terça-feira, 31 de março de 2009

Futebol fora de hora



Já faz algum tempo que o Brasil se acostumou a ter na TV aberta dois horários fixos de futebol por semana. A semana começa com a transmissão de partidas no horário das 16h e tem uma nova etapa de emoções futebolísticas na quarta-feira - inicialmente, passadas às 21h30, mas, com as constantes mudanças na programação da TV Globo, os jogos costumam, atualmente, acontecer perto das 22h.

A força da emissora é tanta que ela padronizou até mesmo os horários do futebol da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Geralmente, o horário dominical fica mais maleável, pois não se trata da busca por uma fidelidade diária de audiência (foi o caso da partida entre Equador e Brasil anteontem, exibida a partir das 18h). É mais comum que o escrete nacional jogue em território brasileiro no meio de semana, para que a emissora não corra risco de ter sua programação adulterada pelo esporte no qual ela tanto investe. Será o caso do confronto entre Brasil e Peru, marcado para amanhã em Porto Alegre às 21h50.

Entretanto, uma recente determinação com relação a jogos da Seleção Brasileira vem sendo bem negativa para os campeonatos de futebol do país: toda vez que o Brasil joga, não pode ser realizada nenhuma partida entre clubes. Com isto, as rodadas dos torneios ficam espremidas entre os jogos brasileiros, criando horários absurdos para a realização de partidas.

Foi o caso do sábado recente do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Um importante confronto entre Fluminense e Botafogo (tanto por sua tradição quanto pela importância para ambos os times na Taça Rio) foi jogado para o horário das 20h30 de um sábado - concorrendo com a possibilidade de violência nos arredores escuros do Maracanã e com os atrativos noturnos do fim de semana. Resultado: somente 24 mil pessoas se dispuseram a acompanhar a vitória do tricolor por 2 a 1, de virada.

Mas a situação não fica restrita ao fim de semana. Como se não bastasse a estupidez de alguns jogos de quarta terminarem à meia-noite, em semanas de partidas da Seleção Brasileira equipes se enfrentam na mesma hora, só que em uma terça ou uma quinta-feira. Será o caso de hoje, quando Macaé e Vasco se enfrentarão no Maracanã pelo Campeonato Carioca, e Corínthians e Ituano disputarão no Pacaembu uma partida válida pelo Campeonato Paulista - ambas previstas para começar às 21h50.

Conforme apontou Gérson em sua coluna de hoje do Jogo extra (no jornal Extra), estes constantes dias e horas banalizam o futebol e, em especial, os jogos da Seleção Brasileira - que deveriam ser a grande atração da semana, e não "mais um jogo de futebol para o povo assistir". E, pasmem, tudo isto começou com o advento da TV a cabo.

Com a aparente intenção de trazer a "democracia futebolística" e transmitir os jogos de várias equipes nos seus diversos canais de pay-per-view, a TV a cabo, aos poucos, foi criando horários diferentes de início das partidas, para que não perdesse nenhuma torcida "de sofá". E acabou deixando o futebol distribuído entre a programação que convém à cúpula das emissoras.

Resta ao torcedor ter de adequar seu horário à programação confusa de emissoras de TVs abertas e a cabo. Mesmo que o futebol esteja fora de hora.

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BOLA PRO MATO


O Flamengo enfrenta hoje o Americano, em Campos, e, se vencer, tem grandes chances de assegurar sua vaga na semifinal da Taça Rio com uma rodada de antecedência. A equipe conta com a estrela de Josiel, que não só andou brilhando nas duas últimas rodadas, como também se tornou um dos artilheiros do Campeonato Estadual (com 11 gols, ao lado de Bruno Meneghel, do Resende). A torcida rubro-negra já o chama de "Jesus", por conta da barba e de seus cabelos grandes. Depois de penar com um ataque inoperante em algumas partidas (a ponto de contratar Emerson para a posição), será que o rubro-negro achou um Messias para levar a equipe ao caminho do gol?

segunda-feira, 30 de março de 2009

Cautela indigesta



Em seu discurso depois do empate da Seleção Brasileira com o Equador pelo placar de 1 a 1, o técnico Dunga procurou se apegar ao fato do Brasil ter conseguido um ponto a mais na classificação, resultado melhor do que nas duas Eliminatórias anteriores (tanto nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002 quanto para a Copa de 2006, o time brasileiro saiu de Quito com uma derrota por 1 a 0). A declaração do treinador evidencia uma desastrosa tendência que vem acontecendo no futebol brasileiro - a prioridade por não levar gols.

Um dito popular diz que "cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém". Entretanto, a cautela excessiva de Dunga, que ontem escalou o Brasil com três volantes (Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano) diante da seleção que está em sétimo lugar na classificação das Eliminatórias, fez muito mal aos olhos da torcida brasileira. Para um país que se acostumou a assistir à ascensão de atacantes donos de grande talento e responsáveis por belos gols, hoje fica difícil ter de ver como representantes da pátria jogadores botinudos, que preferem jogar no erro do adversário a se arriscar na área do outro time. E o pior: ter como "melhor jogador da equipe" um goleiro - por mais que Júlio César seja um excelente camisa 1, o fato de um jogador desta posição ser o destaque geralmente acontece em times medíocres, que atuam na retranca (como bem apontou Juca Kfouri na sua coluna de hoje do jornal Folha de S. Paulo).

O argumento de que "é bom conseguir um ponto fora de casa" também é difícil de ser digerido. Sim, nas circunstâncias em que o Brasil esteve ontem - sendo mero figurante em campo - de fato, o empate foi um resultado de alívio. Mas, além de ver maus momentos em campo, a torcida viu um time que teria chance de assegurar o segundo lugar nas Eliminatórias despencar para o quarto, devido às vitórias da Argentina (por 4 a 0 sobre a Venezuela) e do Chile (que venceu o Peru por 3 a 1, em terras peruanas).


A dois dias de mais um jogo da trajetória rumo à Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o Brasil tem uma chance de se redimir do mau futebol apresentado ontem. Desta vez, a adversária é a Seleção Peruana (que está em último lugar no torneio) e o local do jogo é o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Uma partida que pode ser redentora para o Brasil. Mas só se a cautela de Dunga não for indigesta para os torcedores que irão ver a Seleção Brasileira na quarta.

domingo, 29 de março de 2009

Bomba no final derruba vitória brasileira em Quito




Nem mesmo o gol de Noboa, que fez com que a vitória brasileira escapasse no finzinho, torna o empate em 1 a 1 com o Equador um mau resultado para a Seleção Brasileira. Em uma partida pífia, o Brasil foi envolvido pela seleção equatoriana e sofreu um "bombardeio" durante todos os 90 minutos. Se não fossem o gol de Júlio Baptista (na foto) e as grandes defesas de Júlio César, a Seleção sairia de Quito com uma derrota vexatória.

Jogando de acordo com a ordem do técnico Sixto Vizuete, que pediu para "sufocar o Brasil desde o início da partida", o Equador chegou à área brasileira pela primeira vez com 33 segundos - uma bola que Luisão desviou com dificuldade. Com um minuto e meio, a equipe equatoriana já conseguira outras duas chances de gol - a mais clara, com Benítez, que concluiu de cabeça, numa bola que passou à direita de Júlio César.

A Seleção Brasileira respondeu aos três. Numa boa jogada iniciada por Ronaldinho Gaúcho, Luís Fabiano tocou para Robinho que, de calcanhar, encontrou Marcelo livre. O lateral deu um bom chute que resvalou nos dedos do goleiro Cevallos, mas o árbitro sinalizou tiro de meta. Quem esperava que o Equador começasse a se intimidar, se enganou. Três minutos depois, Mendez cobrou falta por cima do travessão. Aos oito, uma grande chance equatoriana: Ayoyí arriscou de longe, para Júlio César espalmar.

O Equador prosseguia em sua pressão, caracterizada por muitas tentativas ao gol. Com 14 minutos, mais uma vez a bola parada deixou a Seleção Brasileira apreensiva. Mendez cobrou falta rasteira, que Júlio César espalmou com dificuldade. No rebote, novamente o camisa 1 evitou o grito de gol da torcida equatoriana, caindo praticamente nos pés de um jogador do Equador.

O Brasil continuava acuado em seu campo, e praticamente assistia às constantes chances perdidas pela Seleção do Equador. O time só voltou a chegar perto da área equatoriana aos 19, mas o cruzamento de Maicon foi para fora. Nesta jogada, o lateral-direita sentiu uma contusão, e foi substituído por Daniel Alves. Dois minutos depois, novamente a torcida brasileira ficou apreensiva. Em um chute perto da grande área, Valencia mandou uma bola com destino ao ângulo, que explodiu na trave.

O amplo domínio do Equador era visível também com relação à defesa. A primeira falta da equipe foi aos 28 minutos (contra seis brasileiras). Na cobrança de falta perto da área, Ronaldinho Gaúcho desperdiçou a chance, com seu chute acertando a barreira. A Seleção teve outras duas oportunidades aos 30, mas ambas esbarraram na zaga equatoriana. Aos 33, quase a zaga do Brasil deixou de ser um obstáculo para o Equador abrir o placar: Daniel Alves errou passe, e fez com que Luisão tivesse de entrar na frente de Benítez para evitar a conclusão. O camisa 13 quase se redimiu de seu erro aos 38, mas seu chute passou rasteiro, à esquerda de Cevallos.

Mas, apesar do Equador ter diminuído seu ritmo no jogo, a Seleção Brasileira continuava envolvida pelo adversário. Foram sucessivos escanteios cedidos e o nervosismo estendido até a reclamações com a arbitragem depois de mais uma chance perdida pelo Equador. A tensão se refletiu em duas atitudes do meia Elano. A primeira, aproveitar que duas bolas estavam em campo para interromper o ataque do Equador. A segunda, uma falta infantil que lhe rendeu um cartão amarelo, aos 43 minutos. O jogador ainda tentou amenizar o número de chances perdidas pelo Equador, dizendo, em entrevista no intervalo, que o adversário somente teve "mais posse de bola". Mas quem assistiu ao primeiro tempo notou que o empate em 0 a 0 parecia um resultado injusto pelos primeiros 45 minutos.

O início do segundo tempo não foi diferente do mostrado no início do jogo. Mais uma vez, os equatorianos pressionavam a Seleção Brasileira, que se defendia de maneira atabalhoada. Logo aos cinco minutos, a seleção anfitriã teve duas chances - uma cabeçada de Caicedo que Júlio César encaixou e um chute de Benítez para fora. No minuto seguinte, o Brasil chegou à área equatoriana com Marcelo, que caiu na área e pediu pênalti, mas o juiz deu somente escanteio. Na cobrança, Luisão concluiu de cabeça, mas a bola foi para fora. Aos 12, depois de boa jogada de Valencia, Benítez chutou à esquerda de Júlio César. No minuto seguinte, o goleiro brasileiro espalmou para escanteio uma finalização de Benítez.

Aos 15, o primeiro lampejo brasileiro na segunda etapa. Um passe de Robinho encontrou Luís Fabiano livre. O camisa 9 chutou no meio do gol, para defesa de Cevallos. Logo em seguida, Dunga fez a segunda alteração no Brasil: Elano deu lugar a Josué, uma visível tentativa de recuar ainda mais a equipe. A Seleção Brasileira escapava graças a Júlio César, com suas boas saídas de gol nas constantes cobranças de escanteio e em defesas como a que fez aos 17, quando impediu gol claríssimo de Guerón.

Aos 25, Dunga fez uma substituição decisiva para o panorama do jogo. Sob vaias, Ronaldinho Gaúcho saiu para entrar Júlio Baptista. Em sua primeira jogada, no minuto seguinte, o atacante jogou Robinho pela esquerda. O camisa 11 lançou, a bola passou por Luís Fabiano mas encontrou Júlio Baptista livre. Ele arriscou, a bola bateu na trave, resvalou nas costas de Cevallos e entrou no gol: Brasil 1 a 0.

