriano a cada partida parece ter menor mobilidade, e acaba apostando em trombadas para tentar ganhar alguma jogada da zaga adversária. Isto quando vê a cor da bola.

Se a perda de uma partida internacional não for suficiente para apontar que algumas coisas devem ser mudadas no rubro-negro, só vai mostrar que a nova presidência do Flamengo caiu no mesmo erro das diretorias anteriores. E, mesmo com o título brasileiro de 2009, o clube continua a ter mentalidade de equipe regional, com todos os achaques do amadorismo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Fechado para balanço



No mesmo período em que o Rio de Janeiro perdeu milhões por causa do veto do governo aos royalties do pré-sal, os cariocas perderam por três rodadas a permissão de assistir aos jogos no Maracanã. O motivo foi a denúncia de que das 105 catracas que permitem a entrada da torcida no estádio apenas 15 estavam funcionando na partida entre Flamengo e Vasco, realizada no último domingo.

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro optou por cancelar as partidas que seriam realizadas lá, esvaziando ainda mais o combalido Campeonato Carioca. No fim de semana, Olaria e Vasco (ambos times da capital fluminense) terão de se deslocar até Volta Redonda para jogarem no Estádio Raulino de Oliveira, enquanto Botafogo e Flamengo farão o clássico no Engenhão.

Os problemas de gerência, ocorridos em especial por causa da BWA (empresa de ingressos de todos os times grandes), ganharam outro motivo para fechamento do Maracanã. Parte do reboco do estádio caiu no setor amarelo A, ocupado no domingo pela torcida rubro-negra. Provas explícitas de que o futuro palco da final da Copa do Mundo de 2014 ainda tem muito o que melhorar em sua infraestrutura.

Mas, além destes problemas anunciados na imprensa esportiva, há outros com os quais os torcedores têm de conviver a cada partida: o preço alto dos alimentos e a falta deles após determinada etapa do jogo, o descaso com as instalações do estádio e, nas cadeiras, o desrespeito à regra que diz que as pessoas devem permanecer sentadas.

Do lado de fora, a "rampa da UERJ" não tem escoamento, o que obriga torcedores a passarem pela água suja ou pularem as cercas da rampa. O policiamento ainda falho que permite que torcidas de ambos os times (e as facções criminosas disfarçadas de torcidas organizadas) se encontrem para brigar nos arredores do estádio e também em estações de metrô.

Aproveitando o pretexto dos problemas de ingressos, a SUDERJ deveria rever alguns conceitos e padrões atuais do estádio do Maracanã. Caso contrário, será um argumento a mais para que a Copa do Mundo de 2014 saia do território brasileiro.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ataque de nervos



Num duelo marcado por intensidade de ambos os lados, a serenidade colocou na marca do pênalti o poder que alguns jogadores têm de se abala psicologicamente com facilidade. Em clássico de três pênaltis assinalados, o atacante Dodô (alvo de críticas da torcida vascaína desde a perda da Taça Guanabara) errou nas duas oportunidades que teve, enquanto o flamenguista Adriano, que viu a briga com a noiva Joana Machado afetar sua escalação nas partidas anteriores, precisou de apenas uma cobrança para fazer o Flamengo vencer o Vasco no Maracanã.

O único ataque que se sobressaiu no Clássico dos Milhões foi o "ataque de nervos" entre todos os jogadores e espectadores. Vágner Love e Adriano pouco se movimentavam na área vascaína, enquanto Dodô e Rafael Coelho se escondiam entre os zagueiros flamenguistas.

Os coadjuvantes das equipes também não contribuíam tanto. Vinícius Pacheco já esteve em dias melhores, enquanto seu adversário Philipe Coutinho fazia a melhor partida como profissional no Vasco da Gama - mas se ressentia da pouca colaboração dos atacantes vascaínos, da ausência de Carlos Alberto e de sua pouca estrutura muscular. Isto fazia com que ele perdesse boa parte das divididas com os defensores rubros-negros.

