
Análise de jogo: Holanda 2 x 1 Brasil (Porto Elizabeth, 11h de Brasília)
A Copa do Mundo de 2010 acabou para o Brasil aos sete minutos do segundo tempo da partida contra a Holanda. O gol de empate dos holandeses ganhou uma dimensão maior do que aquele momento da partida merecia. Em poucos instantes, a maquiagem de um grupo que representava a tradicional Seleção Brasileira se desfez, para revelar a verdadeira faceta da equipe de Dunga. Uma seleção que só mantém sua tranquilidade quando está na frente do placar e se desestabiliza quando este roteiro se modifica.
O gol anulado de Robinho (após jogada em que Daniel Alves estava impedido) revelou que a partida de Porto Elizabeth poderia ser resolvida nos erros defensivos do time holandês. E foi graças a eles que a Seleção Brasileira conseguiu ser decisiva aos 10 minutos. O volante Felipe Melo, um dos mais criticados da convocação de Dunga, deu passe primoroso em direção a Robinho. O camisa 11 emendou de primeira, longe do alcance de Stekelenburg. Brasil 1 a 0.
Não bastasse a desvantagem no placar, a Holanda sentia as deficiências de sua saída de bola. A demora da passagem entre a defesa e o meio-de-campo deixava seus melhores jogadores marcados facilmente. Nem mesmo Robben conseguia se desvencilhar da marcação de Michel Bastos - outro jogador duramente criticado durante a Copa do Mundo, mas que vinha atuando bem na primeira etapa deste jogo.
Bem armada para jogar no contra-ataque, a Seleção Brasileira encontrou outras oportunidades de chegar ao seu segundo gol ainda nos 45 minutos iniciais. Após cobrança de escanteio, Daniel Alves conseguiu jogar a bola na área. Juan, na marca do pênalti, chutou por cima. Em chute por cobertura, Kaká obrigou Stekelenburg a espalmar para escanteio. No último lance do primeiro tempo, após arrancada Maicon chutou cruzado e a bola balançou a parte de fora da rede.
Jogador que se destacou na primeira etapa, Felipe Melo começou a degringolar sua atuação e rascunhou o retrato que viria do Brasil para o restante da partida. Em jogada na intermediária da defesa brasileira, o camisa 5 deu passe para trás de calcanhar que quase armou a primeira chegada de perigo do adversário, antes do minuto inicial.
Aos sete minutos, o Brasil admitiu o complexo de ser uma seleção bem aquém do esperado para fazer uma Copa do Mundo vencedora. O setor defensivo brasileiro, única unanimidade desta equipe, apontou uma série de equívocos em um lance só. Tudo começou quando permitiu que a cobrança de falta para a Holanda acontecesse rapidamente. Em seguida, Sneidjer desceu pela esquerda, passou por dois defensores e cruzou na área. Júlio César saiu, mas a bola desviou na cabeça de Felipe Melo e parou na rede. Era o empate holandês.
A defesa tinha furado de maneira grosseira, e o goleiro aclamado como melhor do mundo tinha saído atabalhoado num lance que parecia fácil para ele. Ainda faltavam cerca de 40 minutos para tentar ficar em vantagem novamente. A pressão parece ter pesado em todos os jogadores brasileiros. O erro contínuo da Holanda no primeiro tempo começou a acontecer na saída de jogo do time do Brasil, e as coisas ficavam ainda piores porque, a cada tentativa, era explícito que Kaká não estava em sua melhor condição física. A dupla Robinho e Luís Fabiano parecia mera espectadora, e não encontrava capacidade de entrar novamente no jogo.
A incapacidade da Seleção Brasileira em partir para o ataque despertou o futebol dos (poucos) bons atletas holandeses. E, no momento em que Robben começou a levar a melhor no duelo com Michel Bastos, o Brasil definitivamente sentiu o problema de Dunga não ter feito um selecionado que tivesse um elenco melhor. O camisa 6 levara cartão amarelo no primeiro tempo, e parecia na iminência de tomar o segundo. O treinador teve a atitude certa, ao sacá-lo da partida. Entretanto, o seu reserva, Gilberto, além de atuar há muitos anos no meio-de-campo, tem 35 anos.