Com o resultado negativo, o técnico Vizuete fez a primeira alteração do Equador. Aos 28, o meia Guerón deu lugar a Noboa. O Brasil começou a ter espaços para jogar, e vieram boas oportunidades de ampliar o resultado - numa delas, uma cobrança de falta de Daniel Alves que Cevallos tirou com dificuldade. Tendo a atitude como aliada, o Equador continuava tentando, principalmente nas bolas paradas. Ayoví tentou duas vezes - uma parou em uma defesa em dois tempos de Júlio César e a outra saiu por cima do travessão. Aos 39, foi a vez de Valencia cobrar uma falta para fora.

A Seleção Brasileira jogava no contra-ataque, e por duas vezes Luís Fabiano perdeu a chance de fazer o segundo gol. A primeira, à meia altura, teve defesa de Cevallos, e no rebote, o camisa 9 chutou na trave, aos 43.

Só que no minuto seguinte a vitória brasileira escapou. Depois de cruzamento na esquerda, Júlio César conseguiu salvar a tentativa de Benítez, mas não teve como evitar a bomba de Noboa. 1 a 1.

Com o empate, o Brasil chega aos mesmos 19 pontos da Argentina (que ontem derrotou a Venezuela por 4 a 0), mas está inferior aos "hermanos" por causa do saldo de gols - o que torna ainda mais importante a vitória na partida contra o Peru, quarta-feira, em Porto Alegre. A expectativa pela (remota) possibilidade de Kaká se recuperar a tempo de jogar pela Seleção no Estádio Beira-Rio veio à questão no fim do jogo em Quito. Mas o que a torcida brasileira espera mesmo é que o bombardeio da camisa amarela na área adversária apareça na quarta-feira. E, desta vez, que a "amarelinha" esteja vestindo os jogadores da Seleção Brasileira.

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EQUADOR 1x1 BRASIL

Estádio: Olímpico Atahualpa (em Quito, no Equador).

Árbitro: Carlos Chandía.

Gols: Júlio Baptista aos 26 e Noboa aos 44 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Elano, Gilberto Silva, Marcelo, Daniel Alves (Brasil), Ayoví (Equador).

EQUADOR - Cevallos, Reasco, Espinoza, Ivan Hurtado e Ayoví; Castilho, Méndez, Valencia e Guerón (Noboa); Benítez e Caicedo (Palácios). Técnico: Sixto Vizuete.

BRASIL - Julio César, Maicon (Daniel Alves), Lúcio, Luisão e Marcelo; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano (Josué) e Ronaldinho Gaúcho (Júlio Baptista); Robinho e Luis Fabiano. Técnico: Dunga.

sábado, 28 de março de 2009

Convocação pelo nome



Às vésperas de mais dois jogos importantes válidos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, mais uma vez o Brasil não terá Kaká em campo. Mesmo contundido, a estrela do Milan foi chamada entre os 22 atletas que defenderão a Seleção Brasileira nos dois jogos rumo à Copa de 2010.

A imprensa esportiva defendeu o técnico da Seleção, alegando que era uma forma de "enturmá-lo" à equipe, porque se trata de um dos intocáveis jogadores brasileiros. São poucos os jogadores que carregam tanto futebol, e o país necessita que ele esteja bem e unido com os demais atletas que vão representar o Brasil. Afinal, a Seleção é para jogar futebol ou para ter contatos sociais?

Ao que parece, Dunga permanece com critérios contraditórios ao convocar os jogadores do futebol brasileiro. O treinador abre espaço para testes com atletas que se destacam no futebol do exterior, mas insiste em convocar alguns nomes que visivelmente não estão em condições de jogo ou passam por maus momentos em campo - caso atual de Ronaldinho Gaúcho.

E, mesmo em sua contradição, a coerência continua num dado lamentável: o técnico permanece não tendo olhos para os jogadores do Brasil. Será que, realmente, o fato de ser bem sucedido em países como a Rússia, a Hungria, a Itália ou Alemanha faz com que o jogador seja tão superior aos que estão atuando em campos brasileiros?

Com isto, o Brasil da "Era do treinador Dunga" prossegue por mais dois jogos trazendo dois caminhos duvidosos para a Seleção Brasileira. De um lado, "estrangeiros" entram em campo com a camisa amarela. Do outro, o nome bem sucedido é sinônimo de convocação - e dá margem a situações esdrúxulas, como Kaká estar no Brasil, mas não poder jogar pelo Brasil. O sucesso ou insucesso da fórmula de Dunga, somente o tempo, ou melhor, os dois tempos dos dois jogos que virão na semana que vem, dirão.

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Postagem dedicada ao amigo e comentarista oficial de O tempo e o placar..., Marcos Fontelles, que trouxe a questão em uma (ótima) conversa que este pretenso cronista que vos escreve teve com ele pelo MSN. Muito obrigado pela ajuda de sempre, és praticamente um parceiro deste espaço. Há muito tempo já merecia um post em parceria.

sexta-feira, 27 de março de 2009

90 minutos de fama



A tão criticada fórmula do calendário brasileiro, que insiste na realização de campeonatos estaduais no início do ano, às vezes traz algumas boas surpresas nos torneios entre equipes do mesmo estado. São os "azarões", beneficiados pelo fato de os grandes regionais ainda não estarem com suas equipes bem montadas, que às vezes surgem com seus 90 minutos de fama.

A situação vem acontecendo de maneira corriqueira nos campeonatos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Entretanto, em ambos os estados isto acontece por conta do atual nivelamento por baixo dos clubes neste período de temporada. A ascensão acontece de maneira a encher os olhos dos torcedores mesmo nas partidas do Campeonato Paulista.



Entre 2000 e 2008, os "pequenos" paulistas sempre tiveram representantes na fase semifinal do torneio, e chegaram à finalíssima em cinco das oito edições do Campeonato Paulista. O ápice do sucesso num campeonato veio em 2004, quando São Caetano e Paulista de Jundiaí disputaram o título - com vitória do "Azulão" de São Caetano do Sul. Entretanto, em todas as outras, as equipes pequenas foram derrotadas nas finais do Estadual de São Paulo.

Graças ao Estadual, a imprensa esportiva conheceu nomes como União Barbarense, Portuguesa Santista, Santo André, São Caetano, Botafogo de Ribeirão Preto, Noroeste, Paulista de Jundiaí, dentre outros. Alguns conseguiram alçar voos em competições internacionais - casos de Santo André e Paulista, ambos campeões da Copa do Brasil e automaticamente credenciados para a Libertadores (em 2004 e 2005, respectivamente), e de São Caetano, que mesmo tendo vice-campeonatos no Brasileiro, na edição de 2002 da Taça Libertadores da América disputou a final e (novamente) foi derrotado.

Que torcedor de São Paulo iria imaginar que, para conhecer um dos finalistas do Campeonato Paulista, teria de assistir a um confronto entre Guaratinguetá e Ponte Preta? Pois na edição de 2008, ambos desbancaram os "grandes" Santos e Corínthians dentre os quatro primeiros colocados do Paulistão.

Alguns fatores contribuem para os 90 minutos de fama dos "pequenos" paulistas. O primeiro deles é o de que seus jogadores não são muito visados por times do Brasil e do mundo. Com isto, eles podem manter suas bases e tornar a equipe mais entrosada - ao contrário dos times da elite do futebol brasileiro, sempre sujeitos às janelas abertas para o exterior. Como no início de ano é corriqueiro que as equipes troquem suas "caras" (até mesmo o São Paulo, clube de maior estrutura no país, está sujeito a isto), às vezes a falta de entrosamento é um adversário a mais em campo.

Por isto, é bom que os paulistas estreantes na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro este ano - Santo André e Barueri - tomem cuidado, pois suas equipes correm o risco de ser desmanteladas para os jogadores reforçarem outros clubes de maior expressão e de maior poder aquisitivo no país. A graça da ascensão e da queda de quatro clubes por ano tem este ingrediente a mais: qual a equipe que subiu irá se manter com este adversário difícil da elite do futebol?

Além disto, há o inchaço do Campeonato Paulista. São 20 clubes que disputam a primeira divisão do torneio - designada como Série A-1. A possibilidade de algum dos 16 clubes surpreender é bem considerável. Ainda mais que, pela superioridade dos times paulistas, alguns deles são invariavelmente credenciados para disputar no primeiro semestre a Taça Libertadores da América - casos atuais de São Paulo e Palmeiras - e escalam times mistos ou reservas em seus jogos no Estadual para, obviamente, tentarem a conquista da mais importante disputa sul-americana.

Atualmente, a Portuguesa está em quarto lugar na classificação do Campeonato Paulista, tomando a vaga do Santos (em quinto) - e ambos estão ameaçados pelo Santo André, sexto colocado. Resta à Lusinha (do bom jogador Edno, na foto em jogo do ano passado) ou ao Ramalhão de Santo André (do veterano Marcelinho Carioca, na foto disputando uma bola no duelo contra o Corínthians) tentarem eliminar a equipe santista e, assim, dar a algum "pequeno" a chance dos 90 minutos de fama no Campeonato Estadual de São Paulo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Próxima parada?



Quando as regras do futebol foram definidas, a mais importante em relação a infrações foi o pênalti. Caso alguma falta fosse cometida na "grande área", um jogador teria direito a executar uma cobrança frontal ao gol, na qual somente o goleiro estaria à frente do cobrador.

Com o decorrer dos anos, uma artimanha tornou a cobrança da penalidade máxima ainda mais atraente: a "paradinha". Consagrado pelo "Atleta do Século" Pelé (inclusive na cobrança de pênalti que gerou seu milésimo gol na carreira, mostrada na foto desta crônica), o recurso da "paradinha" consiste no jogador partir para a cobrança, mas parar antes de chutar para o gol. Com isto, o goleiro já está no chão, e só resta ao batedor acertar a bola do outro lado.

Durante todas estas décadas, a FIFA alterna entre proibir e permitir a "paradinha" em uma cobrança de pênaltis - atualmente, o uso dela está liberado. De fato, o recurso acaba sendo prejudicial para os goleiros, que, além de precisarem adivinhar o canto no qual os cobradores vão tentar colocar a bola, têm de se preocupar se é ou não um "alarme falso" na hora da cobrança.

Entretanto, em alguns momentos, a "paradinha" acaba sendo prejudicial para o cobrador. Ontem, no finalzinho do jogo entre Vasco e Mesquita, em São Januário, o atacante Élton chamou para si a responsabilidade de cobrar o pênalti a favor da equipe cruzmaltina. Ao partir para a bola, o camisa 9 parou e, mesmo com o goleiro Fernando estático no meio do gol, conseguiu desperdiçar a cobrança.

No ano passado, foi também pelo Vasco que outros dois batedores foram traídos pela vontade de enganar os goleiros adversários. Uma delas foi na disputa de pênaltis contra o Sport (válida pela semifinal da Copa do Brasil). Edmundo deu a "paradinha" que não era de seu costume, mas ao chutar, isolou a bola - depois de vencer no tempo normal por 2 a 0, a tentativa do camisa 10 ajudou a sacramentar a derrota do time carioca para os pernambucanos na disputa de pênaltis, pelo placar de 5 a 4. Durante o Campeonato Brasileiro, outro atacante vascaíno também perdeu chance na marca de cal. No Mineirão, a equipe era derrotada por 4 a 1 para o Atlético Mineiro, e coube a Leandro Amaral a responsabilidade de, ao menos, diminuir a vergonha cruzmaltina naquela noite. Entretanto, o atacante hesitou na hora de cobrar, e no chute definitivo, a bola foi por cima do travessão atleticano.

Para o alívio de Élton, o resultado do jogo do Vasco ontem foi positivo - uma vitória por 2 a 1. Mas tanto ele quanto os demais jogadores que decidem fazer as cobranças de penalidades máximas devem ficar atentos, porque a "paradinha" que tanto atrapalha os goleiros pode ser desfavorável para os cobradores de pênalti também. E a próxima parada pode não ser muito agradável para quem desperdiça penalidades máximas.

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BOLA PRO MATO

O Flamengo encontrou no Madureira, ontem, o adversário ideal para tentar ao menos na tabela se recuperar dos dois resultados negativos das rodadas anteriores do Campeonato Estadual. E, principalmente, para recuperar a autoestima de seus atacantes - caso de Josiel, que balançou três vezes a rede do time de Conselheiro Galvão na vitória rubro-negra por 4 a 2 (a vitória foi sacramentada com um pênalti convertido pelo lateral Juan). Por mais que o resultado ainda não seja garantia de classificação (o time está em segundo lugar, mas empatado em número de pontos com Botafogo, líder, e Bangu, terceiro colocado), os flamenguistas já começam a tentar confiar em seu time de coração.