No setor defensivo, o gramado era molhado por uma chuva torrencial de pontapés, em especial com o zagueiro Gustavo, do Vasco, e o volante Williams do lado do Flamengo. Os laterais das duas equipes derrapavam nas curvas, e tinham receio de arriscar um pouco mais, temendo a possibilidade de colocar tudo a perder.

Nas cobranças de pênalti, o Maracanã coroou mais uma vez o goleiro acostumado a abafar o grito de gol de um atacante. Por mais que as cobranças de Dodô não tenham sido muito inspiradas (em especial a primeira, na qual o atacante praticamente atrasou a bola para o arqueiro), o camisa 1 demonstrou segurança e o mérito de ir no mesmo canto em que a bola foi chutada.

A falta de vibração de Dodô contrasta agora com o nervosismo da torcida vascaína e torna ainda mais denso o clima em São Januário. E a vitória por 1 a 0 no clássico dá ao Flamengo a certeza de que em momentos decisivos a equipe pode se defender de jogos à beira de um ataque de nervos.

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BOLA PRO MATO

O tempo e o placar... recomenda a leitores de todas as torcidas que vejam a reportagem Uma viagem ao mundo proibido do Imperador do Mengão. A jornalista Leslie Leitão fez uma investigação corajosa a bem detalhada dos bastidores do universo do atacante Adriano. Está na sessão Ataque, do jornal O Dia. Basta copiar o link abaixo e colar em seu navegador para ler:

http://odia.terra.com.br/portal/ataque/flamengo/html/2010/3/uma_viagem_ao_mundo_proibido_do_imperador_do_mengao_69156.html

domingo, 14 de março de 2010

O clássico da autoestima



Embora o jogo de hoje não valha muita coisa na prática - afinal, independente do vencedor a torcida carioca sabe que Flamengo e Vasco farão as semifinais da Taça Rio ao lado de Fluminense e Botafogo - flamenguistas e vascaínos vão a campo no Maracanã por um fator bem mais importante que os três pontos. O clássico de logo mais decidirá qual time vai manter autoestima suficiente para o ano.

O Flamengo tem fazendo boa campanha no Estadual e tenha duas vitórias na Taça Libertadores da América, mas o rubro-negro ainda se ressente de momentos em que a equipe fica desatenta na partida (em especial nos minutos iniciais das partidas) e tem alguns jogadores instáveis em sua equipe titular, casos do zagueiro Álvaro e do volante Willians. O outro ponto de instabilidade se chama Adriano.

Nem tanto pelo que faz com os pés, afinal, trata-se de um atacante perigoso, mas por sua conduta extracampo comprometer dentro das quatro linhas. A instabilidade emocional e alguns problemas com sua noiva, Joana Machado, vêm roubando a cena nos últimos tempos, a ponto do jogador não ter atuado nos dois últimos compromissos da equipe. Razão para que torne ainda maior a ansiedade sobre o que ele fará na partida contra o Vasco.

Do lado vascaíno, desde a perda da Taça Guanabara para o Botafogo o time parece ter perdido o rumo. Os jogadores, o treinador e, principalmente, a torcida ainda não se recuperaram dos baques, e os efeitos aparecem a cada partida. Os jogadores não se entendem em campo e as vitórias surgem, mas sempre de maneira suada contra times com menor tradição e qualidade, Vágner Mancini passou a fazer esquemas malucos e substituições esdrúxulas e os torcedores se afugentaram de São Januário e do Maracanã.

Uma derrota no clássico pode ser mais cara para o Vasco. Mancini há muito tempo vem sendo motivo de críticas, e elas chegaram aos muros de São Januário (com membros da diretoria e até mesmo com alguns jogadores). No entanto, os torcedores deveriam pegar leve com os atletas e até tentar dar um pouco de credibilidade ao técnico. O Vasco mudou completamente do time do ano passado para agora. É visível a falta de entrosamento dos jogadores. Uma sucessão de maus resultados acaba abalando o técnico, que recorre sempre a mudanças no esquema tático e deixam o time parecendo uma colcha de retalhos de homens perdidos em campo.

