quinta-feira, 19 de abril de 2012

A passos lentos



Este que vos escreve preferiu fazer a crônica sobre a irritação acima do tom dos jogadores do Vasco após a partida em que a equipe perdeu para o Flamengo por 2 a 1 na expectativa de que seu contexto fosse resolvido logo. Mero engano. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro mostrou um repertório de equívocos que comprovaram em um pós-jogo o quanto a gestão atual segue em um retrocesso próximo dos piores momentos da Era Caixa D'Água.

Cerca de 10 dias após o clássico, algumas questões ainda ficam no ar:

1) Qual era a dificuldade da Federação em enumerar os vascaínos que explodiram? O árbitro Wagner dos Santos Rosa pode não ter identificado todos, mas certamente a emissora que detém os direitos poderia mostrar quem partiu para cima - e de que forma.

2) Pior do que alguém passar corretivo na súmula onde havia a letra "V" sobre os supostos jogadores expulsos é saber que algum funcionário não-identificado da FFERJ tem acesso ao que o árbitro escreve. Qual credibilidade vai ter qualquer outro texto de arbitragem no Rio de Janeiro?

3) O julgamento de Fagner, Rodolfo, Fellipe Bastos, Eduardo Costa e Diego Souza (citados pelo árbitro da partida) estava marcado para sexta-feira, uma data plausível, por ser anterior à rodada final da Taça Rio. Qual a justificativa específica do adiamento, e por que os jogadores estariam aptos para atuar contra o Nova Iguaçu se constava uma expulsão?

4) Nesta quarta-feira, veio o veredicto e, à exceção de Diego Souza, todos receberam punições exemplares. Rodolfo e Eduardo Costa agrediram e ofenderam o árbitro, e pegaram oito jogos de suspensão. Fagner e Fellipe Bastos, que dispararam ofensas, receberam duas partidas a menos. No entanto, há margem para o Vasco entrar com efeito suspensivo e todos atuarem contra o Flamengo, no próximo domingo, pela semifinal da Taça Rio. Em décadas anteriores, torcedores e jornalistas bradavam contra efeitos suspensivos por expulsões (como Edmundo em finais do Brasileiro, pelo Palmeiras em 1994, e pelo Vasco em 1997). Nos dias atuais, a situação parece mais calamitosa: a expressão isenta até o culpado.

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Sobre a reação agressiva dos jogadores vascaínos à derrota, muitos cronistas de melhor qualidade já escreveram textos melhores. No entanto, não há como fugir do comentário de criticá-los, pois é simplesmente injustificável que qualquer atleta faça de seu local de trabalho um reduto de vandalismo. Talvez seria bom o clube pensar em uma forma de advertir os "esquentados" - em especial pelos episódios que já tiveram em momentos cruciais para o Vasco. Mas isto é utopia demais em um cenário de amadorismo.

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