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BOLA NA ARQUIBANCADA

Mais dois gols de Ronaldo, desta vez diante da Ponte Preta. Sim, ele leu O tempo e o placar..., e aquele sorriso não engana: toda vez que balança as redes, deve ter um certo deboche destinado a este pretenso cronista esportivo que vos escreve.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Evolução rumo às vitórias



O recente fim de semana do futebol brasileiro mostrou que duas equipes que passaram por momentos negativos dentro das quatro linhas, aos poucos apresentam dentro de campo suas reestruturações. É bem verdade que as partidas eram válidas somente por uma rodada dos campeonatos estaduais que elas disputam, mas vitórias contra equipes de grande expressão sinalizam que o caminho do trabalho pode estar certo.

A vitória por 1 a 0 do Corínthians diante do Santos deu ao técnico Mano Menezes a certeza de que a equipe está equilibrada, e os resultados diante de times de ponta do Campeonato Paulista são considerados como os "pilares da evolução". Nos empates contra São Paulo e Palmeiras (ambos pelo placar de 1 a 1), Mano valorizou a maturidade dos jogadores, que conseguiram se livrar de adversidades para evitar a derrota - contra o tricolor paulista, o Timão conseguiu arrancar o empate mesmo com um jogador a menos, e diante do alviverde, o empate veio aos 48 minutos do segundo tempo, num gol de cabeça marcado por Ronaldo.

Vivendo uma fase de recomeço após jogar a Segunda Divisão em 2008, o Corínthians tenta fazer um bom Campeonato Paulista para enxergar boas perspectivas na sua volta à Série A em 2009. E, segundo o treinador corintiano, o jogo contra o Santos foi crucial para comprovar, com os três pontos da vitória, que a equipe pode dar novas alegrias ao "bando de loucos" da Fiel.



Depois de fazer em 2008 o caminho inverso ao do Corínthians, o Vasco vem passando pela mesma reestruturação em seu futebol. Além da mudança em sua presidência, o ano de 2009 apresentou uma equipe formada por vários "desconhecidos" da imprensa esportiva, que tornaram o time de São Januário um mero "azarão" no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.

No entanto, aos poucos a equipe foi se ajeitando, em especial pelo trabalho sério e a longo prazo realizado por seu técnico, Dorival Júnior. Outro fator importantíssimo para a evolução do clube salta aos olhos dos vascaínos. Se, no ano passado, os torcedores acompanharam um time capitaneado por um jogador capaz de semear discórdia (o ex-camisa 10, Edmundo), hoje o Vasco apresenta um futebol com bastante união. Nota-se que em cada gol da equipe, todos os jogadores comemoram.

O segundo gol vascaíno sobre o Flamengo anteontem também traz a marca de uma equipe que tem o objetivo em comum de reerguer o clube. Ao iniciar a jogada na direita, o atacante Rodrigo Pimpão ouviu Dorival Júnior gritar que tinha um jogador livre do outro lado. Em vez de tentar fazer tudo sozinho, Pimpão lançou Jéferson, que colocou a bola no fundo das redes flamenguistas.

Os 2 a 0 contra os rubro-negros foram mais uma boa ajuda para o Vasco seguir sua trajetória na importante tentativa de fazer com que o time volte para a Primeira Divisão do futebol brasileiro. Ao lado do empate em 0 a 0 contra o Fluminense (no qual revelou uma defesa sólida, na qual, com um jogador a menos, aguentou a pressão tricolor) e da goleada por 4 a 1 sobre o Botafogo (aclamado como a mais bem arrumada equipe carioca), o bom resultado de domingo foi mais um "pilar da evolução" cruzmaltina.

Naturalmente, tanto Mano Menezes quanto Dorival Júnior sabem que os campeonatos estaduais não são parâmetro para dizer que os bons resultados se repetirão nos torneios nacionais (a história comprova isto, em especial no desempenho dos times cariocas em campeonatos brasileiros a partir da metade da década de 1990). Mas a presente evolução de Corínthians e Vasco já é um importante passo rumo às vitórias, depois de tantas derrotas dentro e fora de campo pelas quais estas equipes passaram.

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BOLA PRO MATO

Pela terceira vez consecutiva, ontem o Fluminense começou uma partida em desvantagem e virou para 3 a 1. Com isto, muitos estão afirmando que o tricolor carioca é o novo "time da virada". No entanto, não pode ser considerado um mérito tão grande a equipe começar perdendo seus jogos diante de Macaé, Bangu e, no jogo de ontem, diante do Friburguense. Carlos Alberto Parreira tem de cobrar mais atenção de seus jogadores, para o time não precisar passar mais por sustos como os das últimas partidas.

terça-feira, 24 de março de 2009

A "maldição das camisas"





Em uma época na qual os jogadores trocam de clube constantemente (acabando com a identificação de um jogador com uma equipe), o futebol brasileiro agora dá margem a uma situação bem curiosa envolvendo dois times do Rio de Janeiro. Depois que um atleta passa por algum destes clubes, sua carreira tem uma mudança gradativa na próxima equipe que defende.

O Flamengo, que muitos afirmam ter uma camisa que "pesa" tanto nos jogadores que a vestem quanto no momento em que o time está num jogo decisivo, sofre um efeito desfavorável quando contrata seus jogadores. Considerados donos de um bom futebol, atacantes como Diego Tardelli e Marcelinho Paraíba não tiveram tanto destaque com a camisa rubro-negra, e foram dispensados do clube. Depois de cruzar pela última vez os portões da Gávea, Tardelli fez suas malas e foi defender o Atlético Mineiro - e agora é um dos goleadores do Estadual de Minas Gerais. Paraíba, que trocou recentemente o Rio de Janeiro pelo Paraná, em sua estreia pelo Coritiba já marcou um gol. Isto só para enumerar os casos mais recentes dentre os ex-rubro-negros.

Já no Botafogo vem acontecendo o inverso. Os constantes salários atrasados fizeram com que a equipe de 2008 fosse completamente desmantelada. Dos 11 titulares, somente três cruzaram 2009 com a camisa botafoguense. Pois esta atitude foi pior para os jogadores. Destaques alvinegros no time bem armado por Ney Franco no ano passado, Túlio e Jorge Henrique hoje são reservas do Corínthians, e Lúcio Flávio, hoje no Santos, não chega nem perto do jogador fundamental do Botafogo nos anos anteriores. A exceção até o momento é o meia Carlos Alberto, que vem atuando bem em outra equipe do Rio de Janeiro - o Vasco.

Os símbolos deste sucesso ou insucesso da "maldição das camisas" hoje pende (e negativamente) para o lado do Flamengo, dentro e fora de campo. Contratado para ostentar a camisa 10 que outrora foi do "Galinho de Quintino" Zico, Zé Roberto foi repatriado por conta de seu sucesso no time de General Severiano. No entanto, passadas algumas partidas no ataque rubro-negro, ele ainda não rendeu o esperado do jogador que foi em 2008.

A mesma situação vem de fora das quatro linhas. Após ter seu trabalho no Botafogo exaltado pela crítica esportiva, Cuca chegou ao Flamengo com a promessa de aumentar a galeria de troféus da equipe da Gávea. Até o momento, os resultados não têm sido positivos para o time e já se cogita numa possível saída do treinador (em especial depois de domingo, com a derrota por 2 a 0 para o Vasco).

Ainda há muito chão na caminhada pelas glórias do ano de 2009. E a cada jogo vem um novo desafio para os atletas desmentirem ou comprovarem se há, de fato, a "maldição das camisas".

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Este post é dedicado a Sérgio Dantas, o Palhinha, que durante muitos anos foi repórter esportivo do Jornal do Brasil. Este que vos escreve tem o privilégio de o conhecer desde os tempos de O Pasquim 21 (lugar no qual eu era estagiário e ele trabalhava como revisor). Atualmente, Palhinha é um grande amigo que sempre encontro num boteco aqui na rua onde eu moro. Como torcedor botafoguense que é, foi ele quem apontou a "maldição da camisa do Botafogo", e acabou dando a ideia para esta crônica.

Agora, este pretenso cronista esportivo deixa a palavra com vocês. Há, de fato, esta "maldição das camisas" de Flamengo e Botafogo?

segunda-feira, 23 de março de 2009

Clássico dos Milhões e da superação no Maracanã



Convivendo com uma época na qual a tendência era perder em qualidade, os dirigentes e o treinador se atabalhoarem e a torcida abandonar a equipe, eis que o Vasco apresenta no campo uma ótima sequência de jogos que não se via há muito tempo. A vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo no jogo realizado ontem no Maracanã mostrou superação e, acima de tudo, a união de um time que permanece disposto a trazer dias melhores para a caravela cruzmaltina.

Já era um bom sinal para o clube o que vinha das arquibancadas. Quem foi ao jogo percebeu que a torcida vascaína dividiu o Maracanã com os flamenguistas (até mesmo na arquibancada branca, que costuma ser, digamos, o "critério de desempate" entre a torcida do Flamengo e o público que apoia o time adversário). A vontade de jogar junto com os 11 atletas cruzmaltinos foi tanta que nem mesmo as faixas provocativas dos flamenguistas ("antes vice, agora segundona") e o número dois que a arquibancada adversária insistia em mostrar abateram os torcedores do Vasco.

Nisto vai um motivo crucial, apontado na seção Bola pro mato da coluna de ontem de O tempo e o placar...: pela primeira vez em décadas, os vascaínos de dentro e de fora do gramado não trataram o "Clássico dos Milhões" como um "campeonato à parte". A vitória era desejada, o Flamengo foi respeitado como a imponência que sempre teve e tem. Só que a intenção vascaína neste ano é fazer um trabalho extenso, no qual cada resultado faz parte de um caminho para o título. Talvez o fim do "peso" da importância em demasia (inflada por Eurico Miranda) tenha feito a diferença na partida de ontem.

Vasco e Flamengo entraram em campo e, desde o início, promoveram um jogo aberto, disputado, digno do grande público (cerca de 73 mil torcedores) que esteve lá para assistir. A partida começou equilibrada, mas desde o início ficou desenhado que, para ambos os lados, a saída era pela direita. Do lado vascaíno, foi através dela que, depois de fazer a quarta falta em 15 minutos, Willians foi expulso depois de uma entrada em Carlos Alberto.

E eis que veio o primeiro momento de superação na partida. Mesmo em desigualdade numérica em campo, o Flamengo passou a dominar a partida - e saindo pela direita, por onde Léo Moura deitava e rolava sobre Ramón e Titi. Foi por este lado que a equipe da Gávea teve três oportunidades - todas desperdiçadas mais pelo demérito do ataque (formado por Josiel e Zé Roberto) do que pelo mérito da defesa vascaína. Aliás, após a partida, o treinador Dorival Júnior chamou atenção para algumas falhas no setor.

Cerca de 20 minutos depois da expulsão de Willians, o Vasco teve sua primeira expulsão da noite. Mesmo com o bandeirinha marcando impedimento, Carlos Alberto continuou a jogada e colocou a bola no fundo das redes. Como a regra afirma que o jogador que toma esta atitude deve ser punido, o capitão levou um cartão amarelo. Era o segundo do jogo e, com isto, o jogador foi expulso. Mas nesta jogada o que chamou atenção não foi o camisa 19 do Vasco ter sido punido, nem a "perseguição" que o meia aparentemente possa estar sofrendo. O que é triste de assistir é à dubiedade do goleiro Bruno. Em campo, o camisa 1 foi o primeiro a pedir o cartão amarelo ao jogador (pois sabia que o adversário ficaria com 10 homens em campo). Mas, fora de campo, o rubro-negro deu razão ao atleta vascaíno - que afirmou não ter ouvido o apito do árbitro e, por isto, teria continuado a jogada - e disse também não ter escutado a ordem de que o jogo parasse. Qual dos dois Brunos está falando a verdade? O de campo ou o que deu a entrevista ao final do jogo?