O Flamengo almeja ganhar a Taça Rio, e uma vitória sobre o Vasco daria o embalo para chegar às semifinais com a força de quem tem força para disputar com os grandes clubes cariocas. Por mais que a torcida queira um título internacional, ir bem no Estadual ajuda a ter maior motivação na Taça Libertadores da América.

Não se pode dizer que uma vitória vá colocar para escanteio todos os focos de crise que passam pelos muros de Vasco e Flamengo. Eles vão continuar, e talvez por muitas competições. Só que os três pontos podem ser, do lado rubro-negro um bom caminho para a afirmação, e do lado vascaíno, um bom caminho para o alento.

As cartas da autoestima estão postas na mesa para contar os motivos de o clássico válido pela quarta rodada da Taça Rio mereça o prestígio de todos os torcedores. Ao menos para aliviar, por 90 minutos, o esvaziamento total deste Campeonato Carioca.

sábado, 13 de março de 2010

Elemento surpresa



No ano do centenário corintiano, o atacante contratado para ser o símbolo do time vê pela frente uma ameaça incomum de sua carreira. Devido às suas partidas em 2010, Ronaldo tem chance de ir para o banco de reservas.

A habilidade do jogador não entra em questão. O talento de Ronaldo é bem maior do que todas as outras opções corintianas de ataque. No entanto, o momento dele é bem aquém tanto de suas atuações do ano passado quanto de suas apresentações durante toda a carreira.

Do outro lado, vem o atacante Dentinho, que, através do bom futebol, conseguiu se sobressair a outros jogadores mais badalados para a posição - desde Souza, que chegou no ano passado, passando por Iarley, que veio para o ano do centenário. Há algumas partidas, a "cria" do Parque São Jorge vem salvando a equipe (na vitória por 1 a 0 sobre o São Caetano pelo Campeonato Paulista e no empate em 1 a 1 com o Independiente de Medellín, da Colômbia) e começa a ser vista por Mano Menezes como titular.

Mano faria o caminho de colocar uma promessa que tem sido eficiente nas partidas e sacar do time titular um jogador que é sinônimo de chance de gol (mas que a cada partida fica previsível o peso da idade e dos quilos a mais). E se Dentinho revelar-se um jogador de segundo tempo? E numa partida em que a equipe está lenta, Ronaldo vai ser uma opção de velocidade?

Ronaldo se tornou o "elemento surpresa" que o Corínthians tem como adversário no ano em que completa 100 anos. Os corintianos esperam que o camisa 9 não siga o exemplo das outras "estrelas" que vieram para montar o "supertime" (Roberto Carlos, Tcheco, Iarley...) e resolva se apagar num ano de comemoração para o clube.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Quatro linhas, 12 de março de 2010





Satisfação!

O programa Quatro linhas está no ar, com seu DEBATEBOLA. Nossos repórteres-comentaristas passeiam pelos gramados, falando dos seguinte assuntos:

TABELA DO CAMPEONATO BRASILEIRO, SÉRIE A

OS BRASILEIROS NA TAÇA LIBERTADORES DA AMÉRICA

A EXPECTATIVA PARA A PARTIDA ENTRE FLAMENGO E VASCO

COPA DO BRASIL

E A CHAMPIONS LEAGUE


Com VINÍCIUS FAUSTINI fazendo o pivô e FLÁVIO DE SÁ deixando para trás a marcação adversária, você fica cara a cara com informação ao dar o PLAY. É o novo jornalismo esportivo brasileiro atacando na Internet, com opinião e sem intervenção.

