quarta-feira, 26 de maio de 2010

Jogo de poderes



O impasse da permanência de Adriano no Flamengo segue de maneira arrastada, apesar do capítulo final ter sido anunciado pelo próprio jogador. O atacante se despediu de seus companheiros e falou da perspectiva de voltar ao futebol italiano, agora vestindo a camisa da Roma. No entanto, na Gávea ninguém bate o martelo sobre o assunto, e ainda proporciona situações esdrúxulas aos olhos do cenário futebolístico.

A mais recente delas aconteceu no final da tarde de ontem. A presidenta Patrícia Amorim disse que ia se pronunciar definitivamente sobre o assunto. Não compareceu. Acabou promovido a porta-voz da situação do jogador flamenguista o empresário de Adriano, Gilmar Rinaldi. A coletiva na sala do Flamengo, tendo ao fundo o símbolo do clube e as marcas de material esportivo e patrocinadores foi montada para alguém que não tem nenhuma ligação direta com o rubro-negro da Gávea.

O destaque que a palavra de Gilmar Rinaldi ganhou mostra a dimensão que foi dada aos empresários no futebol brasileiro. De nada adianta o jogador querer sair do clube, comunicar isto a seus companheiros de equipe. A decisão final tem de vir da assinatura do empresário.

E o que soa mais esquisito na questão contratual de Adriano é que mesmo com o jogador não querendo, Gilmar faz mistério e a presidenta Patrícia Amorim demonstra interesse em contar com quem já anunciou a própria saída. A contradição fica ainda maior quando Patrícia afirma que não quer mais fazer negociação com Gilmar Rinaldi. Isto um dia depois de armarem um cenário de coletiva do Flamengo para o empresário falar.



A interrogação em relação ao futuro de Adriano promete continuar por alguns dias. Mas a única certeza que fica explícita neste cenário é de que os interesses de Gilmar Rinaldi não compactuam com os interesses do Flamengo. Tanto pelas supostas ideias que ele teria colocado na cabeça da mãe de Adriano (segundo o narrador José Carlos Araújo, da Rádio Globo, Gilmar teria a convencido de que era melhor o jogador ir para a Itália, lugar onde esqueceria a ex-namorada Joana Machado) quanto por uma de suas declarações na coletiva. Perguntado sobre o interesse flamenguista em contratar o atacante Washington, do São Paulo, o empresário afirmou que seu jogador tem contrato até o final do ano com o clube paulista. E completou com "eu não quero que ele saia do São Paulo".

O caso Adriano não é apenas uma trama arrastada. Trata-se de uma história que não quer ter um autor oficial. Nem Adriano, nem Gilmar Rinaldi, nem Patrícia Amorim se pronunciam, dando a sensação de que há uma "guerra fria" para saber qual palavra fala mais alto. Pelo que aconteceu ontem no Flamengo, parece que a presidenta delegou ao empresário e suposto desafeto o poder da palavra final.

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