Mas foi depois deste lance que a superação trocou de lado. Sem seu capitão, o Vasco equilibrou a partida, e começou a ameaçar o gol rubro-negro. No melhor lance do primeiro tempo, Élton chutou uma bola na pequena área, que passou rente à rede do goleiro Bruno. Mas o 0 a 0 foi o placar mais justo do primeiro tempo.

Veio o segundo tempo e os ventos pareciam mais favoráveis ao Flamengo. Não só pelo Vasco estar agora sem Carlos Alberto, como também pela entrada de Obina no lugar de Josiel. Por mais que o camisa 18 estivesse passando por um jejum de gols, o atacante sempre balançou redes vascaínas no clássico. Aos três, uma clara chance de inaugurar o placar foi desperdiçada, quando, livre, Obina deu um chutão que passou bem longe do gol de Tiago.

Só que aos oito minutos do segundo tempo, veio o momento crucial para o panorama do jogo. Novamente através do apito do juiz Luiz Antônio Silva dos Santos. Depois de dar um carrinho nas pernas do lateral-esquerda Ramón, Léo Moura foi expulso de campo. Como se iria notar nos minutos seguintes, estava selado o destino rubro-negro. Primeiramente, quando o fato aconteceu numa noite na qual outro jogador que faz a diferença no meio-campo do Flamengo - Ibson - atuava de maneira displicente.

E, depois de três minutos de paralisação, porque a cobrança de falta rasteira de Nilton passaria por uma confusão de pés de vascaínos e flamenguistas dentro da área. Depois de resvalar no pé de Obina, a bola sobraria limpa para Élton se redimir do gol perdido no primeiro tempo, e chutar sem chances para Bruno. 1 a 0 Vasco, aos 11 minutos.



Dois minutos depois, mais uma prova de fogo para o jogo. Éverton Silva tentava uma jogada pela intermediária, e sofreu falta de Ramón. O árbitro puniu o lateral-esquerda com cartão amarelo e, como era o segundo do jogador, ele também foi expulso.

Só que, mais uma vez, no Maracanã o que falou mais alto foi a superação. Em uma jogada iniciada por Élton, Rodrigo Pimpão encontrou Jéferson livre do outro lado da área. O camisa 10 não teve dificuldade para tocar na saída de Bruno e fazer 2 a 0 para o Vasco, aos 14 minutos. Além da superação do decorrer do jogo, este gol trouxe dois atletas se superando. Depois de pecar pela imaturidade no início do ano (falando que seria o artilheiro do Estadual e chamando Romário e Roberto Dinamite, ex-ídolos do Vasco, de "museu") e ser barrado do time titular, Pimpão novamente saiu da reserva para dar o passe de um gol vascaíno. Pivô da eliminação do Vasco na Taça Guanabara - a discutível perda de seis pontos da equipe aconteceu por causa da escalação do jogador na derrota por 2 a 0 para o Americano, na primeira rodada - Jéferson passou por cima também dos que criticam seu futebol para fazer o segundo gol da noite.

Com a desvantagem ainda maior, o Flamengo passou a partir cada vez mais para o ataque, mas esbarrou num crônico problema de suas equipes recentes. Mais uma vez, o time tenta realizar suas jogadas de maneira atabalhoada (ainda mais sem a qualidade de Léo Moura, que, mesmo improvisado por Cuca no meio-de-campo, é uma peça fundamental para o rubro-negro) e acaba perdendo para seus próprios erros.

Nos acréscimos, mais um jogador foi expulso - o zagueiro vascaíno Titi, também depois de levar o segundo cartão amarelo. Apesar do número atípico de expulsões (seis, se contar a expulsão do treinador Cuca), todas elas aconteceram de maneira correta conforme o padrão estabelecido desde o início por Luiz Antônio Silva dos Santos.

Em jogos apitados por juízes que são rigorosos desde o início da partida, a solução para os jogadores de ambas as equipes é atuar de acordo com o que é apresentado. Em vez de aumentar o número de reclamações (até porque, árbitros geralmente não voltam atrás em suas decisões dentro de campo), resta aos jogadores tentarem ser menos violentos e moderarem nas reclamações.

Aliás, nesta questão, Luiz Antônio foi mais um árbitro carioca a deixar passar por cima uma péssima conduta que se arrasta pelos últimos anos. Em todas as faltas marcadas ou duvidosas, o zagueiro flamenguista Fábio Luciano vai para cima dos árbitros e reclama acintosamente. Em alguns momentos parece até que o jogador quer pegar o apito do juiz. Ontem, ele recebeu cartão amarelo, mas, pelas inúmeras vezes que reclamou, deveria também ter sido expulso.

Assim como o goleiro Bruno, que, nos últimos minutos da partida, cometeu uma falta perigosa e bem longe da área. Quando o lateral-esquerda Edu Pina (que entrara no lugar de Jéferson na reta final do jogo, para recompor o lado esquerdo vascaíno) arrancou sozinho pelo lado esquerdo, Bruno correu para a lateral e, cheio de vontade, deu um chute para a lateral. Além da bola, a chuteira dele acertou a cabeça do jogador vascaíno, que teve de ir para o hospital em observação e pode não atuar no jogo diante do Mesquita, na quarta-feira. Por mais que se diga que a consequência para o atleta foi uma fatalidade, o retorno de Bruno correndo para o gol e, em seguida, ele fingir que estava sentindo a perna direita, confessam que ele tinha certeza de que fez uma falta dura e estava com receio de prejudicar seu time.

No Clássico dos Milhões, as superações vascaínas fizeram a diferença no Maracanã e deixaram o Vasco ainda mais confiante de que está no caminho certo para recuperar sua vaga na Série A do futebol brasileiro. Do lado rubro-negro, a crise gerada por uma dívida de R$ 350 milhões e por mais um mau resultado em campo podem sobrar, inclusive, para a cabeça do técnico Cuca. Agora, é a vez do Flamengo tentar superar suas adversidades.

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VASCO 2x0 FLAMENGO

Estádio: Maracanã

Gols: Élton, aos 11 e Jéferson aos 14 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Carlos Alberto, Ramon, Titi, Nilton, Jéferson, Fernando e Elton (Vasco); Willians, Aírton, Ronaldo Angelim e Fábio Luciano (Flamengo).

Expulsões: Willians e Léo Moura (Flamengo) e Carlos Alberto, Ramon e Titi (Vasco).

VASCO: Tiago, Paulo Sérgio, Fernando, Titi e Ramon; Amaral, Nilton, Jéferson (Edu Pina) e Carlos Alberto; Alex Teixeira (Rodrigo Pimpão) e Elton (Léo Lima). Técnico: Dorival Júnior.

FLAMENGO: Bruno, Everton Silva, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Aírton (Everton), Willians, Ibson e Léo Moura; Zé Roberto (Kleberson) e Josiel (Obina). Técnico: Cuca.

domingo, 22 de março de 2009

Reforço de peso nas costas



Além de anunciar que o atacante Ronaldo voltaria aos gramados vestindo sua camisa alvinegra, o Corínthians buscou se cercar de outras contratações, para formar uma equipe que jogaria em função do camisa 9. O Timão buscou alguns nomes no estado do Rio de Janeiro, como o volante Túlio e o meia Jorge Henrique (ambos do Botafogo), e foi até o futebol grego para reforçar o seu ataque.

De lá do Parathinaikos, o atacante SOUZA veio não só com o intuito de fazer companhia para o Fenômeno na linha de frente corintiana, mas também ser o "homem de referência" na cara do gol adversário. Mesmo estando há poucos meses na Grécia (para onde tinha ido em meados do ano de 2008, depois de um ano não muito brilhante no Flamengo), o retorno ao Brasil foi um alento para o atacante, que jogou quatro vezes e marcou somente dois gols. Em sua volta, ele afirmou que não se entendeu com técnico e diretoria de lá, e era a hora de retornar ao país.

Passados os primeiros meses de 2009, Souza parece não estar se entendendo novamente com um treinador - desta vez, Mano Menezes - e menos ainda com a bola. De todas as partidas que jogou,o jogador só balançou as redes uma vez, e numa cobrança de pênalti.

A imprensa paulista se pergunta: onde foi parar o futebol de Souza? Este que vos escreve ousa dizer que, na verdade, bom futebol nunca foi o forte do jogador. Até mesmo seu maior momento como atleta - a artilharia do Campeonato Brasileiro de 2006 - é um tanto quanto questionável. Afinal, com a bendita "janela" do Brasileirão, que faz com que bons jogadores possam ser negociados durante o torneio, os nomes que despontam na artilharia vão embora rapidamente. Com isto, os 17 gols num campeonato com 38 rodadas acaba sendo "suficiente" para ostentar o título de artilheiro.

Quem bem definiu o "estilo" do atacante Souza foi o colunista Fernando Calazans, do jornal O Globo: "é o tipo de jogador que, quando não faz gol, é o pior da partida". Muitos vão dizer que todos os atacantes são assim, que o problema da falta de gols ocorre por causa do meio-de-campo. Só que, quem assiste às suas partidas, percebe que ele nem sabe como tentar uma ligação com os armadores de seu clube.

O pior é que o jogador muitas vezes tropeça na bola e, cada vez mais, são raros seus lampejos de boas jogadas. Se era interesse do Corínthians ter um companheiro para Ronaldo, o ideal seria contratar um jogador que saiba dialogar com seu parceiro de ataque, e não só tivesse fama de goleador (fama, aliás, injustificável nos últimos momentos).

Agora, o Timão arca com um prejuízo não só de três milhões de euros (preço que pagou junto ao Parathinaikos para trazer o atacante), como também do salário do atacante, que é o segundo maior da folha corintiana. Tudo isto para um reforço que se revela um peso nas costas da equipe alvinegra.

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BOLA PRO MATO

Depois de semanas modorrentas desta pré-temporada de luxo denominada Campeonato Estadual, o domingo de São Paulo e do Rio de Janeiro terá duas partidas bem atraentes. Na capital paulistana, o primeiro "duelo de gerações" entre o promissor Neymar e o consagrado Ronaldo, no confronto entre os alvinegros Santos e Corínthians.

No Rio, o embate entre Flamengo e Vasco, um confronto que revela facetas diferentes do que se tinha imaginado que seria o panorama das equipes para o ano. Festejado como a melhor equipe carioca, o rubro-negro joga contra o descrédito de sua própria torcida, ainda ressabiada com a eliminação para o Resende na semifinal da Taça Guanabara. Do outro, a equipe cruzmaltina e sua surpreendente campanha, quando muitos achavam que iria demorar para se erguer novamente depois da queda para a Série B do Campeonato Brasileiro no ano passado.

Os times também passam por situações diferentes fora de campo. Se, na época do ex-ditador Eurico Miranda, o Vasco fazia provocações e tratava as partidas contra o arquirrival como um campeonato à parte, hoje a equipe dirigida por Dorival Júnior considera o confronto do Maracanã como um grande desafio a mais no caminho de preparação para a disputa da Série B. Já na Gávea, por mais que seja uma partida que valha apenas três pontos, o jogo é tratado como decisivo, em especial para o técnico Cuca, que pode deixar de ser o treinador do Flamengo num eventual fracasso. Momentos dentro e fora de campo à parte, não dá mesmo para apontar qual será o favorito da partida que começa às 18h no Maracanã.

sábado, 21 de março de 2009

Os meninos do Brasil tipo exportação



O calendário esportivo mal chegou à metade dos campeonatos estaduais e o Brasil já escolheu suas promessas do ano. São jogadores que têm pouca idade, bom futebol, muito investimento e uma grande expectativa para os clubes que os revelaram. É o país apostando em novos nomes para seu futebol.

O primeiro deles já estreou e chamou muita atenção com a camisa do Santos. NEYMAR, de 16 anos, entrou em campo e encheu tanto os olhos da torcida santista que foi comparado a Robinho e até mesmo a Pelé. Sim, pode parecer um exagero de torcida (ou do próprio futebol brasileiro) carente por craques, mas, se a tão rigorosa imprensa paulista já prevê um futuro promissor para o garoto, provavelmente seja com razão.