Duração: 72 minutos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Goleadas no placar e no talento



Só mesmo um resultado atípico seria capaz de roubar a cena numa noite em que times brasileiros entraram em campo pela Taça Libertadores da América. Nem o excelente resultado do Flamengo na Venezuela, vencendo o Caracas por 3 a 1, nem o empate em 1 a 1 do Corínthians com o Independiente de Medellín na Colômbia foram capazes de superar o brilho da vitória do Santos na Copa do Brasil.

No jogo de volta do confronto com o Naviraiense (do Mato Grosso), o time santista sobrou em campo, e apresentou à torcida da Vila Belmiro todas as suas armas. A soberana vitória por 10 a 0 pareceu até injusta, diante de tanto bom futebol que a trupe do Santos apresentou.

A goleada foi também democrática. André marcou três, Neymar e Madson marcaram duas vezes na partida. Os outros gols foram distribuídos entre Paulo Henrique Ganso, Robinho e Marquinhos. Todos jogadores que aparecem claramente em ascensão no cenário do futebol brasileiro. E isto não é uma análise feita a partir de um jogo contra um time modestíssimo.

Desde o início do ano, o Santos se mostra um time bem armado, unido e que se arrisca a jogar por música em momentos como o desta quarta-feira. A esperança agora é de que o time não sofra mudanças até a metade de 2010 (quando vem a "janela" e quando termina o prazo do empréstimo de Robinho). Afinal, time que está ganhando não se mexe. Em especial se estiver dando goleadas no placar e no futebol-arte.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Futebol de resultados?



A derrota na final da Taça Guanabara para o Botafogo continua a ecoar na Colina de São Januário. Desde a perda do título, o Vasco não apresenta mais atuações convincentes, e os resultados são muito magros para um Campeonato Carioca marcado pela pouca qualidade dos times pequenos.

A forma de Vágner Mancini tentar amenizar a desconfiança vascaína é a mais objetiva: o time perdeu somente uma vez no ano, e tem um aproveitamento muito bom. É verdade, a mais pura verdade, e por isto os torcedores deveriam dar uma credibilidade maior ao trabalho dos jogadores. Entretanto, é inadmissível que os atletas tenham se abatido tanto com a derrota, a ponto de tomarem sufoco de equipes como Bangu e Boavista (os dois jogos mais recentes).

O "futebol de resultados" é uma tônica corriqueira nos últimos anos. Mas um pouco de convencimento na hora das vitórias é sempre relevante, ainda mais durante o Campeonato Carioca. Afinal, um pouco de moral não fará mal ao Vasco, que este ano retorna à Série A do Campeonato Brasileiro.

Às vésperas do jogo contra o Flamengo, Vágner Mancini precisa armar o time com um mínimo de organização (coisa que não aconteceu na partida contra o Boavista). Caso contrário, o resultado pode ser negativo para o Vasco e desastroso para a trajetória de Mancini no comando vascaíno.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Vidraça praiana



Enquanto vários clubes tradicionais fazem campanhas com pouca credibilidade e têm atuações bem aquém de sua história, o Santos mostra um bom começo de trabalho. Além de ser o líder do Campeonato Paulista, o time vem apresentando partidas bem convincentes aos olhos dos torcedores.

A contratação de Dorival Júnior foi crucial para este recomeço. Após levar o Vasco de volta à Primeira Divisão do futebol brasileiro no ano de 2009, o técnico promete um trabalho cercado de seriedade para fazer o time santista ter dias melhores. Mas tem uma grande vantagem em relação aos vascaínos: o Santos tem um elenco melhor do que o do time carioca na Série B. Ao contrário de muitas partidas do Vasco na Segunda Divisão, Dorival pode lançar mão de um esquema ofensivo, pois tem excelentes homens de frente e o meio-de-campo e a zaga são confiáveis.

O retorno de Robinho ao futebol brasileiro foi outra bênção para o alvinegro praiano. Com o apoio dele, a meninada de talento formada por nomes como André, Paulo Henrique Ganso e Neymar ganhou mais maturidade em campo. Nada melhor do que um jogador de maior experiência (e com experiência no futebol internacional e na Seleção Brasileira).