Após roubada de bola no meio-de-campo, Robben deixou Gilberto para trás e só não conseguiu cruzar rasteiro para a área por causa do desvio de Juan. Na cobrança de escanteio, Kuyt desviou de cabeça para a primeira trave. Em meio a seis brasileiros, o baixinho Sneidjer chegou livre para cabecear a bola no fundo da rede de Júlio César. A Holanda virava para 2 a 1, aos 22 minutos.
A Seleção Brasileira definitivamente entregava-se a uma apatia digna de suas limitações. E o símbolo da Era Dunga como técnico se tornou o meia Felipe Melo. A aclamada força defensiva com raro lampejo de habilidade se esvaiu na raiva por estar atrás do placar. A única saída, no ponto de vista do jogador, era se impor pela violência. Além de parar a jogada com falta, o volante deu um pisão em Robben e foi expulso, aos 28 minutos do segundo tempo.
Restou ao técnico Dunga colocar Nilmar em campo. Só que a substituição apenas serviu para trocar um atacante pelo outro. Luís Fabiano, de fato, não era uma peça útil para o Brasil naquele momento. Entretanto, a velocidade do camisa 21 não teria qualquer função sem a companhia de mais um jogador próximo a ele.
Os últimos minutos apresentaram o desespero de um Brasil que só conseguia chances através de escanteios. Por duas vezes, a bola passou perto do gol de Stekelenburg, sem que nenhum jogador aparecesse para conclusão. A falta de estabilidade emocional foi tanta que era bem provável que, em caso do empate e uma prorrogação de 30 minutos, a Seleção Brasileira não conseguisse remediar o seu descontrole.
O Brasil cai em Porto Elizabeth, vítima da insistência burra de seu treinador em priorizar um grupo que, no máximo, é eficaz em seu desempenho em campo. O time que Dunga levou à África do Sul era louvado por seu equilíbrio. Mas sua incapacidade em desequilibrar uma partida custou a eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2010.
A Holanda chega às semifinais, motivada por ter sido a primeira seleção a vencer um jogo de virada no "mata-mata" desta Copa. As cinco vitórias no torneio mostram que o time de Bert van Marwijk sabe de suas limitações, e por isto valoriza tanto o toque de bola, até achar nos pés de seus craques a oportunidade de um bom futebol. Ao contrário da Seleção Brasileira, os holandeses são capazes de transformar em acertos os erros de seu próprio desequilíbrio.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTípico caso de "crônica de uma morte anunciada". E o Dunga anuncia que sai da seleção, timing é tudo, né?
ResponderExcluirHá três anos todo mundo reclama da falta de um substituto de kaká. Ele chega mal na Copa e o que acontece? Putz...
Enfim, triste. Tô bem puto com essa derrota. Foi uma Copa bem ruim. O Dunga me fez perder o prazer em torcer e manter a irritação em perder. Triste.
O Brasil saiu de sua melhor atuação na Copa para a pior possível. Realmente não deu para entender o que aconteceu com o Brasil.
ResponderExcluirTo voltando a escrever mais( férias né) e obrigado peça sugestão de título do blog.
Grande Abraço
Leonardo Valejo
www.maratonaesportiva.blogspot.com
É uma pena ver o futebol brasileiro chegar a esse estágio. Se a ERA DUNGA já foi um desastre oara o futebol enquanto o dito cujo era jogador, como técnico dispensa comentários. Campeonato que interessa é a Copa do Mundo. O resto é resto. Achar que uma seleção com Felipe Melo, Kleberson, Josué, Grafite, Michel Bastos, etc, vai chegar a algum lugar é esquecer as tardições do nosso futebol. Se tivesse levado Rogério Cene (Liderança inconteste), Hernanes, Paulo Ganso, Neimar, Roberto Carlos, pelo menos olhava-se para o banco e havia alternativas para se tentar mudar a história de um jogo. Felizmente acabou. Vamos torcer para quen essa copa seja o mais breve esquecda por todos.
ResponderExcluir