Do estado vizinho, o Rio de Janeiro, vem outro jogador cultuado como novo craque a maravilhar os olhos do futebol brasileiro. Mas que não por muito tempo ficará nos gramados daqui. Com os mesmos 16 anos de Neymar, PHILIPPE COUTINHO já está com seu passe vendido à Internazionale, de Milão, desde o ano passado. O meia ainda ficará duas temporadas atuando pelo clube que o revelou, o Vasco, até completar 18 anos. O time de São Januário conseguiu isto através de uma regra recente da FIFA, que só permite que um jogador saia do país quando for maior de idade. Por mais que os dirigentes italianos tivessem usado um artifício aprovado em lei (o atleta pode ir com menos de 18 anos para o exterior se estiver junto com algum responsável que esteja com emprego lá fora), o Vasco bateu o pé e conseguiu manter Coutinho integrado ao seu elenco.

O dado curioso em relação a Philippe Coutinho é que ele ainda não estreou em jogos profissionais, mas todos os vascaínos já depositam nele grandes esperanças - em especial num ano decisivo, no qual o clube busca subir novamente para a Primeira Divisão do futebol brasileiro. Embora tenha ido para a pré-temporada em Vila Velha (no Espírito Santo) com os profissionais, o técnico Dorival Júnior ainda não o integrou definitivamente entre os profissionais - provavelmente por cautela de "queimar" o jogador antes da hora. Aliás, devido à carência de bons jogadores, muitos atletas promissores subiram para os profissionais do Vasco antes da hora e seus rendimentos foram abaixo do esperado (casos de Morais e do atual titular no ataque vascaíno Alex Teixeira).

Philipe Coutinho segue a mesma trajetória de Alexandre Pato, que mal atuou pelo Internacional e já estava de malas prontas para a Itália, se tornando mais um brasileiro a vestir a camisa do Milan. Pelo que vem mostrando nas partidas pela equipe júnior do Vasco (na preliminar dos jogos do Campeonato Estadual, há partidas do futebol júnior do Rio de Janeiro), já pode-se enxergar que se trata de um grande jogador, merecedor da camisa 10.

Agora, torcidas de Santos e Vasco (e por que não dos demais clubes brasileiros?) devem ficar atentos a Neymar e Philippe Coutinho, os novos meninos do Brasil, e valorizar bastante cada partida na qual eles estejam em campo. Afinal, com o novo panorama do futebol, todos sabem que os meninos que estão no Brasil fatalmente encherão os olhos também de dirigentes do exterior, fazendo com que eles se tornem mais um produto "tipo exportação", que a torcida só poderá ver mais tempo graças à transmissão de campeonatos estrangeiros ou nas apresentações da Seleção Brasileira.

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BOLA PRO MATO


Na contramão das equipes citadas nesta crônica de O tempo e o placar..., o Flamengo anunciou nesta semana a contratação de dois atacantes. O primeiro anunciado na semana foi Emerson, de 30 anos, que começou no São Paulo mas se consagrou no futebol japonês. O segundo, com trajetória mais modesta, é Alex Cruz, de 23 anos, que vem do Ivinhema de Mato Grosso do Sul (clube que perdeu por 5 a 0 para o Flamengo na primeira fase da Copa do Brasil). Será que o Flamengo desistiu de sua mística frase "craque o Flamengo faz em casa"?

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BOLA NA ARQUIBANCADA

O que espanta na brincadeira de mau gosto que os jogadores do Figueirense fizeram com um companheiro de time - ter de atuar no treino usando uma camisola - não é somente a maldade dos jogadores ou a atitude do treinador Roberto Fernandes, que mostrou não ter pulso firme e qualificou como "brincadeira entre os jogadores" o episódio. O que é de assustar é que num clube ocorra um clima de competitividade no próprio treino. Daqui a pouco, vai ter jogador fingindo que está machucado só para não treinar no time catarinense com medo de se ter de passar por uma situação vexatória.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Imperador ruindo mais uma vez



Parece até cartilha. Mas todos os atuais destaques do futebol brasileiro vêm protagonizando altos e baixos em suas carreiras, em situações dentro e fora de campo. Depois de Ronaldo (que agora "recomeça" sua trajetória no Corínthians), agora é a vez do atacante Adriano chamar atenção por uma carreira tão acidentada.

Promessa no Flamengo, Adriano logo chamou a atenção dos italianos da Internazionale, e trocou os campos do Rio de Janeiro por Milão. Lá, recebeu o apelido de "Imperador" (em alusão ao imperador romano que tem o mesmo nome) e retribuiu o investimento a ele com gols e títulos.

Entretanto, o panorama de sua carreira mudou a partir de 2006 - veio o jejum de gols, e os acontecimentos fora dos gramados passaram a ter mais destaque do que suas atuações em campo. Alguns atribuem sua queda de qualidade ao falecimento do pai, outros à má campanha da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. O jogador ficou mais associado a farras e à indisciplina, fazendo com que a Inter o emprestasse ao São Paulo. E eis que, nos seis meses que vestiu a camisa do tricolor paulista em 2008, veio a redenção de Adriano: muitos gols e, embora a equipe tenha sido eliminada da Taça Libertadores da América, o atacante saiu festejado pela torcida.

O retorno à Inter de Milão e à Seleção Brasileira eram garantia da volta do bom futebol do "Imperador". Só que Adriano novamente voltaria a fazer parte das páginas esportivas por sua conduta extracampo. Outra vez o atacante se envolveu com noitadas, e deve ser punido pelos dirigentes italianos.

O caso de Adriano tende a ser mais um dentre os muitos jogadores que são talentosos mas se perdem pelo deslumbre com a fama e com a ideia de que, para sempre, receberão os holofotes da imprensa. Foi assim com grandes jogadores, como os recentes casos do lateral Eduardo, que jogou no Vasco e no Santos, e os meias Válber, ex-jogador dos quatro grandes do Rio de Janeiro e campeão da Taça Libertadores pelo São Paulo, e Beto, que atuou por Botafogo, Flamengo e, recentemente, defendeu o Vasco.

Nesta nova "baixa" de sua carreira, Adriano corre o risco de ser um "novo" Edmundo: craque aplaudido pela imprensa, mas com temperamento extracampo que pode comprometer suas atuações. É o "Imperador" ruindo mais uma vez.

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BOLA PRO MATO

Na página eletrônica Casaca, favorável a Eurico Miranda, sai a notícia de que a oposição impugnou ata que declarava que o atual presidente do Vasco, Roberto Dinamite, teria mandato até 2011 - o ex-ditador afirma que o clube deve ter novas eleições em 2009, pois Roberto só "está cumprindo" o restante do mandato iniciado em 2006. No jornal Extra, sai uma nota dizendo que uma "fonte" em São Januário afirma que Roberto Dinamite manifestou entre amigos interesse em renunciar à presidência do Vasco. Tudo isto a dois dias de um clássico diante do Flamengo. Eurico Miranda precisa fazer algo mais explícito do que isto para que todos, enfim, percebam que ele não quer o bem do Vasco?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Rebelião uruguaia no Botafogo



Dias depois da equipe golear a Cabofriense por 4 a 0, o Botafogo nesta semana correu o risco de um atrito interno. Parece incrível, mas nem todos estão satisfeitos no time, que é campeão da Taça Guanabara e já está classificado para a final do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.

Reserva do jovem Renan desde o ano passado, o goleiro Castillo tornou pública sua irritação em estar no banco do time da Estrela Solitária. Ele usou o argumento de que deve ser o camisa 1 do time porque é um goleiro de destaque na Seleção do Uruguai. Com toda a experiência que tem em clubes de seu país - Defensor, Huracán e Peñarol - e na seleção uruguaia, Castillo surpreende ao tentar usar da "catimba" para conseguir novamente a posição de titular do gol botafoguense.

Numa atitude individualista, o jogador parece tentar passar por cima de coisas favoráveis ao Botafogo - a boa fase não só do time, como também do goleiro Renan, que solucionou o problema crônico que o alvinegro tinha em relação à camisa 1. Em vez de pleitear sua titularidade, Castillo deveria seguir o exemplo de Tiago, no Vasco. Extremamente criticado no ano passado, o jogador chegou a ser a terceira opção no gol cruzmaltino (preterido em relação aos goleiros Rafael e Roberto). Agora, com a saída dos dois, o goleiro voltou a ter chance e vem conseguindo realizar boas partidas. A ponto do goleiro Fernando Prass, que vinha do futebol português para ser o titular do Vasco, estar na reserva - e, ao que tudo indica, não terá chance tão cedo.

A torcida botafoguense espera que a "rebelião" fora de hora de Castillo seja solucionada tendo o único possível desfecho feliz: que o goleiro com melhor qualidade técnica esteja debaixo das traves do Botafogo. Caso contrário, a Estrela Solitária pode perder um pouco do brilho da excelente campanha que vem fazendo com Ney Franco, e comprometer tanto o trabalho do treinador quanto a possibilidade de voltar a vencer o Campeonato Estadual.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Retrocesso da modernidade



Com o aval da FIFA para ser a sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil já começa a tomar algumas atitudes para que a passagem do mais importante torneio de seleções aconteça sem grandes problemas no território nacional. Dentre as medidas, está previsto o fechamento do estádio do Maracanã no ano que vem, para um período de obras que durará dois anos. Outra decisão relacionada ao futebol foi anunciada na quinta-feira passada, pelo ministro dos Esportes, Orlando Silva - mas relacionada a situações que ocorrem fora das quatro linhas do espetáculo.

Com o intuito de combater a violência nos estádios brasileiros, o Ministério dos Esportes promete ótimas atitudes, como a instalação de catracas e de câmeras de vídeo, como auxílio para identificar os arruaceiros que tanto atrapalham os torcedores de verdade. Entretanto, uma das medidas anunciadas por Orlando Silva chamou a atenção da torcida brasileira.

Está previsto para ter início em junho deste ano um cadastro nacional de torcedores. Caso o torcedor queira assistir a uma partida de futebol, ele precisará portar uma carteirinha emitida pelo Ministério dos Esportes. Segundo o ministro dos Esportes, a regra começará a valer nos Campeonatos Brasileiros das Séries A e B do ano de 2010.

Num primeiro momento, a medida parece uma boa tentativa de organizar as bagunças que acontecem nos estádios brasileiros (além da violência, há outros exemplos de caos, como a forte presença de cambistas nos arredores dos locais de partidas). O governo brasileiro, inclusive, faz uso da modernidade, permitindo que a torcida faça seu cadastro pela Internet.

Entretanto, a medida proposta pelo ministro dos Esportes reflete o panorama dos governos do Brasil. Por mais que o pacote de medidas esteja cercado de boas intenções pela melhoria do futebol como um espetáculo, mais uma vez o país tende a ir para o retrocesso da burocracia.

É bem verdade que o atual sistema de venda de ingressos nas partidas de futebol seja passível de falcatruas, como as entradas pararem na mão de cambistas de torcidas organizadas. No entanto, estes problemas não serão resolvidos somente com um cadastro de torcedores.

Também não será desta forma que a violência deixará de existir. Afinal, se os responsáveis pelos tumultos não puderem entrar no estádio, eles vão achar lugares nos arredores para protagonizarem este espetáculo lamentável.

Infelizmente, a tendência é de que o cadastramento de torcedores afaste a torcida que gosta de ir ao futebol. Diante de tantos empecilhos burocráticos, no fim das contas não valeria a pena passar por tanta coisa somente para ter o direito de ir a um estádio - ainda mais em época de futebol ao alcance de um pay-per-view.

Este que vos escreve torce para estar errado em sua avaliação. Mas, numa primeira impressão, acredita veementemente que o Ministério dos Esportes está mergulhando o futebol brasileiro no retrocesso da modernidade.

terça-feira, 17 de março de 2009

Voa, canarinho, para longe do Brasil



No dia seguinte à boa estreia do filho com as três cores do Fluminense, "seu" Juarez, pai do atacante Fred, afirmou que este era o primeiro passo do jogador para vestir de novo a camisa da Seleção Brasileira. Entretanto, o atual panorama das convocações do treinador Dunga não é tão animador para os atletas que atuam no Brasil.