Estes fatores transformaram o time sem vontade e que fez um Campeonato Brasileiro somente como figurante no ano de 2009 num Santos que se candidata ao título paulista e pode almejar boas colocações no Campeonato Brasileiro. Do jeito que está, o alvinegro praiano promete ser o alvo dos demais clubes da competição nacional.

domingo, 7 de março de 2010

Pá de cal



Desde o final da década de 1990 os campeonatos estaduais vêm se esvaziando por todos os cantos do país. Com o Campeonato Brasileiro agora nos moldes do calendário europeu (em dois turnos, todos os 20 clubes jogando entre si), a questão fica mais alarmante ainda: o inchaço das competições fica inversamente proporcional à qualidade das partidas e de público ano após ano.

Sim, muitas agremiações precisam disputar as competições estaduais, pois diante dos clubes de maior expressão podem conseguir alguma renda que valha para o restante de ano sem emprego. A rivalidade dentro do estado tem seu charme entre os times grandes. É a chance de equipes pequenas terem seus momentos de glória - assim como alguns jogadores podem ter seu destaque por quatro meses (os campeonatos geralmente duram entre janeiro e maio).

No entanto, o amadorismo é que parece soberano a cada temporada. Os horários ficam cada vez mais esdrúxulos - nos meios de semana, as partidas ocorrem ou às sete e meia (cedo para quem sai do trabalho) ou perto das dez da noite (corre o risco da partida ter fim somente na madrugada do outro dia). Os preços aumentam, e afugentam o torcedor que não acha tão relevante acompanhar uma partida que tem final mais previsível - e futebol mais previsível, às vezes previsivelmente fraco. E, com as transmissões na televisão aberta ou paga, fica mais cômodo de assistir aos jogos.

Na rodada de meio de semana do Campeonato Carioca, Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo juntos levaram seis mil pagantes (os dois últimos fizeram jogo em rodada dupla no Engenhão). Em São Paulo, o Palmeiras levou três mil torcedores na derrota para o Santo André, e o Santos, em Jundiaí diante do Paulista, teve oito mil espectadores. Afinal, para que acompanhar a fase classificatória se há garantia de que as equipes vão se sobressair na disputa pelo título?

Pelo visto, não adianta tomar mais nenhuma medida capaz de ressuscitar os campeonatos estaduais. A única solução viável que as federações parecem oferecer a torcidas e clubes é entregar a pá de cal para sepultar de uma vez a organização destes torneios.

sábado, 6 de março de 2010

DEBATEBOLA QUATRO LINHAS





Satisfação!

Devido a problemas técnicos, o DEBATEBOLA QUATRO LINHAS gravado ontem chega ao ar neste sábado para todos vocês que acessam nosso blogue. E o novo jornalismo esportivo brasileiro ataca na Internet para falar sobre:

AMISTOSO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

CAMPEONATO CARIOCA

CAMPEONATO PAULISTA

CAMPEONATO GAÚCHO

CAMPEONATO MINEIRO

UM GIRO POR OUTROS CAMPEONATOS ESTADUAIS

AMISTOSOS INTERNACIONAIS


Na tabela entre VINÍCIUS FAUSTINI E WILLON FRAGOSO.

Basta dar o PLAY que a comunicação está no ar!

Duração: aproximadamente 100 minutos.

O inevitável



Por mais que Adriano tenha voltado ao Flamengo para reencontrar sua alegria de jogar futebol, trata-se de um jogador que está sempre na iminência de ver seus problemas particulares falando mais alto do que seu desempenho em campo. Desta vez, as noitadas vieram acompanhadas de um incidente.

Adriano chegara de Londres (onde atuou no amistoso da Seleção Brasileira contra a Irlanda, na terça) e saíra com outros colegas de clube para um baile funk na favela da Chatuba. Durante a festa, a noiva do jogador, Joana Machado, quebrou o carro dele e danificou os carros de outros jogadores rubro-negros.