Na convocação para as próximas duas partidas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo (contra Equador e Peru), somente o zagueiro Miranda, do São Paulo, e o lateral Kléber, do Internacional, atuam em território nacional. Dos demais 20 jogadores, 10 atuam na Itália, três no futebol da Espanha, três na Inglaterra, dois na Alemanha, um na Grécia e um em Portugal.

Além da total falta de identificação que a Seleção outrora tinha (e fazia com que os torcedores de clubes tivessem uma "rixa" sadia para ver qual o jogador de determinado time se saía melhor no futebol canarinho), agora o futebol brasileiro parece cada vez mais desacreditado. A impressão que dá é de que Dunga e a CBF só têm olhos para acompanhar torneios do resto do mundo, se esquecendo que nos clubes brasileiros também é jogado um bom futebol.

A convocação (a lista completa está no final desta crônica) traz situações um tanto quanto curiosas. Mais uma vez, Dunga convocou Kaká - mesmo ele estando contundido, o que provavelmente deva dar dor de cabeça ao treinador, que precisará mais uma vez convocar um jogador às pressas. Ronaldinho Gaúcho há muito tempo não vem tendo boas atuações pelo Milan. Por que deixá-lo sempre entre os 22 escolhidos para representar o Brasil?

Da Seleção Brasileira foram preteridos outros nomes que atuam (e bem) em terras brasileiras. Em vez de dar chance, no meio-de-campo, ao cruzeirense Ramires e ao são-paulino Hernanes, por exemplo, o comandante da Seleção Brasileira persiste nos nomes de Gilberto Silva - que há algum tempo não vem repetindo boas atuações pelo Brasil - e de Josué. Outra convocação esdrúxula no meio é o nome de Felipe Melo, que, segundo dizem as más línguas, só foi convocado para atuar pelo Brasil porque estava prestes a conseguir se naturalizar italiano.

É por causa de situações como estas que, além de boas quantias de dinheiro e possibilidade de um melhor padrão de vida, os jogadores brasileiros tentam sair do Brasil na primeira oportunidade para o exterior. Foi o caso do atual companheiro de clube de Fred, o meia Thiago Neves. O atual camisa 10 tricolor atuou alguns meses no futebol alemão, mas depois de alguns jogos mal sucedidos lá fora, acabou retornando ao Fluminense. Numa declaração infeliz, Thiago declarou que "foi um retrocesso na carreira" o retorno ao clube que o revelou.

Infelizmente, a chance de um jogador "brasileiro de nascimento e de clube" alçar voos maiores na Seleção Brasileira parece cada vez menor na patota de Dunga. Para o treinador, o verso da canção ufanista "voa, canarinho, voa" foi levado a sério, a ponto de ele somente prestigiar atletas que desfilam seu futebol em outros países.

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CONVOCADOS

Equador x Brasil (29/3, em Quito) e Brasil x Peru (1/4, em Porto Alegre)

Goleiros: Júlio César (Inter de Milão-ITA) e Doni (Roma-ITA)

Laterais: Maicon (Inter de Milão-ITA), Daniel Alves (Barcelona-ESP), Kléber (Internacional) e Marcelo (Real Madrid-ESP)

Zagueiros: Lúcio (Bayern de Munique-ALE), Miranda (São Paulo), Thiago Silva (Milan-ITA) e Luisão (Benfica-POR)

Volantes: Gilberto Silva (Panathinaikos-GRE), Josué (Wolfsburg-ALE), Felipe Melo (Fiorentina-ITA) e Anderson (Manchester United-ING)

Meias:
Kaká (Milan-ITA), Ronaldinho Gaúcho (Milan-ITA), Julio Baptista (Roma-ITA) e Elano (Manchester City-ING)

Atacantes: Robinho (Manchester City-ING), Luís Fabiano (Sevilla-ESP), Alexandre Pato (Milan-ITA) e Adriano (Inter de Milão-ITA)

segunda-feira, 16 de março de 2009

A arte de jogar bem em qualquer campo



Depois da incontestável goleada por 4 a 1 sobre o Botafogo no meio da semana, o Vasco manteve o 100% de aproveitamento neste início de Taça Rio com uma vitória por 1 a 0 sobre o Boavista, em Bacaxá, na rodada de ontem. O gol de Fernando (na foto, entre os jogadores Rodrigo Pimpão e Jéferson) no fim do primeiro tempo foi suficiente, mas frustrante para alguns torcedores que esperavam a repetição de uma grande exibição - ainda mais sobre uma equipe de menor expressão no Rio de Janeiro.

Ao final da partida, o discurso usado pelo capitão Carlos Alberto foi que o campo do Estádio Eucy Resende de Mendonça tem péssima qualidade, e atrapalhou a equipe a jogar. A declaração do camisa 19 cruzmaltino traz uma questão: por que os clubes grandes do Rio de Janeiro acham que necessitam de bons gramados para que venham boas atuações?

Não por acaso, desde que o Campeonato Estadual passou a ter o formato atual (dois grupos na primeira fase, depois classificam-se os dois primeiros colocados de cada grupo, e a final é realizada com os vencedores de cada confronto entre o primeiro de uma e o segundo da outra chave), somente na edição passada os quatro grandes clubes foram semifinalistas nos dois turnos. Em 2008, as equipes "grandes" chegaram ao acordo de que não jogariam contra os times "pequenos" no interior - Flamengo e Fluminense mandaram todos os seus jogos no Maracanã, o Botafogo no Engenhão e o Vasco em São Januário.

Neste Estadual de 2009, as coisas mudaram um pouquinho. O quarteto de destaque carioca atua também fora do estado, mas em jogos contra times como Duque de Caxias ou Resende, os confrontos são realizados no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (porque o estádio oferece mais estrutura do que os campinhos destas equipes). Curiosamente, o argumento utilizado para o veto ao Estádio Romário de Souza Faria, o Marrentão, e ao Estádio do Trabalhador (respectivamente, os campos do time da Baixada Fluminense e da equipe do interior do estado) não serviu para o estádio do Boavista. Mesmo com a péssima qualidade do gramado e a capacidade para apenas 5 mil pessoas, o jogo entre Boavista e Vasco foi realizado no minúsculo campo de Bacaxá.

Independente dos deslizes da Federação Estadual do Rio de Janeiro, o Vasco não pode ficar colocando a culpa no gramado por atuações discretas ou fracas em suas partidas. Afinal, o ano de 2009 reserva para a equipe cruzmaltina a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro, que traz um leque de estádios das mais variadas qualidades (ou das mais variadas faltas de qualidades).

Os atletas que hoje vestem a camisa do Vasco precisam entrar em campo com a certeza de que, caso eles queiram fazer o time voltar a figurar entre os melhores do país, todos terão de fazer ótimas exibições. E em qualquer campo.

domingo, 15 de março de 2009

Fred estreia no Fluminense fazendo o que sabe: gols




O Macaé bem que tentou estragar, mas a festa da tarde do Maracanã foi mesmo do Fluminense. Em sua estreia no ataque tricolor, Fred marcou duas vezes e ajudou a equipe a vencer, de virada, por 3 a 1 o Macaé - o outro gol foi marcado por Thiago Neves, e Wallacer, no primeiro tempo, fez o gol macaense. Com a vitória, o Fluminense chega aos mesmos nove pontos do Vasco na Taça Rio. No entanto, o tricolor perde a primeira colocação no grupo para a equipe vascaína (que venceu o Boavista por 1 a 0 em Bacaxá, com gol de Fernando) no critério de saldo de gols.

A primeira boa oportunidade veio aos três minutos de jogo - um cruzamento de Conca que parou nas mãos de Darci. No minuto seguinte, veio o primeiro momento do estreante Fred tocar na bola. Ele recebeu na intermediária, mas, bem marcado por três jogadores do Macaé, não conseguiu dominar a bola. Aos seis, Fred tabelou com Thiago Neves, mas o camisa 10 errou o passe que iria para Everton Santos. Os camisas 9 e 10 do Fluminense continuavam investindo nas tabelas pelo meio, mas não tinham sucesso.

Na primeira jogada tricolor pela direita, após rebatida da zaga do time interiorano, a bola sobrou para o chute de Wellington Monteiro, por cima do gol, aos oito. O Fluminense investia em cruzamentos para a área, pela esquerda com Conca e pela direita com Mariano, mas todos paravam nos zagueiros do Macaé. Como a cobrança de escanteio de Thiago Neves aos 11, na qual a tentativa de voleio de Fred foi interrompida por uma cabeçada para escanteio. Dois minutos depois, o camisa 10 tricolor cruzou, mas a bola parou em outro Fred - no camisa 2 do Macaé, que evitou que seu xará balançasse as redes. A primeira tentativa de ataque do time interiorano veio na jogada seguinte: um chute de Osmar neutralizado pela zaga tricolor.

Aos 16, enfim a primeira jogada a empolgar a torcida do Fluminense. Conca driblou um lateral e tocou para Leandro. O camisa 6 cruzou para Fred, e, na rebatida da zaga, Everton Santos mandou a bomba, mas a bola foi desviada.

Só que na festa da estreia de Fred, o Macaé estava disposto a roubar a cena. Bill recebeu a bola e cruzou para a grande área. Wallacer subiu mais do que os zagueiros tricolores e cabeceou. Fernando Henrique ainda tocou na bola, mas ela foi para o fundo das redes. Macaé 1 a 0, aos 19 minutos, no Maracanã.

Com o placar desfavorável, o Fluminense tentava investir na triangulação entre o lateral-esquerda Leandro e os meias Conca e Thiago Neves, mas sempre sem sucesso. Novamente, foi pela direita que o tricolor chegou mais perto do gol. Aos 27, na sobra de uma cobrança de falta, Conca cruzou para a área. Dividindo a bola com dois zagueiros, Everton Santos tentou o chute, mas foi travado na última hora por André Gomes.

Dois minutos depois, o zagueiro Edcarlos tentou uma jogada individual na área adversária, mas adiantou demais na finalização. Aos 32, duas chances consecutivas perdidas pelo Fluminense. Na primeira, cobrança de falta de Thiago Neves que desviou no pé de Everton Santos e, com dificuldade, Darci espalmou para escanteio. Na outra, o camisa 10 tentou de fora da área, mas o chute saiu fraco.

O Macaé pouco atacava, mas em sua segunda investida trouxe novamente perigo. Aos 36 minutos, depois de uma cobrança de falta de Glauber, o goleiro Fernando Henrique falhou na dividida com Wallacer, só que a bola foi facilmente dominada pela zaga do Fluminense, pois não tinha nenhum jogador da equipe interiorana do outro lado.

A cinco minutos do fim, novamente Thiago Neves perdeu chances do empate do Fluminense. Aos 41, Mariano conseguiu pela primeira vez acertar um cruzamento. O camisa 10 cabeceou livre, mas Darci conseguiu encaixar. Aos 42, Thiago ficou sozinho na pequena área, mas seu chute rasteiro resvalou no goleiro e foi para escanteio.

Nos acréscimos, depois de uma jogada ensaiada na cobrança de falta, Fred deu seu primeiro chute frontal ao gol. A bola desviou na zaga e foi para fora, mas em vez de escanteio, o árbitro preferiu encerrar o primeiro tempo. O time saiu de campo sob vaias, e Carlos Alberto Parreira saiu com a certeza de que teria de mexer em sua equipe para que a festa da estreia de Fred não sofresse estragos.

Parreira já trouxe o Fluminense com uma modificação para o segundo tempo: saiu Romeu para a entrada de Leandro Bomfim. Desde o primeiro minuto, o time pressionou o Macaé, sempre em lançamentos para a área. Aos quatro minutos, Conca entrou na grande área, mas errou na hora do time.

Se os homens de frente não finalizavam, veio dos pés da defesa o primeiro chute tricolor no segundo tempo. Aos cinco, após a rebatida do Macaé, Mariano deu um chutão, que passou por cima do gol de Darci. Dois minutos depois, o Fluminense teve mais uma ajuda para melhorar sua atuação na tarde do Maracanã. Depois de duas faltas infantis consecutivas (uma em Conca e outra em Wellington Monteiro), André Gomes recebeu o cartão amarelo e, em seguida, o vermelho, prejudicando o Macaé.

A zaga macaense se salvava como podia, dando chutões para fora da área ou para escanteio, e recorrendo a faltas para evitar que a melhor qualidade do Fluminense fizesse a diferença. O tricolor levava perigo nas cobranças de falta de Thiago Neves e Leandro Bomfim. Aos 13, no escanteio que veio depois de cobrança de falta, Conca pediu pênalti de jogador do Macaé, mas o árbitro interpretou que o toque foi involuntário.

Com 15 minutos de segunda etapa, Leandro lançou para a área, e Thiago Neves cabeceou livre, para uma defesa milagrosa de Darci. No rebote, Fred tirou a bola das mãos do goleiro, mas machucou as mãos do camisa 1 do Macaé e levou cartão amarelo pela falta (primeiro do time das Laranjeiras no jogo - além de André Gomes, que foi expulso, o goleiro Darci e o zagueiro Otávio também receberam advertência de Antônio Schneider).

Aos 20, Parreira fez duas alterações ao mesmo tempo, na tentativa de tornar a equipe ainda mais ofensiva. Saíram os laterais Mariano e Leandro para as entradas do atacante Maicon e de Marquinho, respectivamente. Dois minutos depois, o tricolor desperdiçou mais uma oportunidade de empate: Leandro Bomfim encontrou Thiago Neves livre na esquerda. O meia chutou e Darci segurou com dificuldade.

No minuto seguinte, a insistência tricolor foi premiada. E com direito a gol do estreante da tarde do Maracanã. Conca cobrou falta na direita, e Fred, de cabeça, desviou para o fundo das redes. O camisa 9 continua com sua "tradição" de deixar sua marca nas partidas de estreia - ele fez gol em seu primeiro jogo pelo América Mineiro, pelo Cruzeiro, pelo Lyon e pela Seleção Brasileira. E, para felicidade da torcida tricolor, não foi desta vez que quebrou o tabu.

Com a igualdade no placar e a superioridade numérica de jogadores, o Fluminense aumentou a pressão. Por duas vezes (uma com o pé e outra de cabeça), Fred teve chance de virar a partida. Temendo a virada tricolor, Dário Lourenço fez duas alterações: Glauber e Osmar deram deu lugar a Steve e Magno, respectivamente. Totalmente recuada, a equipe macaense só voltou ao ataque aos 30 minutos. Wallacer se livrou de Luiz Alberto, mas o chute saiu nas mãos de Fernando Henrique.

Mas, no contra-ataque, o esquema defensivo do Macaé foi por água abaixo. Conca lançou Everton Santos na direita, e o atacante acertou um chutaço no travessão. No rebote, com goleiro batido, Thiago Neves emendou de primeira: Fluminense 2 a 1, com aos 31.

Três minutos depois, Dario Lourenço fez sua última alteração: Wallacer, o autor do gol do Macaé, saiu para a entrada de Éverton. Com o domínio total da partida, o Fluminense passou a tocar a bola com mais tranquilidade, e só voltou a chutar aos 40 minutos, em cobrança de falta de Thiago Neves que passou por cima do gol.

Só que ainda havia espaço para mais festa da torcida tricolor. Aos 42, um cruzamento de Everton Santos encontrou Fred livre na área. O jogador dominou no peito e, com tranquilidade, fez 3 a 1 para o Fluminense.

As vaias do fim da primeira etapa se transformaram em aplausos no fim da partida. Aplausos para Fred, que em sua primeira partida com as três cores do Fluminense já mostrou seu poder de fogo. E, em especial, para Carlos Alberto Parreira, que deixou de lado a fama de retranqueiro colocando o Fluminense para frente em busca da vitória.

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FLUMINENSE 3x1 MACAÉ

Local: Maracanã

Árbitro: Antônio Schneider.

Gols: Wallacer, aos 19 minutos do primeiro tempo, Fred aos 23, Thiago Neves aos 31 e Fred aos 42 minutos do segundo tempo.

Público: 25.841 torcedores.

Cartão amarelo: André Gomes, Otávio e Darci (Macaé), Fred, Luiz Alberto e Maicon (Fluminense).

Expulsão: André Gomes (Macaé).

FLUMINENSE - Fernando Henrique, Mariano (Maicon), Luiz Alberto, Edcarlos e Leandro (Marquinho); Wellington Monteiro, Romeu (Leandro Bomfim), Conca e Thiago Neves; Fred e Everton Santos. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

MACAÉ - Darci, Fred, Hélton, Otávio e Bill; Léo Gonçalves, André Gomes, Wallacer (Éverton) e Glauber (Steve); Maciel e Osmar (Magno). Técnico: Dario Lourenço.

sábado, 14 de março de 2009

Apito em questão



Desde os primórdios do futebol, a arbitragem é a parte mais questionável em todos os jogos. Afinal, um lance apitado erroneamente pode levar por água abaixo meses de treinamento e dar vantagem a uma equipe que, em campo, não merece a vitória. Este panorama não é diferente nos campos brasileiros - em especial nos últimos tempos, quando erros de arbitragem vêm sendo constantes nas partidas realizadas por aqui.

Os deslizes dos juízes ficam mais graves ainda em função da modernização das televisões - que há algum tempo usam o videoteipe não só para repetir os gols e os lances bonitos, como também para tirar a dúvida de algum impedimento polêmico ou de um pênalti discutível. Mas discutível mesmo fica a qualidade da arbitragem no Brasil.

Nem mesmo nomes em evidência no atual panorama do futebol brasileiro escapam da língua ferina dos comentários de torcedores e de ex-juízes que vão para a televisão para, durante os jogos, analisar a atuação do árbitro. Paulo César de Oliveira, Héber Roberto Lopes e Carlos Eugênio Simon (este último, já apitou partidas em Copa do Mundo) já tiveram seus erros reconhecidos pelo videoteipe.

Por sinal, com Simon aconteceu uma situação inusitada no Campeonato Brasileiro do ano passado. No último minuto da partida entre Cruzeiro e Flamengo, realizada no Mineirão, Diego Tardelli teria sido derrubado dentro da área pelo zagueiro Léo Fortunato. O árbitro não sinalizou a penalidade, e, como o rubro-negro perdeu a partida por 3 a 2, deu início a uma revolta contra o juiz e contra a arbitragem brasileira (que estaria em decadência, de acordo com a diretoria). Dias depois, a mesma televisão que sacramentara o pênalti mostrou a jogada por outro ângulo, e veio a surpresa: de fato, o pênalti não aconteceu.

Com a possibilidade de erro e de terem suas falhas reconhecidas em tempo real, os árbitros brasileiros agora vêm adotando técnicas drásticas para não aparecerem mais do que os artistas do espetáculo. Alguns deixam o jogo correr, permitindo a violência de ambos os lados, que possibilitam os absurdos números de faltas. Outros tentam se impor desde o início, aplicando advertências a torto e a direito. E o pior é que em ambos os lados é demonstrada a insegurança do juiz, que, como apontou Fernando Calazans em sua coluna do jornal O Globo, se revela um "soprador de apito".

É o caso de Rodrigo Nunes de Sá. No clássico entre Botafogo e Vasco realizado quinta-feira no Maracanã, foram distribuídos 16 cartões (oito para cada equipe), sendo três deles com a cor vermelha (dois para jogadores botafoguenses e um para um atleta cruzmaltino). Uma contagem exagerada, visto que boa parte dos cartões veio de reclamações feitas a partir de erros do próprio Nunes de Sá - que tendia a paralisar o jogo em divididas na intermediária.

Independente do fato se o pênalti que gerou o terceiro gol vascaíno aconteceu fora ou dentro da área (este que vos escreve viu e reviu o lance e em todos achou que a falta aconteceu em cima da linha da grande área - portanto, foi pênalti), é uma pena ver a arbitragem como a de anteontem em evidência por sua conduta duvidosa diante do jogo. No campo em que os artistas do espetáculo são os jogadores, os juízes devem ser coadjuvantes, com sua participação reduzida a permitir a boa atuação de ambos os lados.

Seu momento diante dos holofotes tem de ficar restrito ao centro do campo, no qual ergue o braço para apontar o fim da partida. Senão, o "sopro de apito" terá comprometido a arte das quatro linhas, e deixará visível o despreparo da arbitragem brasileira.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Janelas abertas da Lei Pelé



Ao criar uma lei com seu nome quando era ministro dos Esportes do governo de Fernando Henrique Cardoso, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, tinha a boa intenção de tornar os jogadores livres para negociar os contratos que mais fossem convenientes para seus atletas. No entanto, das boas intenções de Pelé o inferno agora está acertando em cheio os clubes brasileiros.

As constantes trocas de clubes - favorecidas pela absurda cláusula de que seis meses antes do término do contrato de um jogador, outra equipe já pode tentar um acordo financeiro com ele - não só descaracterizaram o futebol quanto deixaram as torcidas apreensivas. O torcedor não pode mais começar a ter uma ligação afetiva com algum jogador que desponta vestindo as cores do seu time, pois logo em seguida ele pode fazer as malas e ir embora.

A situação ficou mais forte depois de uma nova tentativa de "melhorar" o Campeonato Brasileiro, o adequando aos padrões dos campeonatos europeus. Em vez dos torneios que mesclavam pontos corridos com o sistema de "mata-mata" (e resolviam quem era o melhor time do Brasil em quatro ou cinco meses), o Brasil desde 2003 adota o sistema de partidas entre os 20 times brasileiros, em turno e returno.

Como a temporada do exterior geralmente começa no meio de um ano e termina no meio de outro, o futebol do país ficou ainda mais prejudicado. Os treinadores escalam os seus times mas, de repente, não mais que de repente, vem uma proposta do exterior que leva um jogador de uma equipe. Cabe ao clube ter de se desdobrar para tentar, emocionalmente, convencer o atleta que a ligação com o clube pode ser melhor do que os altos salários do futebol da Europa, da Ásia ou da Arábia (locais que mais assediam jogadores brasileiros).

O caso mais recente é do lateral Léo Moura. Logo depois de ter duas boas atuações em vitórias do Flamengo (e na última, marcar dois gols na vitória da equipe sobre o Duque de Caxias, por 4 a 2), agora o jogador flamenguista anunciou que recebeu proposta de atuar no futebol russo, com a camisa do CSKA, time atualmente treinado por Zico.

No caso de Léo, aparece uma outra brecha da Lei Pelé: com o constante assédio que os jogadores recebem de times do exterior, eles acham interessante divulgar estes interesses, para fazer com que a diretoria busque, a qualquer custo (inclusive financeiro), um jeito de que eles permaneçam no Brasil. Isto explicaria a afirmação do empresário do lateral, Eduardo Uram, que declarou que não recebeu nenhuma proposta da equipe da Rússia.

Depois de ter duas boas atuações consecutivas pelo Flamengo (contra Ivinhema e Duque de Caxias), Léo Moura parece querer aproveitar todas as janelas da Lei Pelé para alçar novas ascensões financeiras. Ao clube da Gávea, resta tentar fechar a janela que o futebol brasileiro abriu para as "nações amigas". Caso contrário, mais um destaque do clube vai embora, e no meio de um campeonato.

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BOLA PRO MATO

Saiu a lista de Dunga com os convocados para os jogos da Seleção Brasileira nas partidas contra Equador (em Quito, no dia 29 de março) e Peru (em Porto Alegre, no dia primeiro de abril), ambas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Dos 22 jogadores chamados, apenas o zagueiro Miranda atua no Brasil - pelo São Paulo. Ah, sim, agora faz sentido Léo Moura anunciar o assédio que estaria sofrendo do CSKA.

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BOLA NA ARQUIBANCADA

Botafogo e Vasco realizaram ontem, no Maracanã, uma partida sensacional. Ambas as equipes disputaram com seriedade, buscando a todo custo a vitória. Para quem esperava o Vasco recuado (por ter uma equipe tecnicamente inferior ao campeão da Taça Guanabara), assistiu a uma vitória justíssima, apesar do placar de 4 a 1 ser uma contagem exagerada, diante do equilíbrio presente em boa parte do jogo. Além da primorosa atuação de Carlos Alberto, o que saltou aos olhos do público foi a união vascaína, que pode fazer a diferença na busca pelo retorno à Primeira Divisão do futebol brasileiro.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Grêmio perde muitos gols, mas sai vitorioso da Colômbia




Tendo como principais adversários a altitude na Colômbia e os erros de conclusão de seus atacantes, o Grêmio saiu do Estádio La Independencia, em Tunja, com uma vitória por 1 a 0 sobre o Boyacá Chicó, em seu segundo jogo pela Taça Libertadores da América. Com o triunfo, a equipe quebrou dois tabus incômodos: pela primeira vez na história do torneio os gaúchos venceram uma partida em território colombiano (antes, tinham sido seis jogos, com um empate e cinco derrotas) e, depois de quatro resultados negativos, o Grêmio voltou a vencer - o que deu sobrevida a Celso Roth no cargo de treinador do tricolor.