Um episódio de descontrole da moça que põe em xeque algumas condutas da diretoria do Flamengo em relação a Adriano. Primeiro: Adriano chegou da viagem e já estava liberado do treino. Mesmo depois de ele se arrastar em campo na partida do Brasil e às vésperas de um jogo do Flamengo pelo Campeonato Estadual. Não bastasse, em virtude do problema com a noiva, o jogador também está liberado de viajar com o grupo para a Venezuela, onde o time vai jogar quarta-feira contra o Caracas, na segunda partida da Taça Libertadores da América.

Oito dias sem treinar, incidente em noitada, poucos gols em 2010 e a forma física longe do ideal (ele mesmo admite isto). Não seria a hora de torcida e clube pararem de idolatrar e de dar regalias a Adriano e exigir um pouco mais de empenho do atacante? Ah, é verdade. Daqui a pouco ele marca dois gols sobre um time pequeno e todos esquecem estes incidentes...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Dominó em verde e branco



A vitória sobre o São Paulo na semana passada pareceu ser mesmo um alarme falso. O Palmeiras mais uma vez saiu de campo com uma derrota no Campeonato Paulista - desta vez para o Santo André, por 3 a 1, em pleno Palestra Itália. Um resultado que torna o próximo jogo ainda mais decisivo para as pretensões alviverdes, não só no torneio, como também diante de sua torcida, que entoou gritos de "time sem-vergonha".

Não parece que qualidade seja o problema dos palmeirenses. O elenco está no mesmo nível de boa parte dos clubes brasileiros, e conta com bons jogadores como Diego Souza e Robert, além de um líder como Marcos. O problema vem de cima, e, infelizmente, está afetando desde o final do ano passado o desempenho do Palmeiras em campo.

Um presidente que tem lampejos de exaltação, e vocifera contra árbitro por se insinuar logrado numa partida, retrata bem a situação da diretoria palmeirense. O problema não é meramente lidar com amadorismo: o Palmeiras tem em sua direção pessoas com a mesma sensatez de fanáticos de arquibancada.

Não adianta trocar de técnico - em especial impedir um trabalho a longo prazo de Muricy Ramalho para arriscar no nome do desconhecido Antônio Carlos Zago. Isto somente atropela ainda mais uma equipe. Ela ainda se adequava ao esquema anterior, com novos reforços e uma tática que ainda estava sendo montada. Na partida contra o Santo André, Antônio Carlos anunciou que a prioridade ia ser para o toque de bola. Iria funcionar em apenas algumas semanas de treino?

O Palmeiras não perdeu apenas por 3 a 1. Saiu de campo expulso e recebido com vaias e ofensas pela torcida o meia Diego Souza - que ao final do ano passado recebeu o prêmio de Craque do Brasileirão.

Do jeito que as coisas andam, o "efeito dominó" ainda tende a derrubar muita coisa no Palestra Itália. E, pelo jeito, é este o jogo que presidente Luiz Gonzaga Beluzzo gosta de fazer. O Palmeiras não tem na diretoria nenhum estrategista neste "jogo de xadrez" chamado futebol.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O novo Romário



É inevitável a comparação. Oito anos depois do período pré-Copa do ano de 2002, o técnico Dunga passa pelo mesmo problema de Luiz Felipe Scolari. A poucos meses da Copa do Mundo daquele ano, Felipão insistia em não convocar o atacante Romário, mesmo com a imprensa e boa parte da opinião pública pedindo. Hoje, as pessoas pedem o nome de Ronaldinho Gaúcho.

A diferença do ano do penta para 2010 é bem grande: no ataque de 2002, a Seleção Brasileira tinha nomes como Ronaldo e Rivaldo. E neste ano? O Brasil tem somente Kaká como jogador de destaque no meio-de-campo. O outro jogador que poderia mostrar tanto talento quanto Ronaldinho Gaúcho - Ramires - não vem apresentando muita coisa com a camisa amarela. A tendência é de que, mais cedo ou mais tarde, ele seja sacado para entrar Elano, meia com características um pouco mais defensivas.