Mesmo jogando em território colombiano, o Grêmio começou acuando o Boyacá Chicó em seu campo defensivo. Com um minuto de partida, a zaga do time da Colômbia já tinha necessitado por três vezes rechaçar as tentativas gremistas. Aos quatro, a torcida do time colombiano achou uma forma bem curiosa de provocar a equipe gremista: enquanto sua defesa trocava passes, os torcedores gritavam "olé".

A "tática" parecia ter surtido efeito. No minuto seguinte, Movil entrou na área, mas chutou a bola por cima do gol de Victor. Como um bom confronto sul-americano, a equipe colombiana usou da catimba para tentar prejudicar o time brasileiro - aos 10, Alex Mineiro levou cartão amarelo após uma falta desnecessária.

O Grêmio tentou responder em campo no minuto seguinte: Souza arriscou de fora da área, mas a bola foi por cima do travessão. O Boyacá Chicó respondeu com duas tentativas consecutivas: aos 12, num chute de Pino que obrigou Victor a espalmar para escanteio, e aos 14, em uma bola que passou à direita do gol gremista.

Só que o lance mais perigoso veio da equipe gaúcha: aos 16, novamente, Souza arriscou de fora da área, com seu chute indo rente à trave. Aos poucos, o Boyacá Chicó foi ganhando mais campo, obrigando o Grêmio a se defender extremamente. No entanto, a defesa gremista conseguia evitar que os colombianos chegassem ao gol. A bola que chegou mais perto foi um chute de Pino, que saiu fraquinho, nas mãos de Victor.

Os gremistas pareciam sentir o peso da altitude, em especial os alas Ruy e Fábio Santos, que raramente partiam para o ataque. A equipe de Celso Roth começou, então, a tentar manter sua segurança na defesa, esquecendo a ousadia no ataque. Quando o lateral-direita tentou levar o Grêmio para frente, houve um lance de perigo: com 25 minutos, Ruy arriscou um cruzamento para Jonas, o que obrigou a zaga colombiana a jogar para escanteio. Após a cobrança de Souza, novamente Jonas arriscou com uma cabeçada, que foi por cima do gol de Velázquez.

Com 31 minutos de partida, Souza conseguiu fazer a diferença. Em cobrança de falta que ele mesmo sofreu, o jogador, com categoria, fez 1 a 0 para o Grêmio. Dois minutos depois, foi a vez do Boyacá Chicó ter uma falta perigosa a seu favor. Mas, ao contrário do lance gremista, o chute de Tapia acertou a barreira.

Com o placar adverso, o time da Colômbia passou a se lançar no ataque, deixando espaços em sua defesa. Aos 35, por pouco o Grêmio não aumenta a diferença: depois de passe de Ruy, Jonas tentou encobrir o goleiro Velázquez, mas a bola acertou o travessão. Três minutos depois, Jonas ia deixar Alex Mineiro livre para marcar, mas demorou muito para passar a bola, e o atacante ficou em posição irregular. O Grêmio crescia na partida, e aos 39, Ruy entrou livre de marcação pela esquerda, mas, em vez de jogar para o meio (aproveitando que Jonas estava sozinho na área), o lateral arriscou de longe, e chutou muito mal. Logo em seguida, mais uma chance perdida: Fábio Santos chegou à linha de fundo e cruzou para a área, mas Adilson não conseguiu dominar.

Aos 41, o meia Mahecha, do time colombiano, levou um cartão amarelo após falta em Souza. O Grêmio prosseguia com sua superioridade, mas esbarrava no mesmo problema do empate em 0 a 0 com o Universidad do Chile, em sua estreia no Olímpico. Aos 44 e aos 45, vieram mais duas chances desperdiçadas: um bom chute de Souza defendido por Velázquez e uma tentativa de Ruy que passou por cima do travessão. Com um minuto de acréscimo, o árbitro argentino Sérgio Pezzotta terminou o primeiro tempo, com vitória do Grêmio por 1 a 0.

Antes das duas equipes voltarem para o segundo tempo, os bandeirinhas tiveram de ajudar na limpeza do campo. O motivo: a torcida do Boyacá Chicó atirava muitas faixas de papel perto do gol no qual Velázquez iria atuar na segunda etapa, e os objetos praticamente tomaram a grama da grande área.

Em desvantagem no placar, o time da casa tentava equilibrar o jogo. Aos dois minutos, o primeiro lance de perigo colombiano: Tapia passou por um zagueiro gremista e deu um chutaço de fora da área, mas Victor impediu o gol com uma grande defesa. O mesmo Tapia levou perigo à defesa do Grêmio com cinco minutos, quando se livrou de um zagueiro e tentou. Mas o chute saiu rasteiro, nas mãos do goleiro gremista.

Em uma chance crucial, mais uma vez o Grêmio desperdiçou a chance de ampliar a vantagem. Após sofrer constante pressão do Boyacá Chicó, no contra-ataque o atacante Jonas conseguiu ganhar na corrida e chegar sozinho cara a cara com o goleiro. Mas, na entrada da área, o camisa 7 chutou rasteiro e permitiu grande defesa do goleiro Velázquez, aos nove minutos. Com 10 minutos, Celso Roth fez duas alterações: no lugar do meia Tcheco e do atacante Alex Mineiro (que atuaram pessimamente), entraram o meia Makelelê e o atacante Herrera, respectivamente. Aos 11, nova chance perdida pelo Grêmio: após passe de Jonas, Souza soltou uma bomba para fora. Dois minutos depois de entrar em campo, Makelelê já levou um cartão amarelo.

O treinador Alberto Gamero tentou levar o Boyacá Chicó para a frente, substituindo Madera pelo atacante Nuñez. Mas era o Grêmio que continuava perdendo gols - aos 15, Herrera chutou de fora da área, por cima do gol de Velázquez. A equipe colombiana continuava tentando, mas esbarrava na zaga gremista, sempre eficiente na hora de travar os chutes do adversário. Aos 23, outra vez Jonas tentou seu gol, aproveitando cruzamento de Ruy, mas a bola de cabeça foi para fora.

No minuto seguinte, o Boyacá Chicó ficou com um a menos. Após driblar um zagueiro, Mahecha se jogou perto da grande área para simular uma falta. Como já havia recebido cartão amarelo, o meia foi expulso. Nem assim o Grêmio conseguiu marcar o segundo gol: aos 25, mais uma vez Jonas desperdiçou oportunidade, com Velázquez espalmando a tentativa dele.

O time colombiano começou a pressionar em busca de, pelo menos um empate no estádio La Independencia. Em duas chances seguidas, Nuñez passou perto do gol - na primeira, o chute resvalou em Léo, e na outra, a bola foi para fora. A sina de gols perdidos prosseguia do lado gaúcho: mais uma vez, Souza tentou de fora da área, aproveitando passe de Herrera. Sua tentativa passou à esquerda do gol, a 15 minutos do final.

Mesmo com 10 homens em campo, o técnico Alberto Gamero continuou reforçando o ataque do time colombiano. Movil deu lugar ao meia ofensivo Giron aos 31 minutos de partida.

Aos 34, veio a melhor chance de todas para a equipe gremista. Na linha da grande área, Jonas arriscou novamente. Velázquez defendeu, mas soltou a bola. Jonas recuperou a jogada, deixou o goleiro batido e tocou tranquilamente para as redes. Mas o chute acertou a trave. O camisa 7 conseguiu recuperar a jogada, passou por Velázquez e por um zagueiro do Boyacá Chicó. Mas, na hora de chutar, encheu o pé e o chute passou à esquerda do gol. O caminhão de gols perdidos na Colômbia (que acabou sendo exemplo para Herrera, num chute que foi por cima do gol) deve ter sido o motivo de Celso Roth substituir o atacante aos 37: Jonas deu lugar a Reinaldo.

A cinco minutos do fim da partida, Tapia cobrou falta perigosa a favor do Boyacá Chicó, mas a bola desviou na barreira e foi para escanteio. No contra-ataque gremista, o goleiro Velázquez não só saiu para a intermediária, como também ultrapassou o meio-de-campo para levar sua equipe ao ataque. Por pouco, o Grêmio não consegue tentar o gol vazio - a bola foi para fora.

Aos 43, quase o Grêmio é castigado pelo número de gols perdidos. Após cobrança de falta de Tapia, Nuñez arriscou de cabeça e, com dificuldade, Victor fez defesa no canto direito. Depois do árbitro assinalar quatro minutos de acréscimo, Celso Roth mandou sua equipe prender a bola.

Em meio à troca de passes, Adilson pisou na bola e proporcionou o contra-ataque do time colombiano - mas, na hora de Nuñez finalizar, a zaga conseguiu rechaçar. O Boyacá insistiu até o último minuto. Depois de uma tentativa na área, o time teve a seu favor um escanteio, mas a cobrança saiu errada e fez com que o árbitro finalizasse o jogo.

Apesar da vitória fora de casa, o resultado não foi dos melhores para o tricolor gaúcho. Mesmo em igualdade no número de pontos com o Universidad do Chile, a equipe está em segundo lugar no Grupo 7 da Taça Libertadores da América, pois os chilenos têm um saldo de gols maior que o dos brasileiros. Depois do fim à pressão sobre o treinador Celso Roth, o Grêmio agora terá de conviver com a pressão a seus atacantes, que perderam a excelente oportunidade de voltar para o Brasil com uma goleada.

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BOYACÁ CHICÓ (COL) 0x1 GRÊMIO

Local: Estádio La Independencia (Colômbia).

Gol: Souza, aos 31 minutos do primeiro tempo.

Cartões amarelos: Alex Mineiro, Makelelê e Adilson (Grêmio) e Mahecha (Boyacá Chicó).

Expulsão:
Mahecha (Boyacá Chicó), aos 24 minutos do segundo tempo.

BOYACÁ - Velázquez, Pino, Juan Galicia, Mario Garcia e Madera (Nuñez); Mahecha, Ramirez e Movil (Giron); Tapia, Caneo e Marco Perez. Técnico: Alberto Gamero.

GRÊMIO - Victor, Léo, Rever e Rafael Marques; Ruy, Adilson, Tcheco (Makelelê), Souza e Fábio Santos; Jonas (Reinaldo) e Alex Mineiro (Herrera). Técnico: Celso Roth.

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BOLA PRO MATO

Depois de conviver com a escassez de gols de seus atacantes quando eles iniciavam as partidas do clube, o ataque do Flamengo apareceu timidamente na vitória sobre o Duque de Caxias, no Estádio Raulino de Oliveira. No entanto, o gol de Josiel foi mero figurante diante da atuação de Léo Moura, que, agora atuando no meio-de-campo, marcou dois gols, sendo um deles de falta (o lateral Juan foi o outro autor dos gols rubro-negros no jogo). De negativo, a displicência da equipe, que, mesmo com um a menos desde a expulsão de Ibson, não aguentou a pressão do time da Baixada, que diminuiu uma vantagem de 4 a 0 para 4 a 2. Felizmente, no Campeonato Estadual algumas equipes não incomodam tanto os "grandes" cariocas.

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BOLA NA ARQUIBANCADA

Mais um gol de Ronaldo, desta vez chutando de primeira um cruzamento de Dentinho, e fazendo o segundo gol da vitória por 2 a 1 do Corínthians sobre o São Caetano. Além da crença de que é bem provável ele esteja recomeçando (e bem) a carreira, este pretenso cronista esportivo que vos escreve ainda acredita que Ronaldo anda lendo O tempo e o placar..., e faz estes gols só pra calar a boca do responsável por este blogue.