Após hibernar nos gramados, com péssimas atuações no Milan, Gaúcho vem sendo decisivo em algumas partidas pelo Campeonato Italiano. Não muitas, mas o suficiente para superar em termos de popularidade alguns jogadores que estão na Seleção Brasileira mas amargam a reserva nos clubes europeus.

No entanto, este período de hibernação nos últimos anos (tanto em seu clube quanto nas partidas modorrentas que fez pela Seleção Brasileira) custou caro ao jogador. Pelo que apresentou nas vezes em que esteve em campo pelo Brasil, de fato, Ronaldinho Gaúcho não mereceria estar entre os 23 convocados.

Por mais que nomes como Elano, Ramires e Júlio Baptista tenham incontestavelmente futebol inferior à genialidade de Ronaldinho, eles passam confiança por sua estabilidade - característica fundamental para Dunga. E, por melhor que Ronaldinho Gaúcho esteja em seu clube, o que vale para o técnico são mesmo as atuações na Seleção Brasileira.

terça-feira, 2 de março de 2010

Repartição pública



Em sua última partida antes da convocação final para a Copa do Mundo, a Seleção Brasileira teve comportamento de funcionários de uma repartição pública. Burocracia tanto para atacar quanto para entrar numa dividida. No fim das contas, a fraquíssima seleção da Irlanda fez bem o papel de figurante, saindo de campo com uma derrota por 2 a 0 - um gol contra de Keith Andrews e um de Robinho.

A partida de hoje também acentuou uma deficiência no Brasil: depender exclusivamente de Kaká para que as bolas cheguem no ataque não é a solução ideal, ainda mais num meio que tem os botinudos Gilberto Silva e Felipe Melo e um inoperante Ramires. O primeiro nome que vem à cabeça da torcida é Ronaldinho Gaúcho. Por mais que ele ainda não esteja em sua melhor forma, parece ser uma boa opção - melhor do que sacrificar Daniel Alves, como foi na primeira substituição do jogo de hoje.

A deficiência da lateral-esquerda ainda dá margem para dúvidas. Michel Bastos acertou alguns bons cruzamentos em cobranças de escanteio. Mas ele parece muito discreto quando parte para o ataque. Infelizmente, a dúvida da torcida se estende ao técnico Dunga.

Com a maioria dos jogadores tentando se poupar para a Copa do Mundo (mesmo a 100 dias dela), restou aos reservas a graça do jogo. Além de Daniel Alves, Grafite se apresentou bem, com boas jogadas, e dando o último passe para Robinho ficar na cara do gol - na única boa jogada em 90 minutos. Nilmar partiu para o gol a cada bola recebida, como sempre, e deveria ter sido o titular ao lado de Robinho. Carlos Eduardo demonstrou vontade, o que parece ser suficiente para receber uma chance de Dunga.

Afinal, numa repartição pública só há espaço para os mesmos empregados - estejam bem ou mal. Mas, mesmo muito descrente, a torcida ainda faz votos de que a burocracia do amistoso de hoje não esteja na lista de convocados da Copa do Mundo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Boletim Giro pelos estaduais - primeiro de março de 2010





Olá, amigo internauta.

A bola rolou nos principais campeonatos estaduais. E você fica sabendo de um panorama geral aqui na Rádio Quatro Linhas e no blogue O tempo e o placar..., com o nosso boletim GIRO PELOS ESTADUAIS com VINÍCIUS FAUSTINI.

Passam por aqui:

OS QUATRO GRANDES DO RIO DE JANEIRO

OS GRANDES DO CAMPEONATO PAULISTA

DESTAQUES DO CAMPEONATO MINEIRO

A DECISÃO DO PRIMEIRO TURNO DO CAMPEONATO GAÚCHO


Basta dar o PLAY e a comunicação está no ar.

Duração: aproximadamente 15 minutos.